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Domingos Amaral
Quem são os portugueses para acharem que vão ganhar 5-0 ao Gana?
É preciso ter um descaramento dos diabos para, depois de levar 4 bolachas da Alemanha, e não ter sofrido um KO dos Estados Unidos por milagre, ainda ter o atrevimento para achar que vamos golear o Gana!
Será que os portugueses têm andado a ver o mesmo Mundial que eu?
O Gana jogou muito bem contra os Estados Unidos, mas teve azar e perdeu, e jogou muitíssimo bem contra a Alemanha, e merecia ganhar mas empatou.
Ganhar ao Gana, com a equipa que temos? Deve ser piada.
Teremos muita sorte se não formos nós a ser goleados pelo Gana, e o mais provável é perdermos o jogo, pois jogamos muito pior que eles.
Aliás, o golo de Varela só serve para prolongar uma agonia que já se sente desde os 4-0 com que a Alemanha nos brindou.
É um golo que dá jeito para muita gente se iludir com essa disparatada hipótese, a de continuar, depois de vencer o Gana por não sei quantos.
Importam-se de repetir?
Será que ainda ninguém percebeu que ganhar, mesmo por 15-0, não vai servir de nada?
É evidente que Alemanha e Estados Unidos vão jogar para o empate, e assim passam ambos, sendo absolutamente indiferente o resultado do Portugal-Gana.
Sim, eu se fosse a eles também "combinava" empatar, e não me preocupava mais com o assunto.
Klinsman e Klose são amigos, a Alemanha fica em primeiro, os Estados Unidos em segundo, empate a zero, e não se fala mais nisso.
Há quatro anos, foi o que nós fizémos também, empatando 0-0 com o Brasil no último jogo, e deixando de fora a Costa do Marfim.
A dura verdade é esta: ao final de quatro jogos, pode-se dizer que Portugal é a pior equipa do seu grupo.
Fizemos uma exibição miserável contra a Alemanha, e apenas sofrível contra os Estados Unidos.
Temos uma defesa que mete água, um meio-campo amorfo, e um ataque irregular.
Quando nos comparamos com os outros, saímos naturalmente a perder, e por isso não deve ser surpresa para ninguém o regresso a casa.
Temos todos de meter na cabeça que o ciclo de ouro da Seleção Nacional há muito que acabou.
Desde 2008 que temos vindo sempre a descer de qualidade, e a única surpresa foi o Euro 2012, onde conseguimos ser inesperadamente bons.
No resto, têm sido qualificações sempre em esforço, nos play-offs (2008, 2010, 2012, 2014), e fases finais fraquitas (2008 e 2010) ou muito fracas (2014).
A seleção não tem grandes jogadores ao seu dispôr, o talento é pouco, e ter Ronaldo não chega.
Para mais, este ano chegámos ao Brasil com demasiados jogadores fora de forma ou lesionados.
Pepe, Coentrão, Meireles, Veloso, Hugo Almeida, Hélder Postiga, Nani, Ronaldo, já estavam "chochos" quando aterraram em Campinas e só pioraram.
Como é que se pode aspirar a alguma coisa quando metade dos titulares deviam estar na enfermaria e não no campo?
Cristiano Ronaldo tem razão: há selecções muito melhores que nós.
Na verdade, são quase todas melhores que nós. Tirando os Camarões e a Coreia do Sul...
Lamento é que esse discurso de humildade não tenha sido feito por todos desde que se juntaram em Óbidos.
É pena que todos (incluindo Federação e Paulo Bento) tenham andado a "viajar na maionese", iludindo-se a si próprios e a nós.
Mas, num país que andou tanto tempo a viver acima das suas possibilidades, não é de estranhar que também a seleção tenha andado a viver claramente acima das suas possibilidades.
Há quatro anos, também a Argentina de Maradona levou 4 da Alemanha, nos quartos-de-final do mundial na África do Sul.
O primeiro golo foi logo aos 3 minutos, por...Muller, mas depois a história foi um pouco diferente.
A Argentina foi tentando, e na última meia hora arriscou demais, jogou aberto e...lixou-se.
A Alemanha marcou 3 golos e arrumou para sempre com a carreira de Maradona como treinador.
Esta recordação devia ter servido como lição para Portugal, na abordagem do jogo de ontem.
Contra a Alemanha, só vence quem defende muito bem, fechado lá atrás, como a Itália, em 2012, ou a Espanha, em 2010.
