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Há dias, José Mourinho declarou que a UEFA devia ser mais punitiva com quem não cumpria as regras do "fair play" financeiro.

Em vez de multas pecuniárias, ou proibição de mais contratações, a UEFA devia retirar pontos e títulos aos clubes incumpridores.

O alvo da sua ira era o Manchester City, um concorrente direto do Chelsea, que foi multado em Maio pela UEFA.

Para Mourinho, "se um clube perdesse seis pontos, e o lugar na Champions, teria mais atenção".

 

Talvez Mourinho tenha razão, e talvez no futuro a UEFA se veja obrigada a endurecer as sanções.

A verdade é que a perda de pontos e mesmo de títulos já está prevista, mas a UEFA ainda não chegou a esse extremo.

Era sabido que não ia ser assim, nos primeiros anos da aplicação das regras do "fair play financeiro".

Para já, pelo menos, não houve ainda perda de pontos ou impedimento para participar na Champions ou na Liga Europa.

O Sporting, tal como outros clubes que estão a ser investigados (Roma, Inter, Besiktas, Monaco, e mais alguns) não deverá pois ser penalizado este ano, embora o possa vir a ser no próximo.

 

O que dizem as regras do "fair play" financeiro da UEFA?*

Além de terem de ter a contabilidade em dia, os clubes têm de provar que não têm dívidas por pagar a outros clubes, a empregados, a jogadores ou outros fornecedores. Ter queixas de dívidas por pagar é meio caminho andado para o desastre.

Depois, têm de informar a UEFA de todas as dívidas que têm, para que a UEFA possa controlar o seu grau de endividamento, evitando que ele seja excessivo.

 

Por fim, a regra mais importante diz que os clubes (no caso português as SAD) não podem dar prejuízos durante mais de 3 anos consecutivos.

Esta é a chamada "Break Even Rule", embora seja aceitável um pequeno desvio, de 5 milhões de euros negativos. 

Porém, quem tiver prejuízos superiores a 5 milhões, mais de três anos seguidos, está em sarilhos com a UEFA, a não ser que os proprietários do clube cubram esse desvio com contribuições ou pagamentos. 

Nesse caso, os limites são diferentes, mais folgados, mas não é esse o caso do Sporting. 

Em 2010/2011 teve 43,9 milhões de euros de prejuízos, em 2011/2012 o prejuízo cresceu para os 45,9 milhões, regressando aos 43,8 milhões na época de 2012/2013.

 

Bruno de Carvalho tem razão, quando diz que estes nefastos resultados se devem à anterior gestão de Godinho Lopes, mas será que a UEFA se vai comover com esse argumento?

O Sporting tem um ponto a seu favor: na última época, 2013/2014, o clube fez um gigantesco esforço financeiro de contenção, e regressou aos lucros, tendo atingido os 368 mil euros positivos.

E, já esta época, o clube não perdeu a cabeça com contratações, e gastou pouco dinheiro.

A sangria parece estar pois contida, e a direção suicida alterada, e a UEFA tem certamente de ser sensível a isso.

 

No entanto, dificilmente o Sporting escapará a uma vigilância apertada da UEFA, e veremos se haverá ou não alguma sanção.

E é evidente que, nas próximas épocas, o Sporting terá de continuar a apertar o cinto, para evitar problemas.

O caminho é apertado, mas se o rumo se mantiver, e se os resultados desportivos melhorarem, é possível sair deste ciclo perigoso.

Se o Sporting conseguir vender bem algum jogador, ou se facturar muito este ano nas competições europeias, a situação melhora.

Até agora, nos seus actos de gestão, Bruno de Carvalho tem demonstrado que percebe o problema.

Esperemos que não se entusiasme em demasia, e não cometa erros que podem deitar tudo a perder... 

 

* Quem quiser ver ao pormenor as regras do "fair play" financeiro da UEFA vá a 

http://pt.uefa.com/community/news/newsid=2065454.html

publicado às 10:09

Por vezes, os adeptos do FC Porto gostam de atirar à cara dos benfiquistas que o Benfica é o clube do Estado Novo.

Nada mais falso. 

É verdade que o Benfica ganhou mais campeonatos que os outros durante o Estado Novo, mas também ganhou mais campeonatos que os outros durante as décadas de 70 e 80, já depois do 25 de Abril. 

