Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Domingos Amaral
Saiu a fava ao Benfica, e lá teremos a Juventus em Lisboa no dia 24 de Abril!
Será que o clube italiano é mesmo mais forte que o Benfica?
Vamos comparar item a item, para ver quais as fraquezas e forças de cada equipa.
No ranking da UEFA, o Benfica está em 6º, enquanto a Juventus está apenas em 17º lugar.
Isto significa que, nos últimos 5 anos, o Benfica teve resultados europeus bem melhores que o clube italiano, que não chegou a qualquer meia-final, enquanto o Benfica já vai na terceira meia-final em 4 anos.
Quanto ao valor de mercado dos plantéis das 2 equipas, a Juventus leva vantagem.
Os italianos têm o 9º plantel mais valioso do mundo, com um valor de mercado de 353 milhões de euros, enquanto o Benfica está em 21º lugar, com um plantel avaliado em 190 milhões de euros.
Os jogadores mais valiosos do lado italiano serão Pogba (valor de mercado de 45 milhões); Vidal (44 milhões), Marchisio (28 milhões); Chiellini (24 milhões) e Tevez (22 milhões).
Do lado do Benfica, os mais valiosos são Garay (20 milhões); Gaitan (18 milhões); Salvio (17 milhões) e Cardozo (14 milhões).
Com um plantel tão valioso, é pois natural que na despesa salarial com jogadores seja também a Juventus que leva a palma.
Os italianos gastam cerca de 120 milhões de euros por ano em salários, enquanto o Benfica se fica pelos 48 milhões.
Pilro, Pogba e Arturo Vidal são os mais bem pagos, mas há que contar também com Buffon, Tevez e Llorente.
No entanto, no que toca a treinadores, é o Benfica que leva vantagem.
Jorge Jesus é o 11º mais bem pago do mundo, com um salário de 4 milhões de euros por ano, enquanto Conte está em 18º lugar, com um salário anual de 3 milhões de euros.
Por fim, no ranking das receitas, é também a Juventus que lidera.
O clube italiano gera 272,4 milhões de euros em receitas anuais, estando em 9º lugar na lista da Deloitte, enquanto o Benfica gera 109 milhões de euros de receitas, estando em 26 º lugar no mesmo ranking.
Mas, há um ponto em que o Benfica leva vantagem: o seu estádio.
A Luz cheia leva 63 mil espectadores, enquanto o novo estádio da Juventus em Turim leva apenas 41 mil espectadores.
Veremos se na primeira mão o factor casa ajuda o Benfica, mas olhando para as diferenças económicas há que considerar que a Juventus é a favorita.
Saiu ontem o relatório da Deloitte que lista os maiores clubes do mundo em termos de receitas geradas e, como já se esperava, o clube português que mais receitas gera, o Benfica, caiu do 22º para o 26º lugar.
É importante dizer que, neste relatório da Deloitte, só são consideradas as receitas de bilheteira, as receitas televisivas e as receitas comerciais (sponsors, merchandising, corporate, etc) não sendo por isso incluídas as receitas com transferências de jogadores.
O Benfica, mas especialmente o FC Porto, são muito fortes nesta receita, mas isso não é contabilizado neste relatório, o que leva os clubes portugueses a terem dificuldade de competir com os clubes das ligas mais fortes (ingleses, alemães, espanhóis, italianos e franceses), bem como com os clubes turcos e mesmo brasileiros (o Corinthians ultrapassou este ano o Benfica).
No topo da lista, continuam Real Madrid e Barcelona, que geram receitas de 518,9 e 482,6 milhões de euros, suportadas sobretudo nos fantásticos direitos televisivos e nos patrocínios que geram.
Em terceiro lugar, vem o Bayern de Munich, que destronou o Manchester United da terceira posição. Depois de uma fantástica época desportiva, os alemães chegam aos 431,2 milhões de euros, enquanto o clube inglês se fica pelos 423,8 milhões.
Em quinto lugar, em grande ascensão, aparece o Paris Saint Germain, onde os milionários do Qatar têm investido muito e gerado fantásticas receitas, que chegam aos 398,8 milhões de euros.
De seguida, um clube inglês que está em alta, e dois clubes ingleses que perderam posições. O Manchester City, sobe para 6º lugar, com 316,2 milhões; o Chelsea cai para sétimo com 303,4 milhões; e o Arsenal tomba para oitavo, com 284,3 milhões de euros.