Paulo Bento não aprendeu essa lição nos jogos dos outros, nem no seu próprio jogo contra a Alemanha.
Há dois anos, perdemos por 1-0, o que não foi nem fatal, nem humilhante.
Desta vez, tudo foi diferente, e tudo começou com uma péssima escolha de estratégia.
Portugal quis discutir o jogo de igual para igual, e com a Alemanha isso é sempre fatal.
Em vez de jogarmos fechados, a deixar o tempo passar, armámo-nos em carapaus de corrida e tramámo-nos.
Mas, esse não foi o único erro grave.
Olhando para a nossa equipa, é impressionante constatar que mais de metade dos 11 tiveram imensos problemas físicos nos últimos meses.
Pepe esteve lesionado, Coentrão e Hugo Almeida também, Meireles idem, Ronaldo é o que se sabe e Nani quase não jogou em seis meses.
Faz algum sentido entrar em campo com tantos problemas físicos e tanta falta de ritmo?
Pepe, Coentrão, Meireles e Hugo Almeida não deviam ter jogado, e Ronaldo e Nani só devem jogar porque sem eles não somos nada.
Se juntarmos estes dois erros - a estratégia aberta e a debilidade física - percebemos que Paulo Bento desta vez errou em toda a linha.
Depois, a somar a isso, apareceram os erros individuais, alguns escandalosos e incompreensíveis.
Rui Patrício: dois pontapés oferecidos aos alemães, que só não deram golo por milagre, e uma fífia que deu a Muller o 4-0.
João Pereira: uma falta clara, que deu um penalty.
Bruno Alves: comido no 2-0 no ar, comido no 3-0 no chão.
Pepe: comido no 2-0 no ar, cabeçada a Muller e expulsão.
Coentrão: uma nulidade no ataque e na defesa.
André Almeida: uma fífia no 4-0.
Miguel Veloso: uma nulidade absoluta.
Raul Meireles: outra nulidade absoluta.
João Moutinho: o seu pior jogo de sempre na selecção.
Na verdade, foi a malta do ataque a única que esteve razoável, sobretudo Nani, mas também Ronaldo e Éder tentaram lutar.
E agora?
Bem, além de todas estas falhas, houve ainda uma falha clara de informação.
Será que na seleção alguém sabe que o primeiro critério de desempate é o "goal average" e não os resultados entre as equipas?
Sofrer 4 golos e não marcar é um passo na direção do abismo.
Agora, não existe apenas a pressão de ter de ganhar aos Estados Unidos, existe também a obrigação de marcar vários golos, pois eles têm +1, e nós temos -4, no goal average.
Eu sei que ainda é cedo, que se ganharmos os dois jogos seguimos em frente e essas tretas todas, mas depois da maior derrota de sempre, as coisas ficaram mesmo pretas.
Até ontem, o Top 3 das derrotas humilhantes de Portugal eram o Portugal-Marrocos em 86 (1-3); o Portugal-Coreia, em 2002 (0-1); e o Portugal-Estados Unidos, em 2002 (2-3), mas esta derrota entrou directamente para o primeiro lugar.
Mesmo que Portugal avance para a fase seguinte, o que eu acho muito difícil, esta nódoa já ninguém a tira da nossa memória.
É este o dia porque todos esperamos há meses.
O dia em Portugal entra em campo, no Mundial do Brasil.
Este é o dia com que todos sonhámos, e agora está aí, a hora aproxima-se.
Hoje, às 17h, tudo pode começar a ser lindo, ou tudo pode começar a ser difícil.
Mas, pelo menos Ronaldo está em forma, sente-se bem.
Quem tem na sua equipa o melhor jogador do mundo, tem direito ao sonho, direito à esperança.
Gostei de ouvir Ronaldo ontem há noite.
Antes, ele era um miúdo, um jovem, um ser irreverente.
Mas, cresceu, e hoje está diferente. Já é um Homem, com H grande, amadureceu, sabe o que vale e sabe falar como um líder.
Eu também sinto uma onda especial à volta desta seleção, embora não queira iludir-me demais.
No Brasil, não vamos jogar na nossa casa, mas vamos jogar em casa de amigos, a malta sente-se bem, e eles gostam de nós.
O sentimento é pois de esperança, de crença.
Sim, tenho os pés assentes na terra, mas como não são os meus pés que vão jogar, mas sim os do Ronaldo, a terra mexe-se quando ele corre, e portanto pode girar à volta do sol de outra forma.