Além disso, até à gloriosa década de 60, com Eusébio e Coluna, o Benfica tinha ganho os mesmos campeonatos que o Sporting, durante o Estado Novo, não era melhor ou pior que os leões.

Mas, para provar o meu ponto, apresento algumas estatísticas.

 

Os primeiros 6 campeonatos, durante a década de 30, e portanto já com Salazar como presidente do Conselho, são vencidos pelo Benfica (3) e pelo... FC Porto (3).

Na década de 40, é o Sporting o melhor. Vence 5 campeonatos, contra 4 do Benfica e 1 do Belenenses.

Na década seguinte, a de 50, é de novo o Sporting a dominar, com 5 campeonatos, contra 3 do Benfica e 2 do FC porto.

Portanto, no ano de 1960, com 26 campeonatos já disputados em pleno Estado Novo, a contabilidade era a seguinte: Benfica 10, Sporting 10, FC Porto 5 e Belenenses 1.

 

A partir daqui, o Benfica cresce muito, e o FC Porto desaparece.

Na década de 60, o Benfica vence 7 campeonatos, e o Sporting 3.

E nos quatro anos que irão até à revolução dos cravos, o Benfica vence 3 campeonatos, e o Sporting apenas 1.

Portanto, quando em Portugal se dá o 25 de Abril, existiam já 40 campeonatos disputados, e a contabilidade era a seguinte: Benfica 20, Sporting 14, FC Porto 5, e Belenenses 1.

Embora fosse o Benfica o que tinha mais vitórias, é um pouco absurdo dizer que dominou devido ao Estado Novo quando o Sporting venceu 14 títulos durante esse regime, e até aos anos 50 tinha tantas vitórias como o Benfica. 

 

E o que aconteceu depois do 25 de Abril?

Bem, o que aconteceu é que continuou o domínio do Benfica durante os vinte anos seguintes.

Entre 1974 e 1980, o Benfica vence 3 campeonatos, o FC Porto 2, e o Sporting 1.

E na década de 80, o Benfica vence 5 campeonatos, o FC Porto vence 4, e o Sporting vence 1.

Durante os primeiros 16 anos depois da revolução, o domínio do Benfica é claro, 8 campeonatos, contra 6 do FC Porto e 2 do Sporting.

 

É só nos anos 90 que se dá a grande viragem a favor do FC Porto.

Na década de 90, os azuis vencem 7 campeonatos, o Benfica 2 e o Sporting 1.

E na primeira década do novo século a tendência prossegue: 6 títulos para o FC Porto, 2 para o Benfica, 1 para o Sporting e outro para o Boavista.

Os últimos quatro anos também não alteram a equação: 3 campeonatos para o FC Porto e 1, o deste ano, para o Benfica.

Assim, a contabilidade da democracia, onde aconteceram 40 campeonatos, é muito forte para o lado azul: 22 campeonatos conquistados desde o 25 de Abril, contra 13 do Benfica, 4 do Sporting e 1 do Boavista. 

O FC Porto é sem dúvida o clube que mais venceu no regime democrático, e curiosamente o seu domínio é bem mais claro do que o do Benfica durante o Estado Novo.

Portanto, o que se pode dizer com toda a certeza é que o FC Porto era muito fraco durante a ditadura, e tornou-se muito forte com a democracia; e que os clubes de Lisboa enfraqueceram os dois, sobretudo depois dos anos 90.

 

Pela minha parte, acho que não foi por causa da democracia que o FC Porto cresceu, mas sim porque Pinto da Costa surgiu e percebe muito de futebol.

Para mais, é um pouco estranho que se tire mérito aos clubes, ou às seleções nacionais, por causa dos regimes políticos.

O Brasil, por exemplo, venceu 3 campeonatos do Mundo porque tinha Pelé, ou porque o seu regime era uma ditadura?

Nadia Comaneci era uma fantástica atleta de ginástica ou tudo se explica porque vivia debaixo da pata de Ceausescu?

A ligação desporto-política não é nada clara, nem óbvia, muito menos no futebol.

O Benfica, é sabido, sempre foi olhado com desconfiança por Salazar, que até considerava o clube de "esquerda"!

E, quem é que ganhou campeonatos durante o PREC e o Verão Quente, no auge da revolução de Abril? O Benfica (75,76 E 77)... 

publicado às 17:18

Os números desta época do Benfica começam a ser impressionantes.

