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Domingos Amaral
Há quem diga que o Real é uma equipa de milhões e o Atlético é uma equipa de tostões, mas isso não é verdade na parte que toca ao Atlético.
O Real Madrid tem o seu plantel avaliado em cerca de 575 milhões de euros, mas o Atlético de Madrid está nos 256 milhões.
Há uma diferença, é certo, mas o Atlético está claramente nos 15 plantéis mais valiosos do mundo, em 13º lugar.
No ranking da Deloitte, que diz respeito às receitas de cada clube, a diferença é maior: o Real está em 1º lugar, com receitas de 518 milhões de euros, enquanto o Atlético se fica pelo 20º lugar, com apenas 120 milhões de receitas, um valor próximo das do Benfica.
Outro item em que o Real leva vantagem, é o salário que paga ao seu treinador.
Ancelotti é o 6º treinador mais bem pago do mundo, e recebe 7,5 milhões de euros por ano, enquanto Simeone está em 26º lugar nos mais bem pagos, e recebe apenas 2,5 milhões de euros por ano.
No entanto, como se viu este ano, não são só os valores económicos que contam em futebol.
O Atlético, mesmo com uma despesa salarial que é cerca de um terço da do Real Madrid (200 milhões contra 75 milhões), conseguiu vencer a Liga Espanhola, e teve uma percentagem de vitórias impressionante, de 81,5%, com 28 vitórias, 6 empates e apenas 4 derrotas.
Quanto ao Real, o registo podia ter sido melhor, não fosse a quebra final. Ficou em 3º lugar, com 27 vitórias, 6 empates e 5 derrotas, o que dá uma percentagem de vitórias de 78,9%.
Importante detalhe: o Real teve o melhor ataque da Liga, com 104 golos, e o melhor marcador, Ronaldo, com 31 golos; e o Atlético teve a melhor defesa da Liga, com apenas 26 golos sofridos.
Na Champions, o registo de ambos é semelhante.
O Atlético não teve derrotas, e conseguiu 9 vitórias e 3 empates, o que dá uma percentagem de vitórias de 87,5%, o que é fantástico.
Quanto a golos, marcou 25 golos e sofreu apenas 6 golos, o que significa que foi a melhor defesa da Champions deste ano.
O Real Madrid teve também um registo brilhante, com 10 vitórias, 1 empate e 1 derrota, o que dá uma percentagem de vitórias exactamente igual à do Atlético, 87,5%.
Nos golos, o Real marcou mais, foi o melhor ataque da Champions e atingiu o espantoso número de 37 golos em 12 jogos, tendo sofrido um total de 9 golos.
Portanto, a final será o melhor ataque contra a melhor defesa.
Para os cínicos, isto costuma ser óbvio, ganhará a melhor defesa.
Eu não vou tão longe, e como ainda acredito muito no futebol ofensivo, gostaria de ver o Real a ganhar e o Cristiano a marcar.
De qualquer forma, lembro-me sempre da final do SuperBowl deste ano, em que também o melhor ataque (Denver Broncos) enfrentou a melhor defesa (Seattle Seahawks), e o resultado foi uma vitória impressionante da melhor defesa dos de Seattle.
Portanto, cuidado Real, que marcar golos ao Atlético de Simeone não é pera dôce!
Das oito equipas que estão nos quartos-de-final da Champions, vão passar à meia-final as mais ricas?
O valor do plantel e a despesa salarial das equipas fará uma seleção natural, colocando à frente as mais abastadas?
A resposta é: nem sempre!
Vejamos como estão os quartos-de-final depois da primeira mão.
O Barcelona empatou em casa com o Atlético de Madrid (1-1).
O valor do plantel do Barcelona é de 600 milhões de euros, enquanto o do Atlético é de 256,1 milhões de euros.
A despesa salarial do Barcelona é de 220 milhões de euros, enquanto o Atlético gasta em salários pouco mais de metade desse valor, 120 milhões de euros.
Em receitas, e segundo o último relatório da Deloitte, o Barcelona é o 2º clube que mais receitas gerou em 2012/2013, atingindo um valor de 482,6 milhões de euros, enquanto o Atlético está em 20º lugar dessa lista, com apenas 120 milhões de euros de receitas.
O salário do treinador também revela importantes diferenças.
Gerardo Martino ganha cerca de 5,4 milhões de euros, enquanto Diego Simeone se fica pelos 2,5 milhões de euros.
O Barcelona tem 2 jogadores no top ten dos maiores salários do mundo, Messi e Neymar, enquanto o Atlético não tem nenhum jogador nesse top.
