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Blatter vai recandidatar-se à presidência da FIFA, e provavelmente vai vencer.

Os líderes da FIFA têm tendência a eternizar-se no cargo, como se aquilo fosse um posto vitalício.

Por piores que sejam, lá continuam, apesar dos disparates, das péssimas decisões, das suspeitas de corrupção.

A FIFA é uma organização paradoxal: tem um produto espantoso (o Mundial, de quatro em quatro anos), mas é um negócio muito duvidoso.

Hoje, começa mais um Mundial, no Brasil, mas todos temem que as coisas se descontrolem.

Todos, menos a FIFA e o Sr. Blatter.

Ganhe quem ganhar, morra quem morrer, e mesmo que se passe uma revolução nas ruas brasileiras, a FIFA já ganhou o que havia a ganhar.

Receitas de televisão chorudas, contratos de patrocínio fantásticos, sponsors que pagam muito, e mesmo uma parte do preço dos bilhetes, tudo vai para os bolsos da FIFA.

Melhor negócio não há: as receitas são para a FIFA, os custos são para os países organizadores e para os jogadores, que são quem joga e gasta energias.

E, se alguma coisa falhar, a culpa será obviamente do Brasil, que é gente pouco dada ao trabalho, e muito duvidosa.

Os estádios atrasaram? A culpa é do Brasil.

Os aeroportos não estão preparados? A culpa é do Brasil.

Os bilhetes não esgotaram? A culpa é do Brasil.

O sr. Blatter vai apenas amealhar os milhões para a sua organização, e o resto, se correr mal, é culpa do Brasil.

E o Qatar, pergunta-se, é culpa do Brasil?

A FIFA entregou ao Qatar o Mundial de 2022, e já corre para aí muita tinta.

Ao que parece, houve dinheiro à séria a untar as mãos de quem decidiu jogar um Mundial no Verão no Qatar, com 45 graus de calor.

Culpa do Sr. Blatter? Nada disso, culpa de um comité, talvez do Platini, quem sabe do Sarkozy...

O sr. Blatter é inimputável, diz disparates, faz disparates, mas tudo continuará na mesma.

The show must go on... 

publicado às 11:08

É evidente que Platini tem razão, quando diz que a FIFA estendeu o prazo de votação para a Bola de Ouro para beneficiar Ronaldo. 

Todos nós, no próprio dia, percebemos isso.

Ainda por cima depois da fabulosa exibição de Ronaldo contra a Suécia, a notícia de que o prazo ia ser estendido parecia vir mesmo encomendada para possibilitar a vitória de Ronaldo.

Como português, fiquei contente, pois quero muito que Ronaldo vença o prémio, e considero que ele é neste momento o melhor do mundo.

Porém, pareceu-me evidente que Blatter estava a tomar esta decisão para emendar a mão depois da imbecilidade que fez.

Quando Blatter gozou Ronaldo, não esperava os efeitos que essa ação provocou.

O mundo do futebol ficou indignado, e não foram só os portugueses.

Para mais, como sempre parece acontecer quando é hostilizado, Ronaldo ainda se motivou mais, e jogou como nunca.

As graçolas de Blatter fizeram ricochete, e ele viu-se na obrigação de pedir desculpa, e de tentar começar a amaciar a sua relação com Ronaldo, fazendo-lhe grandes elogios públicos.

Mas, a mão não estava ainda emendada. Portanto, Blatter viu na possibilidade criada pelas grandes exibições de Cristiano uma oportunidade, e decidiu esticar o prazo da votação para o prémio.

Assim, quase certamente Cristiano ganhará, e assim Blatter poderá mostrar que não valem nada as graçolas, o que conta são os prémios.

Foi isso que Platini quis dizer, e tem razão.

Mas, como portugueses, que nos importa isso? Por nós, encantados da vida. Desde que o Ronaldo ganhe! 

O prémio é que sai um pouco chamuscado destas polémicas...

publicado às 10:23

A Pepsi cometeu um erro grave e imperdoável para uma grande marca internacional.

Ao entrar numa campanha negativa, contra Cristiano Ronaldo e contra Portugal, a Pepsi fez uma coisa que nenhuma marca antes tinha feito: atacar uma celebridade e ofender um país.

Até esta semana, a relação das grandes marcas com as celebridades desportivas, e com os países, era sempre positiva.

Há grandes marcas que se associam a grandes jogadores, e que ganham muito com isso; e há grandes marcas que se associam com países (Sagres, etc) e que também ganham muito com isso.

Essa associação faz sentido, e costuma ser "win-win", boa para a marca e boa para as celebridades ou países.

No entanto, não conheço exemplos de marcas que realizaram campanhas negativas contra celebridades ou países.

Ou antes, não conhecia, pois foi isso que a Pepsi fez.

O erro foi de palmatória, e teve consequências imediatas.

A Pepsi desceu brutalmente na consideração dos portugueses, e a opinião pública tem agora uma péssima imagem da marca.

Se vai haver ou não consequências graves em termos de vendas, não sabemos ainda, mas como a Pepsi já vendia pouco, os danos não serão catastróficos.

O que nos leva a suspeitar que jamais a Pepsi sueca teria feito uma campanha destas contra um jogador francês, inglês, alemão, espanhol ou italiano.

Alguém acredita que a Pepsi fizesse isto a Ribery, Rooney, Ozil, Iniesta ou Balotelli? 

Nesses casos, haveria danos muito mais graves, pois são mercados grandes, muito maiores do que o português.

Mas, como se tratava de Portugal, mercado pequeno, a Pepsi não se incomodou e insultou, não só o capitão da seleção, como todos os portugueses.

Para azar da Pepsi, o insulto veio num momento de enorme exaltação nacional, pois Portugal fez um jogaço e eliminou a Suécia.

O erro foi também de timing. 

Como agravante, a Pepsi elegeu como alvo um jogador que, neste momento, é o melhor do mundo, e que está a jogar brutalidades.

Ou seja, Ronaldo nunca foi tão genial e tão consensual, e por isso atacá-lo, nos dias que correm, faz sempre ricochete.

Que o diga Blatter, que teve de pedir-lhe desculpa depois daquela comédia pífia, e que o diga agora a Pepsi.

O pior para a marca é que nada valem as desculpas apresentadas, o erro grave está feito.

É por estas e por outras que a Pepsi é uma marca em decadência mundial há muitos anos.

 

publicado às 10:08


Sobre o autor

Domingos Amaral é professor de Economia dos Desportos (Sports Economics) na Universidade Católica Portuguesa. É também jornalista e escritor e tem o blog O Diário de Domingos Amaral.

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oeconomistadabola@gmail.com

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