A equipa tem vindo sempre a melhorar desde Outubro, e não parece estar a fraquejar, agora que chega o momento das grandes decisões.

Até agora, nas quatro competições em que está envolvido, o Benfica realizou 41 jogos, dos quais venceu 32, empatou 6 e apenas perdeu 3 (dois na Champions e um no campeonato).

A percentagem de vitórias do Benfica, onde cada empate conta metade de uma vitória, está neste momento em 85,3%.

É um número muito bom, e continua a crescer, pois a meio de Fevereiro, o Benfica de Jesus estava com 82,8% de percentagem de vitórias, e subiu.

É claro que isto pode significar pouco no final, mas com a liderança do campeonato muito sólida, com sete pontos de avanço, o Benfica tem margem e plantel para conseguir ter alto rendimento nas outras competições.

Nas taças de Portugal e da Liga, estão a chegar os grandes jogos contra o FC Porto, mais 3 provas de fogo.

E, na Liga Europa, o AZ Alkmaar não parece capaz de impedir que o Benfica chegue à meia-final.

Porém, na Luz toda a gente sabe que as alegrias de Março não servem de nada se em Maio só aparecerem tristezas.

Ninguém admitiria outra vez um cenário idêntico ao do ano passado, por isso é melhor cerrarem os dentes e lutarem até os títulos estarem ganhos.

 

Quanto ao Sporting, também melhorou um pouco no último mês e meio.

Em Fevereiro, o clube estava com uma percentagem de vitórias de 75%, o que já eram bom, mesmo sabendo que não disputou jogos europeus e que já foi eliminado das Taças nacionais.

No entanto, com um total de 29 jogos disputados, com 19 vitórias, 7 empates e 3 derrotas, o Sporting tem agora uma percentagem de vitórias de 77,5%, o que revela a melhoria que a equipa ainda consegue ter nesta altura.

Comparando com épocas anteriores, é um resultado muito bom, que pode permitir ao clube a entrada directa na Champions.

Veremos se Jardim consegue aguentar a ponta final do campeonato, mas tudo parece apontar para essa possibilidade.

 

 

O ano horribilis do FC Porto é evidente. 

Em Fevereiro, o FC Porto estava já abaixo dos rivais, com uma percentagem de vitórias de 72,7%.

Paulo Fonseca saiu, mas as coisas ainda não melhoraram muito.

Com 42 jogos disputados, o FC Porto tem agora 24 vitórias, 10 empates e 8 derrotas, o que dá uma percentagem de vitórias de 69%.

Curiosamente, se fizermos a percentagem de vitórias apenas para os jogos com Luís Castro aos comandos, o número é semelhante.

Em 5 jogos, 3 vitórias, 1 empate e 1 derrota dá uma percentagem de vitórias de 70%, em linha com o resto da época.

Mudar de treinador raramente muda o essencial: o valor da equipa é mais baixo do que em outros anos, e portanto as coisas ficam mais ou menos na mesma, mesmo mudando o treinador.

publicado às 10:52

Ontem, em Alvalade, o Sporting venceu o FC Porto com um golo...em fora de jogo.

Depois de uma semana de gritos e fúrias nas redes sociais.

Depois da direção do clube ter emitido um comunicado a declarar que iria "processar" os árbitros, a Liga e a Federação Portuguesa de Futebol, por causa dos prejuízos causados ao clube.

Depois disso tudo, eis que o futebol mostra que é mesmo uma caixinha de surpresas e o Sporting vence à conta de um clamoroso erro de arbitragem.

Como dizia Pimenta Machado, em futebol o que hoje é verdade, amanhã é mentira.

Agora, já nenhum sportinguista tem legitimidade para falar, e as fúrias foram caladas oportunamente.

 

Fica assim mais uma vez demonstrado que estas fúrias contra as arbitragens são absolutamente inúteis.

Não vale a pena os clubes estarem com estes "movimentos", com estas "indignações", com estes "basta", e com estas ameaças de processos.

Isso não leva a lado nenhum, e na semana seguinte até podemos ter de meter a viola no saco, pois é a nossa vez de sermos beneficiados.

O que podem agora dizer os sportinguistas?