Na lista dos 100 jogadores mais valiosos, existem apenas 3 do Atlético de Madrid (Diego Costa, Courtois e Arda Turan), mas existem 9 do Barcelona (Messi, Neymar, Iniesta, Busquets, Fabregas, Piqué, Alexis Sanchez, Jordi Alba e Dani Alves).
Perante estes dados, o que podemos dizer é que o Atlético de Madrid está a surpreender, o seu valor desportivo está a sobrepor-se ao valor económico do Barcelona.
Passemos ao Paris Saint-Germain e ao Chelsea.
Na primeira mão, ficou 3-1 em Paris.
O valor do plantel do Chelsea é de 451 milhões de euros, enquanto o do PSG está nos 363,7 milhões de euros.
A despesa salarial do Chelsea anda pelos 210 milhões de euros, enquanto a do PSG se fica pelos 170 milhões.
Em receitas, a situação inverte-se, o PSG chega aos 398,8 milhões de euros gerados em receitas com bilheteira, direitos televisivos e patrocinadores, enquanto o Chelsea se fica pelos 303,4 milhões de euros.
Mas, no salário do treinador, o Chelsea regressa à vantagem. Mourinho ganha 10,3 milhões de euros, enquanto Blanc se fica pelos 3 milhões.
Quanto a jogadores no top ten dos salários, o único presente é Ibrahimovic, do PSG, que ganha 14,5 milhões por ano, mas atenção porque ele se lesionou e não irá jogar a segunda mão.
Se por fim olharmos para a lista dos 100 mais valiosos, vemos que por lá existem 7 jogadores do PSG (Cavani, Thiago Silva, Lucas Moura, Pastore, Lavezzi, Marquinhos e Verrati) e do Chelsea contam-se apenas 6 (Schurle, David Luiz, Ramires, Oscar, William e Hazard).
Portanto, esta é uma eliminatória onde se previa mais equilíbrio, embora o valor económico seja favorável ao Chelsea.
Mas, o PSG conseguiu adiantar-se e fez um resultado muito bom na primeira mão, acima do que se esperava.
Para já, o valor desportivo do PSG está a sobrepor-se ao maior valor económico do Chelsea.
No embate entre Real Madrid e Borussia Dortmund, as coisas são bem mais previsíveis.
Em Madrid, o resultado foi 3-0, e poucos acreditam que na Alemanha o Borussia consiga virar o assunto.
É um resultado esperado, pois há diferenças muito consideráveis entre as duas equipas.
O Real Madrid é o 2º plantel mais valiosos do mundo, só atrás do Barça, e vale 575,3 milhões de euros, enquanto o Dortmund se fica pelo 11º lugar nessa lista, valendo apenas 308,7 milhões.
Quanto à despesa salarial, a do Real chega aos 215 milhões, enquanto a do Dortmund se fica pelos 65 milhões de euros.
Em receitas totais, a diferença é também muito acentuada: o Real gera 518 milhões, o Borussia apenas 256 milhões de euros.
O salário do treinador também é diferente: Carlo Ancelotti é o 6º mais bem pago do mundo, ganhando 7,5 milhões, enquanto Klopp é o 9º mais bem pago, com um vencimento de 4,3 milhões de euros.
Quanto a jogadores, em campo só haverá um que está no top ten dos mais bem pagos, Cristiano Ronaldo.
Mas, se olharmos para o valor individual de mercado dos jogadores, vemos que a diferença é colossal.
O Real tem 10 jogdores na lista dos 100 mais valiosos (Ronaldo, Bale, Isco, Di Maria, Benzema, Modric, Marcelo, Ramos, Ilaramendi e Varane), enquanto que o Dortmund só tem 5 jogadores (Hummels, Mkhltaryan, Gundogan, Reus e Lewandowski).
Portanto, ninguém ficará surpreendido se o Real seguir em frente, pois tem maior valor desportivo e económico.
Por fim, o embate de gigantes entre Manchester United e Bayern de Munique.
Em Inglaterra, ficou 1-1, mas a surpresa terá sido o bom jogo que fez o United, pois a balança económica está claramente desequilibrada para o lado dos alemães.
O plantel do Bayern é o terceiro mais valioso do mundo, vale 493,2 milhões de euros; enquanto o do Manchester United é apenas o 6º da lista, com um valor de 394,1 milhões de euros.
Quanto à despesa salarial, a diferença é curta. Bayern gasta 200 milhões em salários, o United gasta 198 milhões.
E em receitas totais, também não se mostra grande desequilíbrio. O Bayern gera 431 milhões, o United gera 423 milhões.
Mas, no que toca ao salário do treinador, abre-se um grande fosso. David Moyes ganha 5,9 milhões por ano, enquanto Guardiola é o mais bem pago do mundo, nos 17 milhões!
