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Sinceramente, não acredito que Portugal siga em frente.

Seriam precisos 2 milagres no mesmo dia, e à mesma hora, para isso acontecer.

Um milagre, ainda vá, às vezes acontece. Mas dois milagres? Isso nunca aconteceu.

 

Até porque, bem vistas as coisas, o Gana está bem mais perto de passar do que nós. 

Dos quatro jogos que vi no nosso grupo, acho o Gana mais forte que Portugal, e até que os Estados Unidos.

Perdeu com os americanos mas teve azar, e empatou com a Alemanha, mas podia ter ganho, e até merecia.

Portanto, acho mais provável o Gana vencer-nos, do que nós vencermos o Gana.

Bem sei que há problemas internos, discussões sobre dinheiros, essas coisas.

Mas, na hora do jogo tudo será esquecido e o Gana jogará como sabe, que é muito.

 

Quais são as probabilidades deles e nossas?

Bom, se Alemanha e Estados Unidos empatarem, que é o cenário mais provável, a probabilidade é zero.

Apesar das declarações todas muito honradas e as juras de jogar para a vitória de Klinsman e Low, a verdade é que o empate deixa ambas as equipas no Mundial, e nenhum alemão ou americano será louco suficiente para pôr isso em risco.  

Portanto, se houver empate no primeiro jogo, o resultado do Portugal-Gana será completamente indiferente.

 

Mas, admitamos que algo acontece e alguém marca um golo no Alemanha-Estados Unidos.

Se forem os americanos a vencer por 1-0, em que situação fica o grupo?

Os EUA ficam com 7 pontos, e os alemães com 4, com uma diferença de golos de +3 (6 marcados e 3 sofridos).

Nessa caso, o Gana teria de vencer Portugal por 4-0, ficando com 4 pontos e com uma diferença de gols idêntico de +3, mas com 7 marcados e 4 sofridos.

Só assim o Gana passava, o que convenhamos é muita fruta.

E Portugal?

Bom, Portugal teria de vencer o Gana por 7-0, pois está com -4 e teria de igualar os +3 da Alemanha, ficando com 9 marcados e 6 sofridos.

É completamente impensável!

Portanto, caso os EUA vençam, as probabilidades de Gana e Portugal são mínimas, para não dizer inexistentes.

 

Agora, admitamos o cenário contrário, a Alemanha a vencer por 1-0.

Nesse caso, a Alemanha conseguia 7 pontos, e os Estados Unidos ficavam com 4, com diferença de golos de 0 (4 marcados, 4 sofridos).

Ora, o Gana parte com -1 em golos, e vencer por 1-0 não chegava pois ficavam ambos com diferença de 0, com os mesmos 4 marcados e os mesmos 4 sofridos, mas aí passavam os Estados Unidos pois venceram o Gana.

Portanto, o Gana teria de vencer Portugal por 2-1. 

Assim, ficaria com 4 pontos e uma diferença de golos de 0, mas com 5 marcados e 5 sofridos, ultrapassando os americanos por ter mais golos marcados, critério que se sobrepõe nos mundiais ao resultado do jogo entre ambos.

Ora, vencer Portugal por 2-1 não é nada impossível, e como se vê o Gana está muito mais perto de passar do que Portugal.

 

É que nós, no caso de vitória alemã por 1-0, teríamos de vencer o Gana por 4-0, para igualar os americanos, ficando com 0 em diferença de golos, mas com 6 marcados e 6 sofridos, e por isso passávamos nós, pois tínhamos marcado mais golos.

Como é óbvio, é bem mais difícil Portugal vencer o Gana por 4-0, do que o Gana vencer Portugal por 2-1.

Portanto, se a Alemanha vencer os Estados Unidos pela diferença de 1 golo, é bem mais provável que seja o Gana a passar do que Portugal. 

 

Só no caso de existir um resultado mais desnivelado no primeiro jogo é que as hipóteses de Portugal se aproximam das do Gana.

Imaginemos que, por milagre, a Alemanha vence os Estados Unidos por 3-0.

Nesse caso, passam os alemães com 7 pontos, e os americanos ficam com 4 pontos e uma diferença negativo de -2 golos (4 marcados, 6 sofridos).

No outro jogo, ao Gana bastaria vencer Portugal por 1-0, e passava.

Já Portugal teria vencer por 2-0, para pelo menos garantir a moeda ao ar entre Portugal e EUA, o que já daria pelo menos 50% de probabilidades à nossa seleção.

Seria o segundo milagre!