E o que achariam se o FC Porto viesse dizer que vai processar Pedro Proença, a Liga e FPF pelos prejuízos causados, uma vez que, à conta da derrota de ontem, quase ficou fora da Liga dos Campeões?

São muitos milhões perdidos, não é verdade?

 

A teoria de que o Sporting foi impedido de jogar para o título devido às arbitragens mostrou ontem a sua imbecilidade.

Ninguém no seu juízo perfeito nega que houve erros que prejudicaram o clube em alguns jogos, mas também os sportinguistas não podem negar que houve jogos em que foram beneficiados, como o de ontem.

Dizer que o Sporting foi "roubado" em 7 pontos é um exagero, pois ainda por cima parte de um vício de raciocíno disparatado.

Quando um golo é anulado, como foi em Setúbal ao Sporting, e no final o resultado é 2-2, porque é que todos partem do pressuposto que o resultado final devia ser 3-2 para o Sporting?

É evidente que, se o golo não tivesse sido anulado, a única coisa que podemos dizer é que ficava 1-0 nesse momento, mas quem sabe o que aconteceria até ao final?

A narrativa do jogo teria mudado, e é abusivo dizer que o resultado final teria sido 3-2, pois essa "realidade paralela" nunca aconteceu! 

 

Mas, em futebol toda a gente vive, não para ser intelectualmente honesto, mas para defender os seus clubes.

Toda a gente se enfurece, e toda a gente dá como certos os pontos que lhes roubaram, como se isso fosse garantido, mesmo sem erros de árbitros.

Os sportunguistas sentem que perderam pontos, mas a partir de ontem, já não podem fazer o papel de vítimas sem corar.

Agora, também ganharam pontos com erros crassos dos árbitros, e por isso o "Basta" morreu de morte súbita.

 

PS: E será que os adeptos do FC Porto ainda consideram Pedro Proença o melhor árbitro nacional? 

publicado às 10:44

Normalmente, quem paga mais é campeão.

A relação entre os salários de uma equipa e a os títulos de campeão é sempre muito forte, e faz sentido.

As equipas que têm os melhores jogadores e treinadores são normalmente mais bem sucedidas, e quem tem os melhores tem de lhes pagar muito bem.

Por isso, quem paga mais, tem mais possibilidades de ser campeão.

 

É isso que tem acontecido em Portugal, nos últimos doze anos.

Só por duas vezes, em 2002 e 2005, o campeão não foi o que gastava mais em salários.

Em 2003, 2004, o FC Porto de Mourinho foi campeão, e era o que gastava mais.

O mesmo se passou com o FC Porto de Co Adriaanse e Jesualdo Ferreira, entre 2006 e 2009; e com o FC Porto de Villas-Boas e Vítor Pereira, entre 2011 e 2013.

Em todos esses anos, o FC Porto foi campeão e também foi a equipa que mais gastou em salários, e portanto a que melhor e mais bem pagos jogadores tinha.

E, no ano em que Jesus foi campeão, em 2010, foi o Benfica a equipa que mais gastou em salários, o que só confirma a regra que quem paga mais é, quase sempre, campeão.

 

E este ano, quem vai à frente na despesa em salários e quem vai à frente no campeonato? Pois é, o Benfica.

Segundo o relatório semestral à CMVM, o Benfica gastou com os seus jogadores e treinadores cerca de 23 milhões de euros em seis meses.

Já o FC Porto fica-se pelos 17,8 milhões de euros, bastante abaixo do rival, o que não é de estranhar, pois esta época não tem Hulk, Moutinho, James, e jogadores como Josué, Licá, Carlos Eduardo ou Ghilas ganham muito menos, e também valem muito menos.

 

A única coisa que é de estranhar não é o FC Porto estar atrás do Benfica, mas sim estar atrás do Sporting no campeonato.

Segundo o relatório de contas do Sporting, o clube gastou apenas 11,6 milhões de euros em salários de jogadores e treinadores, menos de metade do Benfica e bem menos que o FC Porto. 

Seria de esperar que o Sporting estivesse em 3º e o FC Porto em 2º, mas a inversão de posições pode ser explicada pelos méritos do treinador.

Leonardo Jardim consegue expandir e potenciar o que tem, mas Paulo Fonseca não o tem conseguido, e apesar de ter um plantel mais valioso e bem pago do que o clube de Alvalade, arrisca-se a acabar em terceiro.

