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O FC Porto tem tido uma anómala sequência de maus resultados.

Nos últimos cinco jogos, por exemplo, obteve 4 empates e apenas uma vitória, para a Taça, com o Guimarães.

Não conseguiu ganhar nem na Champions, empates com Zenit fora e com o Áustria de Viena em casa, nem no campeonato, empates com o Belenenses no Restelo e no Dragão com o Nacional.

Embora ainda não esteja arredado da Champions, é evidente que os resultados são muito abaixo do que se esperava.

No Dragão, o FC Porto não conseguiu ganhar nenhum dos 3 jogos, acumulando duas derrotas, com Atlético de Madrid e Zenit, e um empate, contra o fraquíssimo Áustria.

E, no campeonato, em apenas duas jornadas, o FC Porto viu esfumar-se uma importante vantagem de quatro pontos perante Benfica e Sporting, e lidera agora com apenas um ponto mais que os rivais.

 

Como explicar esta anormal perda de eficácia?

É claro que podemos dizer que Paulo Fonseca não está a demonstrar as qualidades esperadas, e não tem capacidade de liderança para um clube com o grau de exigência do FC Porto.

É possível, mas a verdade é que no arranque da época, a eficácia do FC Porto estava lá, e houve uma notável sequência de bons resultados.

Poderemos também dizer que os problemas de Pinto da Costa podem afetar o balneário, mas é pouco provável que exista uma ligação imediata, pois o incidente com a saúde do presidente foi no meio da série má, e não antes.

Quanto a mim, a explicação é mais profunda, e tem a ver com a qualidade dos jogadores.

Em Junho, o FC Porto vendeu dois grandes talentos, James e Moutinho, e essas saídas representaram uma perda importante, não estando os substitutos à altura.

Josué e Licá, por melhor que joguem, não valem o mesmo. Varela é intermitente, e nas alas há menos qualidade.

Quintero pode ser adorado pelos sócios, mas a verdade é que não joga muito, talvez por problemas físicos.

Lucho, por outro lado, está mais velho; e Herrera e Defour não são craques.

Por fim, há a estranha tristeza de Jackson, que parece não estar feliz nem inspirado, provavelmente porque desejava estar noutro clube desde o Verão.

Ao mesmo tempo, aquela que todos dizem ser a melhor defesa de Portugal - Danilo, Otamendi, Mangala e Alex Sandro - comete erros estranhos, parecendo os jogadores desconcentrados.

Há menos qualidade este ano no FC Porto, e mesmo a que ainda existe, que é muita, parece desligada e com falhas de confiança.

 

Um dos indicadores que aqui costumo apresentar, muito usado nas escolas de economia e gestão, é a percentagem de vitórias, ou "win percent".

A convenção internacional aplico, defende que para calcular o "win percent" se deve multiplicar por 2 o número de vitórias, e por 1 o número de empates, e depois dividir essa soma pelo total máximo de pontos que se pode obter, ou seja 2 vezes o número total de jogos.

Assim, sabemos que o FC Porto, até agora, já disputou um total de 18 jogos (10 no campeonato, 5 na Champions, 2 na Taça e 1 na Supertaça). 

Tem 11 vitórias, 5 empates e 2 derrotas. 

Tem um total de pontos de 22 (2 x 11 vitórias) mais 5 (1x5 empates), ou seja 27, em 36 possíveis (2 x 18). 

O win percent do FC Porto é portanto de 75% (27 a dividir por 36).

Há dois meses atrás era de 85% e há um mês atrás era de 76,6%.

O FC Porto tem vindo pois a piorar desde há dois meses, o que é um motivo claro de preocupação.

 

E o Benfica, como está?

O Benfica comandado por Jorge Jesus disputou até agora 17 jogos, menos 1 que o FC Porto, pois não jogou a Supertaça.

Tem 11 vitórias, 3 empates e 3 derrotas, o que dá um total de 25 pontos (2x11+3) em 34 possíveis (2x17).

O Benfica tem pois um win percent de 73,5%.

Subiu bastante, há dois meses este indicador estava em 66,6% e há um mês estava em 67,8%. 

 

O Sporting de Leonardo Jardim tem uma situação um pouco diferente, pois disputou apenas 12 jogos, uma vez que não está nas competições europeias.

Venceu 8, empatou 2 e foi derrotado por 2 vezes.