Porém, convenhamos que uma derrota dos EUA por muitos é um cenário muito pouco provável...

 

Em conclusão, as probabilidades totais de Portugal e Gana são pequenas, mas as de Portugal são muito mais pequenas do que as do Gana.

Como se vê, não basta um milagre para Portugal passar, são precisos dois milagres e simultâneos, no mesmo dia e à mesma hora!

Ora, um milagre ainda pode acontecer, mas dois no mesmo dia, nem em Fátima!

publicado às 12:20

Quem são os portugueses para acharem que vão ganhar 5-0 ao Gana?

É preciso ter um descaramento dos diabos para, depois de levar 4 bolachas da Alemanha, e não ter sofrido um KO dos Estados Unidos por milagre, ainda ter o atrevimento para achar que vamos golear o Gana!

Será que os portugueses têm andado a ver o mesmo Mundial que eu?

O Gana jogou muito bem contra os Estados Unidos, mas teve azar e perdeu, e jogou muitíssimo bem contra a Alemanha, e merecia ganhar mas empatou.

Ganhar ao Gana, com a equipa que temos? Deve ser piada.

Teremos muita sorte se não formos nós a ser goleados pelo Gana, e o mais provável é perdermos o jogo, pois jogamos muito pior que eles.

 

Aliás, o golo de Varela só serve para prolongar uma agonia que já se sente desde os 4-0 com que a Alemanha nos brindou.

É um golo que dá jeito para muita gente se iludir com essa disparatada hipótese, a de continuar, depois de vencer o Gana por não sei quantos.

Importam-se de repetir?

Será que ainda ninguém percebeu que ganhar, mesmo por 15-0, não vai servir de nada?

É evidente que Alemanha e Estados Unidos vão jogar para o empate, e assim passam ambos, sendo absolutamente indiferente o resultado do Portugal-Gana.

Sim, eu se fosse a eles também "combinava" empatar, e não me preocupava mais com o assunto.

Klinsman e Klose são amigos, a Alemanha fica em primeiro, os Estados Unidos em segundo, empate a zero, e não se fala mais nisso.

Há quatro anos, foi o que nós fizémos também, empatando 0-0 com o Brasil no último jogo, e deixando de fora a Costa do Marfim.

 

A dura verdade é esta: ao final de quatro jogos, pode-se dizer que Portugal é a pior equipa do seu grupo.

Fizemos uma exibição miserável contra a Alemanha, e apenas sofrível contra os Estados Unidos.

Temos uma defesa que mete água, um meio-campo amorfo, e um ataque irregular.

Quando nos comparamos com os outros, saímos naturalmente a perder, e por isso não deve ser surpresa para ninguém o regresso a casa.

 

Temos todos de meter na cabeça que o ciclo de ouro da Seleção Nacional há muito que acabou.

Desde 2008 que temos vindo sempre a descer de qualidade, e a única surpresa foi o Euro 2012, onde conseguimos ser inesperadamente bons.

No resto, têm sido qualificações sempre em esforço, nos play-offs (2008, 2010, 2012, 2014), e fases finais fraquitas (2008 e 2010) ou muito fracas (2014).

A seleção não tem grandes jogadores ao seu dispôr, o talento é pouco, e ter Ronaldo não chega.

Para mais, este ano chegámos ao Brasil com demasiados jogadores fora de forma ou lesionados.

Pepe, Coentrão, Meireles, Veloso, Hugo Almeida, Hélder Postiga, Nani, Ronaldo, já estavam "chochos" quando aterraram em Campinas e só pioraram.

Como é que se pode aspirar a alguma coisa quando metade dos titulares deviam estar na enfermaria e não no campo?

 

Cristiano Ronaldo tem razão: há selecções muito melhores que nós.

Na verdade, são quase todas melhores que nós. Tirando os Camarões e a Coreia do Sul...

Lamento é que esse discurso de humildade não tenha sido feito por todos desde que se juntaram em Óbidos.

É pena que todos (incluindo Federação e Paulo Bento) tenham andado a "viajar na maionese", iludindo-se a si próprios e a nós.

Mas, num país que andou tanto tempo a viver acima das suas possibilidades, não é de estranhar que também a seleção tenha andado a viver claramente acima das suas possibilidades.

publicado às 12:01

Até agora, ouvi muita gente a falar nos "danos psicológicos" de perder por 4-0, mas ouvi poucos a referir o que interessa mesmo.

Nos Mundiais, desde 1998, o primeiro critério de desempate não é os resultados entre as equipas, mas sim a diferença de golos.