Já Jorge Jesus, está a fazer o que se espera dele.

Com muito bons jogadores e muito bem pagos, está sem surpresas em primeiro lugar, e só um desastre grave impedirá o título.

publicado às 12:15

Eusébio nasceu em Janeiro, Ronaldo em Fevereiro, tal como Chalana e Futre.

Platini, Messi e Zidane, por seu lado, nasceram os três em Junho.

O que têm eles em comum? Nasceram todos no primeiro semestre, entre Janeiro e Junho.

Quer isto dizer que há mais probabilidade de se ser um bom jogador de futebol se nascermos no primeiro semestre do ano?

Pelos vistos, é assim.

As crianças nascidas na primeira parte do ano são mais avançadas nos primeiros anos da vida, o que aumenta a sua possibilidade de serem escolhidos pelos olheiros nas escolas de futebol.

Aos sete ou oito anos, e por vezes até mais tarde, aos 13 ou 14, os nascidos no primeiro semestre são mais altos, mais fortes, mais desenvolvidos, e isso aumenta as suas hipóteses.

 

É evidente que esta regra geral tem muitas excepções (Pelé nasceu em Outubro, Figo em Novembro), mas a verdade é que há mais jogadores nascidos no primeiro semestre do que no segundo.

Examinemos por exemplo as 16 equipas do campeonato português, pegando nos plantéis iniciais tal como aparecem nos Cadernos A Bola para a época 2013/2104.

12 equipas têm mais jogadores nascidos no primeiro semestre do que no segundo.

Eis a lista, seguida da percentagem de jogadores nascidos entre Janeiro e Junho:

 

Benfica - 68% dos jogadores nascidos no primeiro semestre

Nacional - 65,2%

Marítimo - 65,2%

Rio Ave - 62,5%

V. Setúbal - 62,5%

Arouca - 62,5%

Olhanense - 61,9%

Sporting - 60%

Paços de Ferreira - 59%

Estoril - 52%

V. Guimarães - 52%

FC Porto - 52%

 

Além destes, temos o Belenenses, que tem 50% de jogadores nascidos em cada parte do ano, e apenas 3 equipas que têm menos jogadores nascidos no primeiro do que no segundo semestre, que são o Gil Vicente (48% nascidos entre Janeiro e Junho); o Braga (45,8%); e por fim a Académica (43%).

Portanto, se o seu filho nasceu no primeiro semestre do ano, tem mais possibilidades de vir a ser um jogador de futebol, mas se nasceu no segundo, pode sempre ir tentar a sua sorte para Coimbra!

 

publicado às 16:38

Em relação há meses atrás, o Benfica tem vindo a melhorar, o FC Porto estabilizou e o Sporting perdeu alguma eficência.

O indicador que aqui costumo usar é o das percentagens de vitórias, com cada empate a valer meia-vitória.

Dá-se 2 pontos por vitória, 1 por empate, e depois divide-se pelo máximo de pontos possíveis nos jogos já disputados.

 

Assim, o Benfica disputou 32 jogos, em todas as competições oficiais.

Tem 24 vitórias, 5 empates e apenas 3 derrotas (uma no campeonato e duas na Champions).

Soma 48 pontos pelas vitórias e mais 5 pelos empates, ou seja 53, num total de pontos possíveis de 64 (32 x 2).

A percentagem de vitórias do Benfica de Jesus é pois de 82,8%.

Melhorou um pouco em relação a Janeiro, quando tinha 82,1%.

Veremos agora como vai esta percentagem ser afectada pelo início da Liga Europa.

 

Quanto ao FC Porto, disputou 33 jogos, mais um que o Benfica, pois esteve na Supertaça.

Tem 21 vitórias, 6 empates e 6 derrotas (3 no campeonato e 3 na Champions).

Soma 42 pontos pelas vitórias, mais 6 pelos empates, ou seja 48 num total de 66 possíveis (33 x 2).

A percentagem de vitórias do FC Porto de Paulo Fonseca é pois de 72,7%.

Subiu um pouco em relação a Janeiro, onde estava nos 72,4%.

Também neste caso teremos de ver como vai ser afectada esta percentagem pela Liga Europa, e ainda não se sabe igualmente se o FC Porto vai ou não continuar na Taça da Liga.