Conseguirá ele tirar o planeta da órbita previsível, criar um mundo novo para nós?
Ninguém sabe, é muito cedo, ainda quase nada começou.
Mas, sinto que o grupo de Campinas está muito unido, com um grande ambiente de equipa, e isso é o mais importante de tudo.
Por isso, como dizia o Torres antes do jogo com a Alemanha, em 85, eu digo o que ele disse e ficou para a história: "deixem-me sonhar"!
Sim, deixem-me sonhar, deixem-nos sonhar a todos, porque temos direito a todos os sonhos este ano.
Tem sido uma semana histórica para o futebol português.
Numa segunda-feira, Eusébio é homenageado na Luz e enterrado com o Rei que era.
Na segunda-feira seguinte, Ronaldo é coroado como o novo Rei do futebol português.
Um e outro são jogadores absolutamente fabulosos, e é um orgulho vivermos num país que conseguiu gerar gente deste calibre estratoesférico.
É por isso que me incomoda ouvir gente dizer mal do futebol, e desprezar títulos desta grandeza.
O que seríamos nós sem o futebol? Será que não se dá valor aos prémios de uma pequena nação, que com apenas 10 milhões de pessoas consegue feitos absolutamente anormais para um país da sua dimensão?
Comparemos com outros países europeus semelhantes a nós, como a Suíça, a Suécia, a Áustria, a Bélgica, a Grécia, a República Checa.
Quantos deles geraram os melhores jogadores do mundo? Pois é, nenhum!
E quantos conseguem ter clubes a disputar taças europeias e seleções a ir a meias-finais de europeus e mundiais?
Pois é, com a excepção da Grécia, que foi campeã da Europa em 2004, nenhum desses países, como aliás muitos outros, consegue colocar jogadores, clubes e seleções no topo do mundo.
Só nós, e isso devia ser uma grande razão para orgulho.
Portugal pode não ser bom a fazer chocolates e relógios, como a Suíça; carros, como a Suécia; festivais de música, como a Áustria; ou muitas outras coisas que agora não me lembro, como a Bélgica, a República Checa ou a Grécia, mas é muito bom num sector desportivo e económico com enorme visibilidade, o futebol.
Passando a outro assunto, ontem não compreendi os argumentos daqueles que, como Platini e muitos portugueses, desvalorizaram esta Bola de Ouro, dizendo que não deve haver prémios individuais, nem deviam ser premiados jogadores jogam não ganharam títulos colectivos com as suas equipas.
Importam-se de repetir? É que eu acho que não percebi bem...
Para quem não se recorde, vale a pena relembrar aqui algumas evidências.
Desde há muitos anos que, em todos os países, e em todas as competições internacionais, se entregam prémios individuais.
Há prémios para o melhor jogador do ano nacional, para o melhor marcador de golos, para o melhor guarda-redes, etc.
Isso também acontece nas provas europeias e de selecções.
No Mundial, ou nos Europeus, sempre houve o prémio para o melhor jogador, para o melhor goleador, etc, etc.
Porque será que agora, subitamente, se põe em causa a eleição do melhor jogador do mundo, dizendo que o prémio individual deve levar em conta os títulos colectivos?
Será que o melhor marcador ou o melhor jogador do ano tem de ser da equipa campeã?
Só para dar um pequeno exemplo, este ano o campeão nacional foi o FC Porto, e o melhor jogador foi o Matic, do Benfica, que não ganhou nenhum título, e não ouvi ninguém a protestar.
A desvalorização da vitória de Ronaldo soa a mau perder (Platini) ou então a pura má fé.
Os prémios colectivos, que eu saiba, são as próprias vitórias nas competições onde as equipas entram.
A melhor equipa do ano, em cada país, é o campeão nacional.
A melhor da Champions é que a equipa vence a final, e a melhor de um Mundial é a equipa campeã do Mundo.
Seria um pouco absurdo dar um prémio colectivo depois da equipa ter sido...campeã do Mundo, que é o melhor prémio colectivo que uma seleção pode ter!
Não se dá prémios colectivos porque não é necessário, os prémios são as vitórias, as taças e os títulos!
O que faz sentido é portanto, já sabendo quem foram os melhores colectivos, dar em seguida prémios individuais, como a Bola de Ouro.