Ou seja, o "goal average", para os amigos.

Ora, perder 4-0 contra a Alemanha não é apenas perder 3 pontos, nem sofrer psicologicamente.

Perder 4-0 é cavar um fosso de -4 no "goal average", o que é terrível.

 

Aparentemente, ninguém deve ter pensado nisso antes do jogo.

Paulo Bento entrou para ganhar, esquecendo-se que teria sido bem mais inteligente jogar lá atrás, e sofrer poucos golos, como aconteceu há dois anos, quando perdemos apenas por 1-0.

Acho que faz falta um SIF, um Serviço de Informações de Futebol, que informe os treinadores destas coisas, para eles perceberem que perder por 1 não é o mesmo que perder por 4 numa prova onde o "goal average" é essencial.

Sim, eu sei que se Portugal ganhar os 2 jogos segue em frente, pois faz seis pontos e...

Será que segue mesmo?

Não caros amigos, mesmo com 6 pontos pode voltar para casa.

 

Querem ver um cenário em que isso acontece?

Imaginem que a Alemanha ganha ao Gana por 2-0. Fica com 6 pontos e +6 em golos.

Imaginem também que Portugal vence os Estados Unidos por 2-1.

Portugal ficaria com 3 pontos e -3 em "goal average" e os Estados Unidos manteriam os 3 pontos e ficariam com 0 de "goal average".

 

E se na terceira jornada a Alemanha perder com os EUA por 1-0?

É improvável, mas pode acontecer, e nesse caso teríamos Alemanha com 6 pontos e +5 golos, e EUA com 6 pontos e +1 em golos.

Estão a ver o problema?

É que, nessa situação Portugal teria de vencer no mínimo por 4-0 o Gana, para empatar com o "goal average" americano.

Acham fácil?

Eu não acho, e por isso é que digo que Paulo Bento devia ter escolhido a contenção e não o desafio à Alemanha.

 

 

publicado às 12:54

Há quatro anos, também a Argentina de Maradona levou 4 da Alemanha, nos quartos-de-final do mundial na África do Sul.

O primeiro golo foi logo aos 3 minutos, por...Muller, mas depois a história foi um pouco diferente.

A Argentina foi tentando, e na última meia hora arriscou demais, jogou aberto e...lixou-se.

A Alemanha marcou 3 golos e arrumou para sempre com a carreira de Maradona como treinador.

 

Esta recordação devia ter servido como lição para Portugal, na abordagem do jogo de ontem.

Contra a Alemanha, só vence quem defende muito bem, fechado lá atrás, como a Itália, em 2012, ou a Espanha, em 2010.

Paulo Bento não aprendeu essa lição nos jogos dos outros, nem no seu próprio jogo contra a Alemanha.

Há dois anos, perdemos por 1-0, o que não foi nem fatal, nem humilhante.

Desta vez, tudo foi diferente, e tudo começou com uma péssima escolha de estratégia.

Portugal quis discutir o jogo de igual para igual, e com a Alemanha isso é sempre fatal.

Em vez de jogarmos fechados, a deixar o tempo passar, armámo-nos em carapaus de corrida e tramámo-nos.

 

Mas, esse não foi o único erro grave.

Olhando para a nossa equipa, é impressionante constatar que mais de metade dos 11 tiveram imensos problemas físicos nos últimos meses.

Pepe esteve lesionado, Coentrão e Hugo Almeida também, Meireles idem, Ronaldo é o que se sabe e Nani quase não jogou em seis meses.

Faz algum sentido entrar em campo com tantos problemas físicos e tanta falta de ritmo?

Pepe, Coentrão, Meireles e Hugo Almeida não deviam ter jogado, e Ronaldo e Nani só devem jogar porque sem eles não somos nada.

 

Se juntarmos estes dois erros - a estratégia aberta e a debilidade física - percebemos que Paulo Bento desta vez errou em toda a linha.

Depois, a somar a isso, apareceram os erros individuais, alguns escandalosos e incompreensíveis.

Rui Patrício: dois pontapés oferecidos aos alemães, que só não deram golo por milagre, e uma fífia que deu a Muller o 4-0.

João Pereira: uma falta clara, que deu um penalty.

Bruno Alves: comido no 2-0 no ar, comido no 3-0 no chão.

Pepe: comido no 2-0 no ar, cabeçada a Muller e expulsão.

Coentrão: uma nulidade no ataque e na defesa.

André Almeida: uma fífia no 4-0.

Miguel Veloso: uma nulidade absoluta.