Em valor individual de mercado de jogadores, temos que o Bayern tem 12 jogadores no top 100 (Goetze, Muller, Schweinsenteiger, Martinez, Ribery, Kroos, Alaba, Neuer, Lahm, Thiago Alcântara, Mandzukic e Robben) e o United tem apenas 3 (Mata, Rooney, Van Persie).
Em conclusão, será uma enorme surpresa se o Bayern não seguir em frente, pois tem maior valor económico e desportivo.
Saiu ontem o relatório da Deloitte que lista os maiores clubes do mundo em termos de receitas geradas e, como já se esperava, o clube português que mais receitas gera, o Benfica, caiu do 22º para o 26º lugar.
É importante dizer que, neste relatório da Deloitte, só são consideradas as receitas de bilheteira, as receitas televisivas e as receitas comerciais (sponsors, merchandising, corporate, etc) não sendo por isso incluídas as receitas com transferências de jogadores.
O Benfica, mas especialmente o FC Porto, são muito fortes nesta receita, mas isso não é contabilizado neste relatório, o que leva os clubes portugueses a terem dificuldade de competir com os clubes das ligas mais fortes (ingleses, alemães, espanhóis, italianos e franceses), bem como com os clubes turcos e mesmo brasileiros (o Corinthians ultrapassou este ano o Benfica).
No topo da lista, continuam Real Madrid e Barcelona, que geram receitas de 518,9 e 482,6 milhões de euros, suportadas sobretudo nos fantásticos direitos televisivos e nos patrocínios que geram.
Em terceiro lugar, vem o Bayern de Munich, que destronou o Manchester United da terceira posição. Depois de uma fantástica época desportiva, os alemães chegam aos 431,2 milhões de euros, enquanto o clube inglês se fica pelos 423,8 milhões.
Em quinto lugar, em grande ascensão, aparece o Paris Saint Germain, onde os milionários do Qatar têm investido muito e gerado fantásticas receitas, que chegam aos 398,8 milhões de euros.
De seguida, um clube inglês que está em alta, e dois clubes ingleses que perderam posições. O Manchester City, sobe para 6º lugar, com 316,2 milhões; o Chelsea cai para sétimo com 303,4 milhões; e o Arsenal tomba para oitavo, com 284,3 milhões de euros.
Em nono e décimo aparecem os dois primeiros clubes italianos: a Juventus, com 272,4 milhões, e o AC Milan, com 263,5 milhões.
Depois dos dez primeiros aparecem Dortmund, Liverpool, Shalke, Tottenham, e Inter, sendo que este último caiu 4 posições no ranking!
Depois, a surpresa: o 16º classificado é o Galatasaray, que ano passado estava em 29º! Os clubes turcos são os que mais sobem este ano, pois o Fenerbahçe também trepa até ao 18 lugar.
No meio dos turcos está o Hamburgo, que também sobe, e logo atrás estão a Roma e o Atlético de Madrid, que fecham o top 20.
Quem saiu dos 20 mais foram o Nápoles, o Newcastle, o Marselha e o Lyon, que caíram todos muito nas suas receitas.
E, para o ano, a Deloitte avisa que os ingleses vão subir muito, pois há novos contratos televisivos na Premier League.
É muito provável que, mesmo com a Benfica TV, o clube da Luz não consiga acompanhar a pedalada, e saia fora dos 30 primeiros.
Portugal é um país muito mais pequeno que os outros, e ainda por cima com a crise económica que por cá vai, e com a penúria que os nossos clubes ganham em direitos televisivos, temos poucas hipóteses.
Exportar jogadores é uma fatalidade para os nossos clubes.
Ninguém dúvida do fantástico valor desportivo e económico de Cristiano Ronaldo.
Ontem, merecidamente, o presidente da República condecorou aquele que é o português mais mediático de sempre, o mais conhecido, e um dos que mais feitos conquistou.
Além disso, é também o português mais valioso do mundo, individualmente.
Há portugueses cuja fortuna é maior, como Amorim e outros, mas são proprietários de grandes empresas, não pessoas.
O nome Cristiano Ronaldo é aquele que mais ganhos gera em Portugal.
Há quem diga que ele vale 50 milhões de euros, há quem diga que vale mais, outros um pouco menos do que isso.
O valor total importa pouco, aquilo que sabemos é que é muito.
Cristiano é neste momento o segundo jogador mais valioso do mundo, com um valor de mercado que ronda os 100 milhões de euros.
Aufere o mais elevado salário pago a um jogador de futebol, 17 milhões de euros por ano.
Além disso, tem contratos individuais de imagem com várias marcas.
A Nike calça-o, por um valor que se aproxima dos 7 milhões de euros por ano.