Tem 18 pontos (2x8 + 2) em 24 possíveis (2 x 12).

O win percent do Sporting é pois de 75%, idêntico ao do FC Porto e um pouco acima do Benfica, mas com menos jogos.

Também desceu nos últimos tempos, estava em 85,7% há dois meses, e em 80% no início de Novembro.

 

A conclusão que estes números mostram é pois óbvia: o Benfica está em clara ascensão, depois de ter começado mal a época, o FC Porto está em evidente perda, e o Sporting também perdeu alguma eficiência.

 

publicado às 17:24

Depois de mais uma ronda de Liga de Campeões, confirma-se o que já aqui escrevi, que tanto o FC Porto como o Benfica têm muito poucas hipóteses de fazer boa carreira na prova.

A final, que este ano se disputa na Luz, parecia no início da época uma grande motivação para ambos.

O FC Porto dizia que gostava de ganhar a prova em casa do seu maior rival, e o Benfica dizia que queria ganhar a final em sua casa!

Ambas as afirmações me pareceram sempre um pouco delirantes, e ao fim de quatro jogos na Champions, acho que muitos já têm a mesma opinião que eu.

O FC Porto está a fazer uma prova muito abaixo do que é habitual, e já perdeu dois jogos em casa, com Zenit e Atlético.

O Benfica também não está melhor, com duas derrotas, em Paris e Atenas, sendo que esta última foi com o concorrente directo para o segundo lugar, o Olympiakos.

Embora matematicamente ambas se possam ainda apurar, começa a ser difícil.

Veremos o que nos dizem as próximas jornadas, mas com a eficácia mediana que têm apresentado, dificilmente as duas equipas portuguesas podem ir muito longe na competição.

O mais certo, neste momento, é ambas caírem para a Liga Europa, onde seriam certamente candidatas claras a chegar à final.

 

E como estamos de percentagens de vitórias?

Como os meus leitores habituais sabem, esse é um indicador que uso muito, pois é muito útil para fazer comparações em economia do desporto.

No futebol, a percentagem de vitórias calcula-se dando 2 pontos a cada vitória, e 1 a cada empate, somando o total, e dividindo depois pelo número máximo de pontos que se podia obter se tivessemos vitórias nos jogos todos.

Assim, um clube com 1 vitória e 1 empate, tem uma percetagem de vitórias de (2+1/4), ou 75%.

É um critério internacional, e dá-se 2 pontos por vitória para que os números possam ser comparados com o passado, quando era essa a pontuação.

 

Qual a percentagem de vitórias do FC Porto, de Paulo Fonseca?

Entre Supertaça, Campeonato, Champions e Taça, o FC Porto já disputou 15 jogos.

Obteve 10 vitórias, 3 empates e 2 derrotas, ambas na Champions.

Ou seja, somou 23 pontos em 30 possíveis, e tem portanto uma percentagem de vitórias, ou "win percent", de 76,6%

Há um mês atrás estava bem melhor, em 85%, mas desceu um bom bocado, o que mostra que os resultados estão a piorar.

 

E qual a percentagem de vitórias do Benfica, de Jorge Jesus?

O Benfica disputou 14 jogos, menos um que o FC Porto, pois não jogou a Supertaça.

Venceu 8 jogos, empatou 3, e teve 3 derrotas, uma no campeonato e duas na Champions.

Ou seja, somou 19 pontos (2x8 + 3) em 28 possíveis (2 x 14), o que dá uma percentagem de vitórias de 67,8%.

Subiu ligeiramente no último mês (estava em 66,6%), mas ainda está muito abaixo do ano passado, onde chegou aos oitenta e tal por cento.

 

Por fim, qual a percentagem de vitórias do Sporting, de Leonardo Jardim?

É preciso recordar que o Sporting tem apenas 10 jogos disputados, nove para o campeonato e um para a Taça.

Desses, venceu 7, empatou 2 e foi derrotado uma vez, no Dragão.

Ou seja, somou 16 pontos (7x2 + 2), em 20 possíveis (10 x 2), o que dá uma percentagem de vitórias de 80%.

Também desceu um pouco, no último mês estava em 85,7%, e embora apresente um valor mais elevado do que os adversários, há que levar em conta que o grau de dificuldades dos jogos foi menor, pois não disputou jogos na Europa.

publicado às 13:00

Há muitas maneiras diferentes de medir a performance de um treinador, mas nas escolas de economia do Desporto, há uma que é objectiva e aceite por todos.