 

Por fim, o Sporting, que é o que tem menos jogos disputados, apenas 24, pois não está nas competições europeias.

Tem 15 vitórias, 6 empates e 3 derrotas (2 para o campeonato e 1 na Taça de Portugal).

Soma 30 pontos pelas vitórias, mais 6 pelos empates, ou seja 36 num total de pontos possíveis de 48 (24 x 2).

A percentagem de vitórias do Sporting de Leonardo Jardim é pois de 75%.

Há que ter em conta que fez menos jogos que os rivais, mas também que desceu, pois em Janeiro este número estava nos 78,5%.

E está ainda pendente a questão da Taça da Liga, para ver se o Sporting continua só numa frente, ou abre uma segunda.

 

Em conclusão: o Benfica tem vindo a melhorar os seus números desde Outubro, o FC Porto quebrou muito até ao Natal, mas depois estabilizou, e o Sporting teve duas pequenas quedas, mas continua com bons resultados. 

 

 

publicado às 14:32

Ontem, no derby, foi evidente a superioridade do Benfica, que ganhou bem e mostrou uma competência e uma capacidade muito fortes.

A forma como a equipa acelera e ataca é vertiginosa, e a forma como defende, que era o ponto fraco no início da época, está cada vez mais eficiente, concentrada e compacta.

Acho que ninguém já terá dúvidas hoje da previsão que aqui fiz em Dezembro, de que o Benfica é o mais forte candidato ao título este ano, e que só não será campeão se cometer erros disparatados nos pequenos jogos.

Além de estar mais forte e muito eficaz, o Benfica tem dois adversários que têm problemas. 

O FC Porto está abalado e instável, e o Sporting tem ainda alguma imaturidade para se manter ao mesmo nível.

 

É evidente que, como Jesus e o presidente já disseram, o campeonato é o objectivo primordial.

Perdida a possibilidade, bastante fantasiosa, de chegar à final da Champions que será na Luz, é claro que todos querem ser campeões nacionais.

Mas, parece-me que estando a equipa a jogar tão bem, e tendo demonstrado uma superioridade tão evidente nos confrontos com FC Porto e Sporting, julgo que o Benfica deve aspirar também a vencer as outras duas competições nacionais, Taça de Portugal e Taça da Liga.

Na primeira, teremos duas mãos, uma no Dragão, outra na Luz, e considero que o Benfica tem capacidade para eliminar o FC Porto e estar presente no Jamor.

O mesmo se passa na Taça da Liga, seja contra quem for a meia-final. 

Embora estes jogos não devam desconcentrar o Benfica do objectivo campeonato, é possível ir às duas finais, a equipa tem soluções para isso, e no final do mês ainda haverá Salvio, já recuperado da lesão.

 

Por fim, a Liga Europa.

Ao contrário do presidente Luís Filipe Vieira, eu nunca achei possível o Benfica chegar à final da Champions, mas acho muito possível chegar à final da Liga Europa outra vez.

Há equipas muito boas, mas o Benfica é uma delas.

No site Euro Club Index, onde são calculadas as probabilidades das equipas vencerem a Liga Europa, o Benfica aparece em 3º lugar, com 10,3% de probabilidade de ser o vencedor.

Acima do Benfica, só a Juventus, com 19,6% de probabilidade de ser a vencedora, e o Tottenham, com 13,2% de probabilidade de vencer a Liga Europa.

Atrás da equipa da Luz, estão o FC Porto, com 9%, o Shakhtar Donetsk, com 8%, e o Nápoles, com 7%.

Portanto, não há razão nenhuma para Benfica e FC Porto não aspirarem a ir o mais longe possível, e nenhum deve deixar de tentar.

Até porque, e ao contrário do que se costuma dizer, não há uma diferença financeira tão grande entre as duas competições.

Em 2011/2012, o Benfica chegou aos quartos-de-final da Champions, onde foi eliminado pelo Chelsea, e recebeu em prémios da UEFA a quantia de 22,3 milhões de euros.

Em 2012/2013, o Benfica fez a fase de grupo da Champions, e seguiu para a Liga Europa, chegando à final, e faturando um total de prémios da UEFA de 21,7 milhões de euros, apenas menos 600 mil euros que no ano anterior.