Segue-se a Herbalife, num contrato com valores nunca revelados; e o BES, que expandiu muito a sua conta CR7 e os seus balcões em Espanha à conta de Ronaldo, captando em 2012 mais de 5 mil milhões de euros em depósitos.
Há ainda a Linic, e mais uns quantos patrocinadores individuais; aos quais há que somar as marcas relacionados com o Real Madrid (Emirates, bwin, Audi, Adidas, etc); as relacionadas com a Liga Espanhola (BBVA, Mahou, etc) e as relacionadas com a Seleção Nacional de Portugal (Tmn, Galp, Continente, Sagres, etc).
Para calcular o valor de Cristiano, temos ainda de incluir o seu valor mediático individual, com as páginas do Faceboo e do Twitter, com milhões de fãs, a valerem imenso.
Se tudo isto ultrapassa ou não os 50 milhões de euros anuais, é difícil de dizer, pois muitos destes contratos de patrocínio e páginas mediáticas não têm um valor contante, mas variável, dependendo do rendimento desportivo do jogador.
Mas, é provável que esse valor ande perto da realidade.
A única área que ainda não parece bem gerida na carreira de Ronaldo é a marca CR7, mais associada à sua imagem pessoal.
Começou por ser uma marca de lojas de roupas, geridas pelas irmãs, mas as coisas não correram bem, e não se podem considerar um sucesso.
Depois, há uma aventura na ligerie masculina, com uma imagem muito física, cheia de músculos, e que também não parece estar a ser bem sucedida.
Há ainda uma ideia para abrir um Hotel CR7 na Madeira, mas é cedo para tirar conclusões nesse área.
De qualquer forma, a marca CR7 não descola, e talvez falte a Cristiano Ronaldo uma associação a alguém mais profissional, para expandir esta linha de negócios.
Beckham, por exemplo, faz isso bem melhor que CR7, e por alguma razão a sua mulher Vitória um dia disse que ele não devia ser conhecido como "Golden Boy" mas sim como "Golden Balls".
Terminada a fase de grupos das competições europeias, tanto na Champions como na Liga Europa, no ranking da UEFA o Benfica está neste momento em 7º lugar, e o FC Porto está em 10º lugar.
Mesmo sabendo que a ambos os clubes - FC Porto e Benfica - esta fase não correu bem, tendo ambos descido para a Liga Europa, a verdade é que o Benfica somou 10 pontos na fase de grupos, enquanto o FC Porto só somou cinco, e por isso a variação de ambos no ranking foi em sentido inverso.
O Benfica subiu de 9º para 7º, e o FC Porto desceu de 8º para 11º.
Confira aqui o ranking dos 10 mais da UEFA em Dezembro de 2013:
1º Barcelona, 149685
2º Bayern de Munique, 145899
3º Real Madrid, 144685
4º Chelsea, 132464
5º Manchester United, 124464
6º Arsenal, 111464
7º Benfica, 110593
8º Atlético de Madrid, 104685
9º Valência, 100685
10º AC Milan, 97621 pontos
11º FC Porto, 96593
A título de curiosidades, diga-se que na fase de grupos da Champions, o FC Porto foi afastado por um clube que está abaixo dele no ranking da UEFA, o Zenit, que é o 20º.
Já o Benfica foi afastado por 2 clubes que estão abaixo, o Paris Saint Germain, que é o 17º do ranking, e o Olympiakos, que está em 26º lugar.
É igualmente importante notar que os próximos adversários de Benfica e FC Porto na Liga Europa, PAOK e Eintracht de Frankfurt, não estão nos primeiros 50 lugares do ranking da UEFA.
O Paok está em 58º lugar, e o Eintracht de Frankfurt está em 78º!
Por fim, vale a pena lembrar que o Sporting, apesar de não ter participado este ano nas competições europeias, continua nos 50 primeiros, em 31º lugar, ainda assim à frente do Braga, que é o 38º.
Finalmente, Cristiano Ronaldo conseguiu o que desejava, ser o futebolista mais bem pago do mundo!
Irá ganhar cerca de 17 milhões de euros por ano, incluindo o vencimento, os bónus e contratos de imagem associados ao Real Madrid.
A renovação do contrato com o Real Madrid, não sendo uma surpresa, vem colocar um ponto final na especulação que começara há cerca de um ano, quando Cristiano se revelara "triste", alegamente porque se sentia mal pago.
Em finais de 2012, havia um fundo de razão no que ele dizia, especialmente se comparássemos o seu salário com o dos jogadores que, naquela altura, eram os mais bem pagos do mundo.
Há um ano, a lista era encabeçada por Eto´o, a quem o Anzhi pagava 20 milhões de euros para jogar nos confins da Rússia.