É a percentagem de vitórias, ou "win percent".

Em desportos como o basquetebol ou o futebol americano, é simples, pois não existem empates. Ou se ganha, ou se perde.

Assim, se em 8 jogos, o treinador tiver ganho 6 e perdido 2, tem uma percentagem de vitórias de 75%, ou 6/8.

Mas, no futebol a coisa é mais complicada, pois o resultado dos jogos pode ser um empate. 

Ora, a percentagem de vitórias tem de levar em conta os empates, porque eles podem decidir a pontuação final dos clubes.

Não é a mesma coisa ter 6 vitórias, 1 empate e 1 derrota, ou ter 6 vitórias e 2 empates. 

Assim, criou-se uma convenção internacional para o futebol que diz que a percentagem de vitórias se deve calcular dando 2 pontos às vitórias, 1 ponto aos empates, e depois divindindo essa soma pela máxima pontuação possível de obter, o número de jogos vezes dois pontos.

Escolheu-se dar 2 pontos às vitórias porque assim é possível fazer uma comparação histórica com o passado, quando as vitórias valiam apenas 2 pontos e não 3, o que me parece correcto. 

Nesse caso, uma equipa com 6 vitórias, 1 empate e 1 derrota, teria uma percentagem de vitórias de: 6 vezes 2, mais 1 vezes 1, a dividir por um total de 8 vezes 2.

A fórmula seria ((6X2) + (1X1)/(8X2)), o que daria uma percentagem de vitórias de 81,25%, ou 13 pontos em 16 possíveis.

No caso em que a equipa tenha 6 vitórias e 2 empates, teríamos 14 pontos em 16 possíveis, ou uma percentagem de vitórias de 87,5%.

Portanto, ter mais empates, com o mesmo número de vitórias, dá um "win percent" mais elevado.

E é com este critério que se pode medir o trabalho de um treinador.

Qual é o "win percent" dos 3 principais treinadores portugueses até agora?

Paulo Fonseca disputou 10 jogos, 7 para o campeonato, 2 para a Champions e 1 na Supertaça.

Desses, venceu 8, empatou 1 e perdeu 1. Ou seja, em vinte pontos possíveis, conseguiu 17 (16 pelas 8 vitórias, mais 1 pelo empate).

O "win percent" de Paulo Fonseca, neste momento da época, é pois de 17/20, ou 85%, o que é muito bom.

E quanto a Leonardo Jardim, qual é o seu "win percent"?

O Sporting apenas disputou os 7 jogos do campeonato, tendo 5 vitórias e 2 empates.

Conseguiu pois 12 pontos em 14 possíveis, o que dá um "win percent" de 85,7%.

Leonardo Jardim está pois ainda melhor que Paulo Fonseca, embora se deva ressalvar que disputou menos 3 jogos.

Mas, é um resultado bastante bom. 

E quanto a Jorge Jesus?

O Benfica disputou 9 jogos, 7 para o campeonato e 2 para a Champions. Tem 5 vitórias, 2 empates e 2 derrotas. 

Portanto, o Benfica tem 12 pontos em 18 possíveis, o que dá um "win percent" de 66,6%.

Jorge Jesus está pois bastante abaixo de Paulo Fonseca e de Leonardo Jardim.

E qual o "win percent" habitual de Jorge Jesus nas épocas anteriores? 

Na primeira época, em que foi campeão, o "win percent" foi de 86,6%.

Na segunda, a sua pior, o "win percent" foi de 71%.

Na terceira, foi de 80%; e na última época, apesar de não ter ganho qualquer título, chegou aos 88%, o melhor resultado de sempre!

É certo que ainda só estamos no início da época, e estes resultados ainda se podem alterar muito.

Contudo, com apenas 66,6% de vitórias, Jesus está numa situação complicada.

Ou o Benfica começa a ganhar jogos sem parar, ou se esta média se mantiver, dificilmente festejará no final.

Nenhuma grande equipa, em Portugal, pode ficar baixo dos 80% e vencer alguma coisa...

publicado às 11:15


Sobre o autor

Domingos Amaral é professor de Economia dos Desportos (Sports Economics) na Universidade Católica Portuguesa. É também jornalista e escritor e tem o blog O Diário de Domingos Amaral.

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oeconomistadabola@gmail.com

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