Em nono e décimo aparecem os dois primeiros clubes italianos: a Juventus, com 272,4 milhões, e o AC Milan, com 263,5 milhões.
Depois dos dez primeiros aparecem Dortmund, Liverpool, Shalke, Tottenham, e Inter, sendo que este último caiu 4 posições no ranking!
Depois, a surpresa: o 16º classificado é o Galatasaray, que ano passado estava em 29º! Os clubes turcos são os que mais sobem este ano, pois o Fenerbahçe também trepa até ao 18 lugar.
No meio dos turcos está o Hamburgo, que também sobe, e logo atrás estão a Roma e o Atlético de Madrid, que fecham o top 20.
Quem saiu dos 20 mais foram o Nápoles, o Newcastle, o Marselha e o Lyon, que caíram todos muito nas suas receitas.
E, para o ano, a Deloitte avisa que os ingleses vão subir muito, pois há novos contratos televisivos na Premier League.
É muito provável que, mesmo com a Benfica TV, o clube da Luz não consiga acompanhar a pedalada, e saia fora dos 30 primeiros.
Portugal é um país muito mais pequeno que os outros, e ainda por cima com a crise económica que por cá vai, e com a penúria que os nossos clubes ganham em direitos televisivos, temos poucas hipóteses.
Exportar jogadores é uma fatalidade para os nossos clubes.
O regresso do Sporting às boas exibições, que leva as pessoas ao estádio, é um importante sinal.
Nos últimos três anos, devido às más épocas da equipa, o Sporting nunca conseguiu facturar muito nas bilheteiras.
Em 2010-2011, conseguiu 10,6 milhões de euros no total; em 2011-2012, chegou aos 11,4; mas no ano passado deverá ter caído para a casa do 7 milhões, e isto já a contar com as quotizações*.
Longe, muito longe do Benfica, que desde que Jesus chegou ao clube, factura 30 milhões no seu estádio.
Mesmo assim, com exibições decepcionantes, o Sporting não andou muito longe do FC Porto, que em 2010-2011 e 2011-2012 conseguiu 11,6 milhões de euros; e no ano passado também desceu muito, não devendo chegar aos 8 milhões de euros.
E isto em 3 épocas em que o FC Porto foi campeão e o Sporting era confrangedor.
A verdade é que o potencial de receitas no estádio do Sporting parece superior ao do FC Porto.
O Sporting tem mais sócios e simpatizantes, e eles têm capacidades económicas elevadas.
Repare-se que, mesmo numa década em que o Sporting não foi campeão, existiram pelo menos 3 anos em que facturou mais no seu estádio que os azuis no Dragão.
Em 2004-2005, o Sporting chegou aos 15, 6 milhões de euros, enquanto o FC Porto, que teve um ano atípico, um pós-Mourinho conturbado, se ficou pelos 13,4 milhões de euros.
A história voltou a repetir-se mais duas vezes.
Em 2007-2008, o Sporting treinado por Paulo Bento, atingiu a sua mais alta faturação de sempre no estádio, chegando aos 16,4 milhões, e o FC Porto de Jesualdo não conseguiu melhor que 14,5 milhões, apesar de ter sido campeão.
Em 2009-2010, o Sporting voltou a ultrapassar o FC Porto em receitas de bilheteiras, obtendo 12,8 milhões de euros contra os 12,3 dos azuis.
E isto apesar do Benfica ter sido campeão, e do Sporting ter ficado em 4º lugar, atrás do FC Porto, que foi 3º.
Assim, parece-me um excelente sinal para o Sporting que o ano esteja a começar com grandes casas, como contra o Arouca e sobretudo contra o Benfica.
Se a equipa continuar a manter a bitola alta deste início de campeonato, é possível o Sporting quase dobrar a sua receita em Alvalade, em relação ao ano passado, mesmo sem jogos europeus.
Com Alvalade cheia, um importante passo para a recuperação financeira do clube está a ser dado.
Um estádio eufórico e lotado gera muita receita, e muita receita equilibra as contas e permite abater a dívida.
É assim, e com boas vendas de jogadores (de que falarei num próximo post), que se recupera o clube.
* Os números citados são retirados dos relatórios de contas dos clubes.