Ou seja, atingir a final da Liga Europa vale quase tanto como os quartos-de-final da Champions, e é por isso que esse objetivo deve ser tentado.

 

Em conclusão: a jogar como tem jogado, o Benfica deve atacar em todas as frentes ao mesmo tempo, e não se concentrar apenas numa.

É assim com todas as grandes equipas da Europa, nunca desistem de objetivos, principalmente quando têm qualidade para aspirar a alcançá-los. 

 

publicado às 11:50

No domingo, na Luz, vão defrontar-se dois clubes cujos plantéis têm valores consideravelmente diferentes.

Segundo o transfermarkt.co.uk, o melhor site de avaliações do valor de mercado de jogadores, o plantel do Benfica tem um valor de mercado de 189,75 milhões de euros.

Já  o plantel do Sporting tem um valor de mercado de 96,65 milhões de euros.

Ou seja, o grupo total de jogadores do Sporting vale quase metade do grupo de jogadores do Benfica.

 

No entanto, este não é o melhor indicador. Só jogam onze de cada lado, e por isso é melhor comparar os onze prováveis de cada clube.

Eis os jogadores e os valores de mercado do provável onze do Benfica:

Oblak - 3 m€

Maxi - 10 

Luisão - 6

Garay - 20

Siqueira - 8

Fejsa - 4,5

Enzo - 9

Gaitan - 18

Markovic - 10

Cardozo - 14

Rodrigo - 10

O valor total do onze do Benfica são 112,5 milhões de euros.

 

 

Quanto Sporting, são estes os valores de mercado do onze mais provável.

Rui Patrício - 20 m€

Cedric - 5 

Maurício - 3 

Rojo - 5,5 

Piris - 2,5

Dier - 4,5 

Adrien - 5

André Martins - 7

Wilson Eduardo - 3,5

Montero - 5,5

Capel - 7,5

O valor do onze do Sporting com estes jogadores é de 69 milhões de euros.  

 

Portanto, são 112,5 milhões contra 69 milhões, o que é significativo.

Comparando entre posições, vemos que o Sporting apenas tem mais valor na posição de guarda-redes.

A defesa do Sporting vale 16 milhões, enquanto a do Benfica vale 44 milhões.

Quanto ao meio-campo, o do Sporting vale 16,5, e o do Benfica formado por Enzo, Fejsa e Gaitan, vale 31,5 milhões de euros.

Por fim, no ataque, vemos que o do Sporting tem um valor de 16,5 milhões, enquanto o do Benfica, com Markovic, Cardozo e Rodrigo, vale 34 milhões de euros.

A maior diferença está na defesa, mas se considerarmos que os guarda-redes fazem parte da defesa, aí a diferença já é menor, pois o Sporting vale 36 milhões, e o Benfica 48 milhões.

 

São diferenças consideráveis de valor, e por isso, a previsão aponta para uma vitória do Benfica, ainda por cima jogando em casa.

Talvez por isso, e levando em consideração o historial destes jogos e a forma actual das equipas, o site Euro Club Index, que estima as probabilidades dos resultados de jogos, dá 67% de probabilidade à vitória do Benfica, 22% ao empate, e apenas 11% de probabilidade de uma vitória do Sporting.

Veremos no domingo se isso se confirma.

publicado às 10:14

Lá por fora, a janela de transferências deste Janeiro não foi propriamente empolgante.

Não houve grandes transferências e a única que mereceu grande destaque foi a de Mata, do Chelsea para o United.

 

Quanto ao resto, a animação foi muito dada pelo Benfica, que vendeu três jogadores, conseguindo um total de 70 milhões de euros.

Foi um excelente aproveitamento de mercado, por várias razões.

Em primeiro lugar, era sabido que Matic queria mesmo ir para o Chelsea, onde regressa pela porta grande, e não valia a pena tentar mantê-lo cá contrariado.

O preço, 25 milhões de euros, foi bom e era por esse valor, ou semelhante, que ele estava avaliado nos sites da especialidade.

É claro que a equipa fica menos forte, e que o valor do plantel diminui, mas parece-me que não havia outra solução que não a venda, e que existem substitutos para o lugar, talvez não tão bons, mas suficientes para o Benfica não se ressentir em campo.