Ronaldo é o melhor jogador do mundo no momento, e por isso mereceu esta Bola de Ouro, e quem passar a vida resmungar que ele não ganhou títulos esquece o essencial: o talento individual é distintivo e deve ser premiado à parte.
Portugal teve sorte no sorteio, havia grupos bem piores.
Como passam 2 em cada grupo, é provável que Alemanha e Portugal sigam em frente, pois nem os Estados Unidos nem o Gana têm valor para fazer frente às duas seleções europeias.
O Gana, por exemplo, tem uma seleção avaliada em 84,3 milhões de euros (soma do valor dos jogadores normalmente selecionados) e está apenas em 22º lugar, na lista dos 32 países participantes.
E os Estados Unidos ainda são menos cotados. Segundo a Pluri Consultoria, empresa brasileira que avaliou o valor das seleções, os Estados Unidos apenas valem 51,3 milhões de euros, estando ainda mais abaixo que o Gana, em 26º na lista.
Já a Alemanha, todos o sabemos, é uma grande equipa, e todos os dirigentes da Federação disseram que a queriam evitar.
Não será assim, e teremos que jogar com a 4ª seleção mais valiosa do mundo, com um valor de mercado de 465,5 milhões de euros.
É um bom bocado mais forte que Portugal, em valor económico.
A nossa seleção vale 309,6 milhões de euros, e é a 9ª da lista, mas é preciso recordar que desse total, só 100 milhões dizem respeito a Ronaldo, por isso temos de ter muito cuidado.
De qualquer forma, há grupos mais difíceis, em especial o grupo D, onde estão 3 tubarões: Uruguai, Itália e Inglaterra.
Tem a 7ª seleção, a Itália, que vale 315,8 milhões de euros; a 8ª, que é a Inglaterra, que vale 312 milhões de euros, e ainda a 11ª seleção, o Uruguai, com um valor de mercado de 185,2 milhões de euros.
Por ironia do destino, estes três grandes vão jogar com a Costa Rica, que é a seleção menos valiosa entre as 32, com um valor de 20,8 milhões de euros!
Veja aqui a lista do valor de mercado das 32 seleções, segundo a Pluri Consultoria:
1º Brasil, 508,7 milhões de euros
2º Espanha, 504
3º Argentina, 475,2
4º Alemanha, 465,5
5º França, 373,4
6º Bélgica, 319,6
7º Itália, 315,8
8º Inglaterra, 312
9º Portugal, 309,6
10º Colômbia, 218,6
11º Uruguai, 185,2
12º Rússia, 169
13º Croácia, 162,9
14º Holanda, 161,6
15º Chile, 135,4
16º Costa do Marfim, 129,1
17º Suíça, 124,1
18º Camarões, 122,7
19º Bósnia, 121
20º Japão, 105,8
21º Nigéria, 89,5
22º Gana, 84,3
23º Equador, 69,2
24º Grécia, 64,7
25º Argélia, 63
26º Estados Unidos, 51,3
27º México, 47,1
28º Coreia do Sul, 46,1
29º Honduras, 24,3
30º Austrália, 23,6
31º Irão, 21,9
32º Costa Rica, 20,8
Quem são os 20 jogadores mais valiosos que vão estar presentes no Mundial de 2014?
A empresa brasileira Pluri Consultoria fez uma avaliação e listou os 20 jogadores mais valiosos, com base no seu atual valor de mercado.
A lista, que apresento a seguir, inclui o nosso Cristiano Ronaldo, que é o segundo mais valioso do mundo, com um valor de mercado de 104,2 milhões de euros, logo atrás de Messi, que vale 139,6 milhões de euros.
O valor total dos 20 mais valiosos ultrapassa os mil milhões de euros, mas estes 20 jogadores serão apenas 3% do total de jogadores que vai disputar o Mundial, cerca de 732.
Dos 20 jogadores, 12 são europeus e 8 são sul-americanos. Há jogadores de 12 nacionalidades, sendo que existem 7 países europeus representados nesta lista e 5 países sul-americanos.
A Espanha lidera, com 4 jogadores no top 20 (Iniesta, Mata, Busquets e Fabregas), com um valor total de 185 milhões; seguida da Argentina, com 2 jogadores no top 20 com um valor total de 183 milhões (Messi e Aguero); e da Alemanha, com 3 jogadores no top 20, com um valor somado de 149 milhões (Ozil, Goetze e Muller).