Depois, vinham Ibrahimovic, do PSG, que levava para casa 14,5 milhões por ano; Rooney, que no United recebia 13,5 milhões; Yaya Touré, do City, com 13,5 milhões e, do mesmo City, Kun Aguero, que recebia 12,5 milhões.
O que espantava na lista dos 10 mais bem pagos, é que aqueles que todos reconheciam como os dois melhores do mundo, Messi e Ronaldo, estavam apenas na 9ª e 10ª posição, Messi ganhava 10,5 milhões, e Ronaldo 10 milhões.
A "tristeza" de Ronaldo tinha razão de ser, pois ele merecia mais, tal como Messi.
Contudo, este ano muita coisa mudou na lista dos 10 mais bem pagos.
Eto´o desapareceu da lista, com a decomposição da equipa do Anzhi; Neymar e Falcão subiram a grande velocidade, entrando no "top ten", bem como Cavani; os três com melhorias salariais fantásticas, graças às transferências em que estiveram envolvidos.
Por fim, e mais relevante ainda, tanto Messi como Ronaldo renegociaram os seus salários com Barcelona e Real Madrid e subiram finalmente para o topo da lista.
As revelações de "tristeza" pela parte de Ronaldo, bem como as declarações onde ele dizia que "gostava de acabar a carreira no Manchester United", foram pois parte integrante da sua "estratégia de renegociação" do contrato com o Real.
Uma estratégia que foi eficaz e inteligente, e que conduziu a um resultado justo, pois o jogador consegue resultados fantásticos, nomeadamente em golos, que só Messi consegue superar.
Estarem os dois no topo da lista é uma situação mais "normal", ao contrário da anomalia que existia o ano passado.
E quem está então na lista dos 10 mais bem pagos do mundo?
Com a informação que consegui obter, em vários sites e na imprensa desportiva, eis os 10 salários mais elevados neste momento:
1º Cristiano Ronaldo, Real Madrid, 17 milhões de euros
2º Leonel Messi, Barcelona, 16 milhões de euros
3º Neymar, Barcelona, 15 milhões de euros*
4º Ibrahimovic, Paris Saint-German, 14,5 milhões de euros
5º Falcão, Monaco, 14 milhões de euros
6º Rooney, Manchester United, 13,5 milhões de euros
7º Yaya Touré, Manchester City, 13 milhões de euros
8º Kun Aguero, Manchester City, 12,5 milhões de euros
9º Torres, Chelsea, 10,8 milhões de euros
10º Cavani, Paris Saint-German, 10 milhões de euros
* Oficialmente, Neymar apenas ganha 7 milhões de euros por ano, no entanto existe um contrato paralelo, assinado entre o pai de Neymar e o clube da Catalunha, com pagamentos no valor de 40 milhões de euros ao longo de cinco anos, e que no fundo é um salário pago a Neymar por outras vias, o que aumenta o seu salário anual em cerca de 8 milhões de euros, e sobe o total para 15 milhões.
Já há vários anos, segundo os relatórios da Deloitte, que o Real Madrid é o clube de futebol que mais factura no mundo.
Em 2010, ia nos 438 milhões, e dois anos mais tarde, em 2012, já ia em 500 milhões de euros de receitas.
Este ano, ainda não saiu o relatório da Deloitte relativo à época 2012-2013, mas o Finantial Times já veio dizer que o Real atingiu um novo máximo, de 520,9 milhões de euros em receitas, somando bilhetes, patrocínios, direitos televisivos e outras receitas.
Ainda segundo o mesmo jornal, o lucro líquido do clube subiu 52% em relação ao ano anterior, embora a época desportiva tenha sido decepcionante, pois Mourinho só ganhou a supertaça de Espanha, mas não venceu nem campeonato, nem taças nacionais, nem competições europeias.
No entanto, o que mais me espantou foi a informação de que a dívida do Real Madrid está em 90,6 milhões de euros, o que é um valor muito baixo para um clube tão grande.
Para termos um termo de compração, a dívida de curto prazo do Benfica está quase nos 200 milhões de euros; a do FC Porto, anda pelos 70 milhões; e a do Sporting já está nos 100 milhões.
Mesmo admitindo que o maior clube do mundo não precisa de rácios de endividamento tão altos como os nossos três grandes, 90 milhões parece-me um valor muito baixo, para quem contrata jogadores por valores tão elevados.
Em 2009, Ronaldo custou mais de 90 milhões, que foram todos financiados na banca, que até teve graves problemas com isso.
Os alegados 100 milhões que agora o Real pagou por Bale, vieram certamente do mesmo sector, embora não do mesmo banco.