Raul Meireles: outra nulidade absoluta.

João Moutinho: o seu pior jogo de sempre na selecção.

Na verdade, foi a malta do ataque a única que esteve razoável, sobretudo Nani, mas também Ronaldo e Éder tentaram lutar.

 

E agora?

Bem, além de todas estas falhas, houve ainda uma falha clara de informação.

Será que na seleção alguém sabe que o primeiro critério de desempate é o "goal average" e não os resultados entre as equipas?

Sofrer 4 golos e não marcar é um passo na direção do abismo.

Agora, não existe apenas a pressão de ter de ganhar aos Estados Unidos, existe também a obrigação de marcar vários golos, pois eles têm +1, e nós temos -4, no goal average.

Eu sei que ainda é cedo, que se ganharmos os dois jogos seguimos em frente e essas tretas todas, mas depois da maior derrota de sempre, as coisas ficaram mesmo pretas.

Até ontem, o Top 3 das derrotas humilhantes de Portugal eram o Portugal-Marrocos em 86 (1-3); o Portugal-Coreia, em 2002 (0-1); e o Portugal-Estados Unidos, em 2002 (2-3), mas esta derrota entrou directamente para o primeiro lugar.

Mesmo que Portugal avance para a fase seguinte, o que eu acho muito difícil, esta nódoa já ninguém a tira da nossa memória. 

publicado às 12:34

Portugal teve sorte no sorteio, havia grupos bem piores.

Como passam 2 em cada grupo, é provável que Alemanha e Portugal sigam em frente, pois nem os Estados Unidos nem o Gana têm valor para fazer frente às duas seleções europeias.

O Gana, por exemplo, tem uma seleção avaliada em 84,3 milhões de euros (soma do valor dos jogadores normalmente selecionados) e está apenas em 22º lugar, na lista dos 32 países participantes.

E os Estados Unidos ainda são menos cotados. Segundo a Pluri Consultoria, empresa brasileira que avaliou o valor das seleções, os Estados Unidos apenas valem 51,3 milhões de euros, estando ainda mais abaixo que o Gana, em 26º na lista.

Já a Alemanha, todos o sabemos, é uma grande equipa, e todos os dirigentes da Federação disseram que a queriam evitar.

Não será assim, e teremos que jogar com a 4ª seleção mais valiosa do mundo, com um valor de mercado de 465,5 milhões de euros.

É um bom bocado mais forte que Portugal, em valor económico.

A nossa seleção vale 309,6 milhões de euros, e é a 9ª da lista, mas é preciso recordar que desse total, só 100 milhões dizem respeito a Ronaldo, por isso temos de ter muito cuidado. 

 

De qualquer forma, há grupos mais difíceis, em especial o grupo D, onde estão 3 tubarões: Uruguai, Itália e Inglaterra. 

Tem a 7ª seleção, a Itália, que vale 315,8 milhões de euros; a 8ª, que é a Inglaterra, que vale 312 milhões de euros, e ainda a 11ª seleção, o Uruguai, com um valor de mercado de 185,2 milhões de euros.

Por ironia do destino, estes três grandes vão jogar com a Costa Rica, que é a seleção menos valiosa entre as 32, com um valor de 20,8 milhões de euros!

 

Veja aqui a lista do valor de mercado das 32 seleções, segundo a Pluri Consultoria:

 

1º Brasil, 508,7 milhões de euros

2º Espanha, 504

3º Argentina, 475,2

4º Alemanha, 465,5

5º França, 373,4

6º Bélgica, 319,6

7º Itália, 315,8

8º Inglaterra, 312

9º Portugal, 309,6

10º Colômbia, 218,6

11º Uruguai, 185,2

12º Rússia, 169

13º Croácia, 162,9

14º Holanda, 161,6

15º Chile, 135,4

16º Costa do Marfim, 129,1

17º Suíça, 124,1

18º Camarões, 122,7

19º Bósnia, 121

20º Japão, 105,8

21º Nigéria, 89,5

22º Gana, 84,3

23º Equador, 69,2

24º Grécia, 64,7

25º Argélia, 63

26º Estados Unidos, 51,3

27º México, 47,1

28º Coreia do Sul, 46,1

29º Honduras, 24,3

30º Austrália, 23,6

31º Irão, 21,9

32º Costa Rica, 20,8

 

publicado às 17:19


Sobre o autor

Domingos Amaral é professor de Economia dos Desportos (Sports Economics) na Universidade Católica Portuguesa. É também jornalista e escritor e tem o blog O Diário de Domingos Amaral.

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