Quanto aos clubes onde actuam, note-se que os 20 jogadores mais valiosos do mundo jogam todos em clubes europeus! O Barcelona tem 5 jogadores no top 20, e a seguir vem o Bayern, que tem 3 no top 20.
Para terminar, um pormenor curioso: dos 20 jogadores mais valiosos do mundo, apenas 2 não vão estar no Mundial 2014. São eles Gareth Bale, galês, que está em terceiro nos mais valiosos, e o polaco Lewandowski, que é o 19º mais valioso do mundo.
Lista dos 20 mais valiosos jogadores que estarão no Mundial do Brasil em 2014 (se Deus quiser e nenhum se lesionar!)
1º - Messi, Argentina, Barcelona, 139,6 milhões de euros
2º - Ronaldo, Portugal, Real Madrid, 104,2
3º - Neymar, Brasil, Barcelona, 67,4
4º - Cavani, Uruguai, Paris St. Germain, 63
5º - Falcão, Colômbia, Monaco, 59,1
6º - Ozil, Alemanha, Arsenal, 54
7º - Iniesta, Espanha, Barcelona, 53,7
8º - Goetze, Alemanha, Bayern, 48,4
9º - Rooney, Inglaterra, M. United, 48,2
10º- Ribéry, França, Bayern, 46,8
11º- Muller, Alemanha, Bayern, 46,6
12º- Hulk, Brasil, Zenit, 46,2
13º- Mata, Espanha, Chelsea, 46,1
14º- Suarez, Uruguai, Liverpool, 44,8
15º- Hazard, Bélgica, Chelsea, 44,3
16º- Aguero, Argentina, M. City, 43,7
17º- Busquets, Espanha, Barcelona, 43,2
18º- Fabregas, Espanha, Barcelona, 41,9
19º- Vidal, Chile, Juventus, 41,7
20º- Van Persie, Holanda, M. United, 40,3
A Pepsi cometeu um erro grave e imperdoável para uma grande marca internacional.
Ao entrar numa campanha negativa, contra Cristiano Ronaldo e contra Portugal, a Pepsi fez uma coisa que nenhuma marca antes tinha feito: atacar uma celebridade e ofender um país.
Até esta semana, a relação das grandes marcas com as celebridades desportivas, e com os países, era sempre positiva.
Há grandes marcas que se associam a grandes jogadores, e que ganham muito com isso; e há grandes marcas que se associam com países (Sagres, etc) e que também ganham muito com isso.
Essa associação faz sentido, e costuma ser "win-win", boa para a marca e boa para as celebridades ou países.
No entanto, não conheço exemplos de marcas que realizaram campanhas negativas contra celebridades ou países.
Ou antes, não conhecia, pois foi isso que a Pepsi fez.
O erro foi de palmatória, e teve consequências imediatas.
A Pepsi desceu brutalmente na consideração dos portugueses, e a opinião pública tem agora uma péssima imagem da marca.
Se vai haver ou não consequências graves em termos de vendas, não sabemos ainda, mas como a Pepsi já vendia pouco, os danos não serão catastróficos.
O que nos leva a suspeitar que jamais a Pepsi sueca teria feito uma campanha destas contra um jogador francês, inglês, alemão, espanhol ou italiano.
Alguém acredita que a Pepsi fizesse isto a Ribery, Rooney, Ozil, Iniesta ou Balotelli?
Nesses casos, haveria danos muito mais graves, pois são mercados grandes, muito maiores do que o português.
Mas, como se tratava de Portugal, mercado pequeno, a Pepsi não se incomodou e insultou, não só o capitão da seleção, como todos os portugueses.
Para azar da Pepsi, o insulto veio num momento de enorme exaltação nacional, pois Portugal fez um jogaço e eliminou a Suécia.
O erro foi também de timing.
Como agravante, a Pepsi elegeu como alvo um jogador que, neste momento, é o melhor do mundo, e que está a jogar brutalidades.
Ou seja, Ronaldo nunca foi tão genial e tão consensual, e por isso atacá-lo, nos dias que correm, faz sempre ricochete.
Que o diga Blatter, que teve de pedir-lhe desculpa depois daquela comédia pífia, e que o diga agora a Pepsi.
O pior para a marca é que nada valem as desculpas apresentadas, o erro grave está feito.
É por estas e por outras que a Pepsi é uma marca em decadência mundial há muitos anos.