É certo que o Real ganha fortunas colossais com os direitos televisivos (cerca de 140 milhões de euros só pelos jogos em casa do campeonato), e também se sabe que o novo patrocinador, a Emirates Airline, vai pagar cerca de 30 milhões por ano para aparecer nas camisolas.
Mas, as contas do Real Madrid devem ser examinadas com cuidado.
O clube, tal como o Barcelona, não é uma sociedade comercial, mas sim uma cooperativa, o que lhe permite não ter fins lucrativos, pagar menos impostos, e ter uma contabilidade diferente.
Além disso, o Real ainda beneficia grandemente do acordo que fez com a câmara de Madrid, que lhe cedeu terrenos e permitiu a realização de ganhos extraordinários durante mais de uma década.
Todas estas razões levam-me a ser cuidadoso e desconfiado das contas do Real, e nomeadamente os números da dívida parecem-me demasiado baixos para serem verdadeiros.
Certamente por todas estas causas, há clubes que já se queixaram à Comissão Europeia. Foi o caso do Manchester United, que considera existir "concorrência desleal", pois Real e Barcelona beneficiam de benesses que os outros europeus não beneficiam.
A Comissão está a investigar, veremos o que decide.
Nos últimos dias, vários jornais económicos e desportivos noticiaram o fantástico acordo de patrocínio das camisolas do Barça.
O patrocinador, a Qatar Airways, é o primeira marca comercial a aparecer estampada nas camisolas do clube, e o valor do contrato é excelente.
São cerca de 30 milhões de euros no primeiro ano, mais 5 milhões dependendo da carreira na Champions, e ao terceiro ano, o último do contrato, o valor poderá chegar mesmo a 33+5 milhões.
Para quem nunca vendera a camisola a marcas, o Barcelona fez-se pagar caro.
Mas, há anos que o Barça vinha quebrando o tabu devagarinho.
Primeiro com a Unicef, e depois, nas duas últimas épocas, com a Qatar Foundation, que é nem mais nem menos que a dona da...Qatar Airways.
Foi pois uma transição serena, e agora já não há nenhum clube de futebol no mundo (dos grandes, obviamente) que não tenha patrocinador nas camisolas.
No entanto, quem pense que este é o maior patrocínio de sempre, está enganado.
Acima do Barça existem pelo menos dois clubes: o Bayern de Munique e o Manchester United.
Quanto aos alemães, o patrocínio da Deutsche Telekom está avalidado em 40 milhões de euros por ano, e esta época ainda é o maior do mundo.
Aliás, o Bayern é o clube europeu que mais factura com patrocinadores, cerca de 200 milhões de euros por ano.
No grupo dos sponsors, além da Deutsche Telekom, estão a Audi, a Adidas, a Samsung, a cerveja Paulaner e a Allianz, que dá o nome ao estádio de Munique.
Mas, o reinado do Bayern só vai durar mais um ano, pois já foi anunciado um novo contrato de patrocínio milionário entre o Manchester United e a Chevrolet, que no entanto só entrará em vigor em 2014/2015.
O valor total do patrocínio será de 559 milhões de euros a dividir por sete temporadas, o que dá um número anual de cerca de 79 milhões de euros, para a Chevrolet aparecer nas camisolas do United.
Assim sendo, é possível fazer um ranking dos maiores patrocínios de camisolas do futebol europeu, já levando em conta o contrato anunciado pelos "red devils".
1 - Manchester United, Chevrolet, 79 milhões por ano (só a partir de 2014/2015).
2 - Bayern Munique, Deutsche Telekom, 40 milhões
3 - Barcelona, Qatar Airways, 35 milhões
4 - Manchester City, Ethiad Airways, 31 milhões
5 - Liverpool, Standard Chartered, 31 milhões
6 - Real Madrid, Emirates, 25 milhões
7 - Chelsea, Samsung, 21 milhões
8 - Borussia Dortmund, Evonik, 20 milhões
9 - AC Milan, Emirates, 16 milhões
10 - Schalke, Gazprom, 15 milhões
Estes números são retirados dos relatórios da Deloitte e da Brand Finance, e mostram como os patrocínios se tornaram com o tempo como uma das maiores fontes de receitas dos clubes.
Embora estes valores se refiram apenas aos patrocínios na parte da frente das camisolas, há muitos outros patrocinadores, seja nos interior dos estádios, nos centros de estágio, no naming, nos equipamentos principais e alternativos, e também nas televisões de alguns clubes.
Como já disse, na Europa é o Bayern que mais factura em patrocínos, e os seus 200 milhões de euros anuais nesse tipo de receitas ultrapassam o valor das receitas das bilheteiras e dos direitos televisivos.
E quanto a Portugal, onde estamos?