Além disso, o Benfica conseguiu a proeza de vender muito bem Rodrigo, a um fundo de investimento, conseguindo que ele fique a jogar no clube até ao final da época. São 30 milhões de euros, sem perda do jogador já, o que é excelente, pois entra dinheiro e não há perda de eficiência na equipa.

O negócio é por valores muito elevados, que ainda podem crescer mais 10 milhões se na próxima época Rodrigo atingir certos objectivos, e há que dar os parabéns à gestão do Benfica por um negócio destes, por um valor muito superior ao que Rodrigo está avaliado nos sites da especialidade.

No transfermarket.com, por exemplo, não vale mais de 10 milhões, e portanto vendê-lo por 30 só pode ser fantástico.

O mesmo se passa com André Gomes, vendido por 15 milhões ao mesmo fundo, e que também continuará na Luz até ao final da época.

O valor é bom, embora eu tenha pena, pois gostava de ver André Gomes titular na Luz durante um ou dois anos, o que já não acontecerá. 

Para já é isto que há a dizer, embora ainda não se saiba se Garay sairá ou não para a Rússia, cujo mercado só fecha no final de Fevereiro.

 

Faz sentido vender tanta gente em Janeiro?

O Benfica, disse-o Luís Filipe Vieira, tinha feito a opção arriscada de não vender ninguém em Agosto, para tentar um brilharete na Liga dos Campeões, cuja final se joga este ano na Luz.

Contudo, isso não aconteceu. O Benfica ficou um pouco aquém das expectativas, e acabou por cair para a Liga Europa. Por isso, em Janeiro havia mesmo que vender.

A virtude destas vendas foi que a equipa enfraquece apenas ligeiramente, enquanto se as vendas tivessem sido em Agosto, provavelmente o Benfica precisava de se ter reforçado mais.

Assim, podemos dizer que o modelo "import-win-export" do Benfica, que tinha sido suspenso em Agosto, funcionou muito bem em Janeiro. 

 

E como foi o mercado para o FC Porto?

Apesar das excitações de última hora, com avião para em Pedras Rubras e tudo, a verdade é que ninguém saiu.

O FC Porto optou por não vender os seus activos mais valiosos (Mangala, Jackson, Fernando), na esperança de continuar a lutar pelas competições onde ainda está envolvido.

O único reforço foi Quaresma, que tem talento mas não parece chegar para inverter o estado semi-depressivo que se começa a instalar no Dragão.

Houve também a saída importantíssima de Lucho, que enfraquece o meio-campo; a estranha resolução do caso Izamailov (que ressuscitou de repente); e há a dúvida sobre Fernando, que ainda não renovou contrato, e veremos o que se passa nos próximos tempos, pois se ele não renova poderá dar-se um imbróglio, uma vez que a tradição no Dragão é encostar à boxe quem não renova...

Embora ainda não se saiba o que se vai passar com Otamendi, que pode sair para Rússia, a verdade é que em Janeiro o FC Porto não conseguiu inverter as expectativas, e a equipa não saiu reforçada.

A derrota contra o Marítimo ainda vinca mais essa sensação, consolidando a ideia que este é um ano perdido, de transição e renovação, onde muitas situações parecem mal geridas.

 

Por fim, vamos ao Sporting.

Não houve saídas importantes, o que é bom, e houve vários reforços, o que também é importante para o clube.

Elias esteve com um pé fora, mas acabou por ficar. Se jogar, é uma mais-valia, pois é um excelente jogador.

Heldon foi bem comprado, e é um bom jogador, que marca muitos golos. Veremos é se tem arcaboiço para jogar no grande.

Quanto a Shikabala, parece-me uma aposta arriscada, com um ego muito exagerado, e que não é certo que se integre no estilo de Alvalade.

Seja como for, o Sporting reforçou-se bem, e pode aspirar a manter-se na corrida do título, sobretudo porque apenas lhe faltam 13 jogos para o final da época, embora possam ser 15 de ficar na Taça da Liga.

São poucos jogos, Benfica e FC Porto terão bem mais, e isso pode ajudar o Sporting a estar mais fresco a partir de Março, quando se entrar na recta final. 

 

publicado às 10:30


Sobre o autor

Domingos Amaral é professor de Economia dos Desportos (Sports Economics) na Universidade Católica Portuguesa. É também jornalista e escritor e tem o blog O Diário de Domingos Amaral.

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