Num estudo cujos resultados apareceram publicados em vários jornais, a escola de marketing IPAM concluiu que o Mundial de Futebol do Brasil terá um impacto de 200 a 609 milhões de euros na economia portuguesa.
Esta variação depende, como é óbvio, do sucesso da seleção no torneiro.
O estudo previa que, mesmo que Portugal não se qualificasse, o impacto mínimo seria de 200 milhões.
No entanto, como todos ontem podemos assistir, a equipa de Paulo Bento, com um fabuloso Ronaldo, eliminou a Suécia, e estará no Brasil.
Assim, a primeira etapa está ultrapassada, o que significa que, no mínimo, a seleção fará 3 jogos no Brasil.
Se ficar apenas na primeira fase, o estudo do IPAM conclui que o impacto será mesmo assim de 438 milhões de euros, contando com as receitas que geram o estágio e os jogos oficiais.
A partir daqui, o impacto vai subindo, até chegar a um valor máximo estimado em 609 milhões de euros, caso Portugal seja campeão do mundo na final.
Como se chega a estes valores?
Segundo foi noticiado, o IPAM usa um modelo inglês, da UKSports, uma agência governamental inglesa.
Nesses modelos, há dois tipos de impactos que se devem levar em conta.
Os primeiros são os "impactos económicos directos": receitas dos jogos, receitas da federação, receitas das empresas de televisão durante a transmissão dos jogos, aumento de consumo durante os jogos, em restaurantes, bares e supermercados; ou despesas de viagens dos portugueses que vão ao Brasil e que voam na TAP e usam agências portuguesas para lhes marcar a estadia.
É evidente que, sendo o Mundial no Brasil, as receitas de bilheteira dos jogos não são para Portugal, mas deve-se aqui contar com um ou dois jogos particulares, ainda em Portugal, que a seleção vai certamente jogar antes de partir para o Mundial.
As receitas que a FIFA distribui, depois do Mundial, também têm de ser consideradas, pois são receitas da Federação Portuguesa de Futebol, e aumentarão se a equipa chegar longe.
Haverá direito a prémios por resultados, e uma partilha das receitas televisas da FIFA, embora em Portugal esse seja um item com menos força, pois o país não representa uma grande audiência.
Mas, se pensarmos que em 2010 os direitos televisivos foram vendidos pela FIFA por 2,6 biliões de euros, alguma coisa cá chegará em 2014.
De seguida, temos de ver qual a receita adicional directa para as televisões que vão transmitir o Mundial.
Seja nas semanas antes dos jogos, seja durante as transmissões e todo o torneio, há sempre um crescimento adicional de receitas publicitárias, e que pode ser significativo.
A estes benefícios, há que somar ainda o aumento dos consumos do portugueses durante a transmissão dos jogos.
É sabido que muitos vão a restaurantes, cafés e bares, ver os jogos e isso aumenta a receita desses locais.
Além disso, muitos organizam jantares ou encontros em casa, recebendo amigos, que trazem sempre cerveja, comidas, etc.
Há igualmente que contar com vendas adicionais de televisões, para ver os jogos; e mesmo com aumentos de despesas em deslocações, que se não houvesse jogo não existiam.
É evidente que alguma dessa despesa adicional seria feita mesmo que a Seleção não fosse ao Brasil, mas com Portugal presente, o impacto no consumo será certamente muito maior.
Por fim, há também que contabilizar as viagens. É provável que muitos portugueses rumem ao Brasil, para assistir a alguns jogos, e o façam utilizando empresas portuguesas, como a TAP ou agências de viagens. Esta despesa adicional, que só existe por causa do Mundial, deve ser acrescentada também.
Além dos impactos económicos directos, há que considerar os "impactos económicos indirectos". A despesa inicial que se faz com estes eventos, irá depois circular pela economia, gerando novos consumos.
Os donos dos restaurantes e bares, com o dinheiro extra devido a terem mais clientes durante o Mundial, se calhar vão celebrar comprando alguma coisa, ou comprando uma televisão nova lá para casa.
Assim, neste tipo de estudo, é costume aplicar ao "impacto económico directo" um multiplicador, para obtermos o "impacto económico indirecto".
Na maior parte dos casos, o multiplicador costuma ser próximo de 2.
Ou seja, se o "impacto económico directo" for 200 milhões de euros, o impacto total será de 400 milhões, sendo que 200 milhões são o "impacto económico indirecto".