Na época de 2011/2012, o Benfica foi o que mais facturou em patrocínios, 17 milhões de euros.
E, na última temporada, o valor reportado no relatório do 3º trimestre, apontava para uma ligeira quebra, prevendo-se que o valor anual andasse pelos 16 milhões.
Para esta temporada, o clube não divulgou o valor do patrocínio da MEO, provavelmente porque o contrato engloba mais coisas, como a partilha de receitas da Benfica tv.
Quanto ao FC Porto, o valor da publicidade e patrocínios foi de 13,2 milhões de euros na época de 2011/2012, prevendo-se no terceiro trimestre de 2012/2013 também uma ligeira quebra, que aponta para um valor anual abaixo dos 13 milhões.
Por fim, no Sporting, em 2011/2012, valor foi de 7,7 milhões de euros, e para 2012/2013 a previsão no terceiro trimestre apontava também para uma quebra, devendo o valor final ficar abaixo do 7 milhões.
Embora seja óbvio que o mercado português é mais pobre que os outros, julgo que os patrocínios em Portugal estão um bocado abaixo do seu potencial.
É uma área onde são precisas mais e melhores ideias, para as marcas e para os clubes.
Nas últimas semanas, muitas foram as notícias sobre a eminente transferência de Gareth Bale do Tottenham para o Real Madrid.
Embora não existisse unanimidade, os valores apontavam para a astronómica soma de 100 a 120 milhões de euros.
Em certos casos, dizia-se que esse valor incluíria o passe de outros jogadores do Real Madrid (Di Maria, Coentrão, etc), e que poderia diminuir para cerca de 80 milhões, se eles fossem incluídos no negócio.
Seja como for, a imprensa do futebol parecia dar como adquirido que iria ser batido o recorde de transferências, no valor de 94 milhões de euros e ainda na posse de de Cristiano Ronaldo, quando em 2009 se mudou do Manchester United para o Real Madrid.
Como é evidente, aquilo que sei é o que vem escrito na imprensa, e portanto não faço ideia se Bale será ou não transferido este ano, e a ser porque valor se fará a operação.
Porém, parece-me interessante investigar a questão do valor da transferência. Será que Bale vale 120 milhões? Ou mesmo 100 milhões de euros?
Qual o valor de mercado do jogador? E como se chega a esse valor?
A empresa brasileira Pluri Consultoria, que publica todos os anos uma lista dos 60 mais valiosos jogadores de futebol do mundo, considerou que no final da época de 2012 o jogador Gareth Bale era o 17º mais valioso do mundo, com um valor de mercado de 39 milhões de euros.
E, em Abril último, já perto do final da época de 2013, o site alemão TransferMarket colocava Bale apenas um lugar acima, no 16º lugar, com um valor de 42 milhões de euros, semelhante ao de Mário Gotze, Sergio Busquets, Juan Mata ou Frank Ribery.
Portanto, e apesar da excelente época 2012/2013 que fez, Bale não subira muito o seu valor para os obervadores de mercado, não passando da quinta posição entre os jogadores que actuam na Premier League inglesa, atrás de Rooney, Kun Aguero, Van Persie e David Silva.
Como explicar então que um jogador que em Abril estava avaliado em 42 milhões possa em Agosto valer 100 ou mesmo 120 milhões?
Para analisar o valor de mercado de um jogador é preciso avaliar as suas características: a sua performance, a sua integração numa equipa, e o potencial gerador de receitas para o clube.
Comecemos pela "performance". Bale tem 24 anos, feitos a 16 de Julho, e está portanto na idade perfeita para dar um salto na carreira, quase a atingir a maturidade como jogador mas ainda com uma força física impressionante.
É normalmente nesta idade que acontece um pulo salarial e Bale já ganha perto de 5 milhões de euros por ano. Se ficar no Tottenham esta época, terá provavelmente direito a um aumento de salário substancial.
Dotado de um estupendo pé esquerdo, Bale evoluiu de defesa-esquerdo para extremo-esquerdo, e depois para extremo à solta, a quem o treinador dá inteira liberdade para vaguear por onde quer.
É muito rápido, forte e possante, e começou por ser notado pela forma eficaz como batia livres, marcando muitos golos.
No entanto, nas últimas duas épocas, sobretudo na última, marca cada vez mais golos em andamento, embora quase só com o pé esquerdo.
Em Abril de 2006, tornou-se no segundo mais jovem jogador de sempre a estrear-se no Southampton, com apenas 16 anos e 275 dias. Marcou nessa época dois golos, ambos de livre directo.
Ao todo, realizou 45 jogos com a camisola do Southampton, tendo facturado 5 golos, e em Maio de 2007 foi vendido ao Tottenham, por cerca de 10 milhões de euros.
Já nos Spurs, começaram os problemas sérios. Uma rotura de ligamentos no tornozelo direito impediu-o de jogar mais esse ano, e mesmo a época seguinte, 2008-2009, ficou seriamente comprometida, tendo Bale jogado muito pouco.
Os problemas continuaram: em Junho de 2009 foi operado ao joelho e perdeu a pré-época. Mas a parte final dessa temporada já correu bastante bem, e renovou com o Tottenham em Maio de 2010.
A partir daqui é quase sempre a subir.
O número de golos marcados aumenta: serão 11 no final da época, seguindo-se 12 na época seguinte, 2011-12.
Embora jogasse a extremo-esquerdo cada vez mais vezes, só no início da última época é que muda defitivamente de número e de posição. Troca o 3 pelo 11 e declara que não mais será um "defesa-esquerdo".
A mudança definitiva faz explodir a sua importância na equipa. Já com André Villas-Boas como treinador, marca um total de 26 golos e anda literalmente com os colegas às costas, levando-os ao quinto lugar na Premier League.
No entanto, e apesar de vários títulos individuais, Bale nunca venceu qualquer título por equipas, nem sequer uma taça. E na Europa, o Tottenham não passou dos quartos-de-final da Liga Europa...
Para complicar a situação, a velha lesão no tornozelo direito voltou a dar problemas, afastando Bale durante alguns jogos.
O seu estilo espectacular de corrida é a sua imagem de marca, bem como os poderosos pontapés, mas o tornozelo direito é o seu calcanhar de Aquiles, por assim dizer.
Para além disso, Bale também não tem grande sorte com a Seleção Nacional pela qual joga. O seu País de Gales não será nunca um concorrente à altura de um Europeu ou de um Mundial de Futebol, o que significa que ele não pode aproveitar esses palcos para se valorizar.
Harry Redknapp, que o lançou como extremo-esquerdo, é um dos seus principais apreciadores, e considera-o "um talento impressionante, que tem melhorado sempre, um jogador de classe mundial, logo atrás dos Messis e dos Ronaldos".
Sim, é evidentemente um excelente jogador, mas ao ponto de valer 120 milhões de euros?
Terá Bale um potencial grande de atração de novas receitas? É que encher as bancadas de White Hart Lane não é exactamente o mesmo de enchê-las no Santiago Bernabéu.
Também não parece provável que as audiências televisivas do Real dêem um pulo muito grande só por causa de Bale, ou que o número de camisolas vendidas com o seu número seja muito espantoso na Ásia ou na América.
Bale ainda não é uma estrela mundial, e não tem uma imagem fantástica e "cool", que possa ser rentabilizada, como se passou com Beckham.
Por outro lado, e esse pode ser um problema grande, a presença de Bale, se o Real pagar por ele os tais 100 ou 120 milhões, poderá desestabilizar a hierarquia salarial da equipa.
Será que ele vai ganhar mais do que Ronaldo ou do que Ozil, o segundo jogador mais valioso do Real? Ficará à frente de Casillas?
E como lidará Cristiano com a ideia de que já não é o recorde de transferências do mundo? Não será esse um factor de instabilidade adicional para o seu ego susceptível, ainda por cima sabendo todos nós que Cristiano marca por ano o dobro dos golos de Bale?
Bale é um excelente jogador e também profissional, e a sua vida pessoal, bem como o seu comportamento fora do campo não acusam qualquer falha preocupante. Porém, 100 milhões é muito dinheiro, e atendendo a que o potencial de receitas que Bale pode gerar é inferior às que gerou até agora Ronaldo, não se compreende bem como pode o Real admitir pagar tanto dinheiro por ele.
Bem sei que cada transferência é uma história, uma narrativa original, e há sempre um elemento muito especulativo no mercado de transferências, mas mais do que 80 milhões por Bale parece-me um mau negócio.
Até porque há o tal tornozelo, que já deu problemas graves...
Por fim, temos de considerar a dimensão do "fair play financeiro" da UEFA.
Arsene Wenger, treinador do Arsenal, já veio a público dizer que se a transferência de Bale se realizar por 120 milhões de euros então o "fair play financeiro" não existe.
Ele sabe do que fala.
Uma das críticas que os clubes ingleses fazem à UEFA é a de que ela permite que em Espanha existam 2 clubes (Real e Barça) que ganham muito mais que os outros clubes europeus em direitos televisivos, e que gastam fortunas em jogadores, sem depois levarem as perdas efectivas às suas contas, pois nem Real nem Barça são sociedades comerciais, e podem realizar muita "contabilidade criativa"...
É um ponto relevante, mas a UEFA não deu qualquer resposta.