Olhando para o estudo do IPAM, podemos talvez considerar que, dos 609 milhões de euros previstos se Portugal for até à final, 300 seriam de "impactos económicos directos", e 300 de "indirectos", embora eu não tenha tido acesso aos critérios do estudo, e por isso esta seja apenas uma estimativa intuitiva.
São estes estudos fiáveis e credíveis?
Nos últimos anos, têm sido levantadas algumas objecções a este tipo de estudos, considerando que eles normalmente exageram os benefícios económicos, pois apenas captam os efeitos de aumento de despesa bruto, e não o aumento de despesa líquido.
Porém, neste caso, é evidente que a maior parte das receitas não existiria se não houvesse Mundial, e parece também óbvio que os consumos em restaurantes e supermercados não seriam certamente tão altos.
É claro que se deve considerar só a receita extra, a diferença entre um dia normal e um dia de Mundial, mas parece-me evidente que ela é grande.
E, no caso das viagens de portugueses para o Brasil, também só se devem considerar as viagens que foram propositadamente por causa dos jogos, e não as outras, que existiram na mesma sem Mundial.
Agora, se muitos portugueses não forem na TAP, mas em empresas de aviação brasileira, essa receita já não é portuguesa, e não deve ser considerada.
Em resumo: embora não saiba em pormenor os números que o IPAM usou, não me parece que os resultados do estudo estejam exagerados, e é provável que o impacto do Mundial em Portugal seja um acontecimento económico relevante em 2014.
Se serão 600 milhões, mais ou menos, depende um pouco da fórmula de cálculo usada, mas é provável que o número não ande longe desse.
Já há vários anos, segundo os relatórios da Deloitte, que o Real Madrid é o clube de futebol que mais factura no mundo.
Em 2010, ia nos 438 milhões, e dois anos mais tarde, em 2012, já ia em 500 milhões de euros de receitas.
Este ano, ainda não saiu o relatório da Deloitte relativo à época 2012-2013, mas o Finantial Times já veio dizer que o Real atingiu um novo máximo, de 520,9 milhões de euros em receitas, somando bilhetes, patrocínios, direitos televisivos e outras receitas.
Ainda segundo o mesmo jornal, o lucro líquido do clube subiu 52% em relação ao ano anterior, embora a época desportiva tenha sido decepcionante, pois Mourinho só ganhou a supertaça de Espanha, mas não venceu nem campeonato, nem taças nacionais, nem competições europeias.
No entanto, o que mais me espantou foi a informação de que a dívida do Real Madrid está em 90,6 milhões de euros, o que é um valor muito baixo para um clube tão grande.
Para termos um termo de compração, a dívida de curto prazo do Benfica está quase nos 200 milhões de euros; a do FC Porto, anda pelos 70 milhões; e a do Sporting já está nos 100 milhões.
Mesmo admitindo que o maior clube do mundo não precisa de rácios de endividamento tão altos como os nossos três grandes, 90 milhões parece-me um valor muito baixo, para quem contrata jogadores por valores tão elevados.
Em 2009, Ronaldo custou mais de 90 milhões, que foram todos financiados na banca, que até teve graves problemas com isso.
Os alegados 100 milhões que agora o Real pagou por Bale, vieram certamente do mesmo sector, embora não do mesmo banco.
É certo que o Real ganha fortunas colossais com os direitos televisivos (cerca de 140 milhões de euros só pelos jogos em casa do campeonato), e também se sabe que o novo patrocinador, a Emirates Airline, vai pagar cerca de 30 milhões por ano para aparecer nas camisolas.
Mas, as contas do Real Madrid devem ser examinadas com cuidado.
O clube, tal como o Barcelona, não é uma sociedade comercial, mas sim uma cooperativa, o que lhe permite não ter fins lucrativos, pagar menos impostos, e ter uma contabilidade diferente.
Além disso, o Real ainda beneficia grandemente do acordo que fez com a câmara de Madrid, que lhe cedeu terrenos e permitiu a realização de ganhos extraordinários durante mais de uma década.
Todas estas razões levam-me a ser cuidadoso e desconfiado das contas do Real, e nomeadamente os números da dívida parecem-me demasiado baixos para serem verdadeiros.
Certamente por todas estas causas, há clubes que já se queixaram à Comissão Europeia. Foi o caso do Manchester United, que considera existir "concorrência desleal", pois Real e Barcelona beneficiam de benesses que os outros europeus não beneficiam.
A Comissão está a investigar, veremos o que decide.