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Ontem, foi anunciado que os direitos televisivos para a Premier League, a partir da época de 2016 e durante três anos, foram vendidos pela impressionante quantia de 6,9 mil milhões de euros.

Isto significa que, a partir de 2016, os clubes ingleses irão distribuir entre si, em cada ano, cerca de 2,3 mil milhões de euros, bastante mais do que fizeram em 2014, no final da época passada, onde os valores chegaram aos 1,36 mil milhões de euros. 

 

E estamos a falar apenas dos direitos para o Reino Unido, porque a este valor há ainda que somar os valores dos direitos vendidos para fora do Reino Unido, que também são divididos em partes iguais pelos vinte clubes da Premier League. 

Veja-se por exemplo a situação no final da época de 2013-2014, a última para a qual já existem valores finais.

Os clubes ingleses conseguiram em direitos televisivos totais (em todo o mundo), e em receitas comerciais associadas aos jogos televisionados, a impressionante soma total de 2 mil milhões de euros!

 

Os critérios de divisão de receitas da Premier League são claros: 50% do total dos direitos no Reino Unido é para dividir pelos 20 clubes, em partes iguais. 25% desse total é para dividir conforme a classificação no campeonato, e os restantes 25% são para dividir conforme o número de jogos televisionados de cada clube.

Além disso, as receitas internacionais e comerciais são também para dividir em partes iguais pelos vinte clubes.

 

Para a época que terminou em Junho, 2013-2014, o clube que mais recebeu foi o Liverpool, cerca de 133,5 milhões de euros, ao câmbio de hoje.  

O segundo que mais recebeu foi o campeão City, cerca de 132,2 milhões de euros.

Mas, mais impressionante ainda, o último classificado, que foi o Cardiff, recebeu cerca de 85 milhões de euros, ao câmbio de hoje. 

 

Compare-se por exemplo com a liga portuguesa. 

O Benfica, já com a BTV, realizou uma receita líquida de 17,5 milhões de euros. O FC Porto conseguiu 15,9 milhões e o Sporting cerca de 15 milhões.

Ou seja, o campeão português recebe menos 67,5 milhões de euros que o último da Premier League!

E este diferencial vai aumentar ainda mais no futuro, a partir de 2016.

 

Será que estes diferenciais não apresentam um caso de concorrência desleal nas provas da UEFA?

Como podem as equipas portuguesas bater-se de igual para igual com as inglesas?

Mesmo adicionando a estes valores os prémios da UEFA pelas participações europeis (que também são agravados pela força relativa dos países), como podem os portugueses combater contra clubes que recebem cinco ou seis vezes mais dinheiro dos direitos televisivos?

 

Mesmo com uma boa carreira na UEFA, um clube português não conseguirá muito mais que 40 milhões de euros, somando os direitos nacionais com os prémios da UEFA.

Já um City, ou um Chelsea, poderão chegar a partir de 2016 a valores próximos dos 170 milhões por ano.

É um desequilíbrio muito grande, praticamente inultrapassável.

Será a UEFA sensível a estes argumentos?

 

 

publicado às 11:16

No próximo domingo em Alvalade vão estar frente a frente o segundo plantel mais valioso de Portugal, o do Benfica, e o terceiro mais valioso, o do Sporting.

Segundo o site transfermarkt.pt, que avalia o valor de mercado dos jogadores e das equipas, o plantel total do Benfica vale 151,8 milhões de euros, enquanto o do Sporting vale 133,9 milhões de euros.

 

Porém, se analisarmos apenas os onze prováveis das duas equipas, verificamos o contrário: o do Sporting vale mais que o do Benfica.

Aqui deixo os valores de mercado do Sporting, segundo o site:

Rui Patrício 20 m€, Cedric 7,5 m€, Paulo Oliveira 3,7 m€, Tobias (o site ainda não o avaliou), Jefferson 6 m€, William 20 m€, Adrien 8,5 m€, João Mário 3 m€, Nani 12 m€, Montero 9 m€ e Carrillo 4,5 m€.

O valor de mercado do onze provável do Sporting é pois de 95,2 milhões de euros.

 

Quanto ao Benfica, e admitindo como provável que Júlio César e Gáitan não vão jogar, estes são os valores de mercado dos onze jogadores que devem entrar em campo.

Artur 1,5 m€, Maxi Pereira 9 m€, Luisão 5 m€, Jardel 3 m€, Eliseu 2 m€, Samaris 7 m€, Talisca 4 m€, Sálvio 17 m€, Ola John 8 m€, Jonas 8 m€ e Lima 11 m€. 

O valor de mercado do onze provável do Benfica é pois de 75,5 milhões de euros, claramente abaixo do Sporting.  

Aliás, mesmo que Gaitan jogasse em vez de Ola John (25 m€ em vez dos 8m€ do holandês), o valor de mercado do onze benfiquista subia para 92,5 milhões de euros, ficando muito perto do Sporting, mas mesmo assim ainda abaixo. 

 

Quer isto dizer alguma coisa de importante? 

O valor de mercado das equipas não ganha jogos, e a qualidade desportiva não é a mesma coisa que a qualidade económica. De qualquer forma, o valor de mercado é um indicador do potencial de valorização futura dos jogadores. Neste caso, o Sporting tem jogadores com maiores possibilidades de valorização, como Rui Patrício ou William, que estão na casa dos 20 milhões de euros.

Aliás, dos quatro jogadores mais valiosos que vão pisar a relva em Alvalade, só um é do Benfica, Salvio, os outros três são sportunguistas: Rui Patrício, William e Nani.

 

É claro que podemos sempre dizer que estas avaliações do transfermrkt não são correctas, e que certos jogadores valem mais e outros menos do que o site indica, mas com base nos números actuais do site, é essa a realidade.

É certo que o Benfica lidera o campeonato, mas a verdade é que o jogo será em Alvalade, e o Sporting está em muito boa forma e tem tido uma excelente sequência de jogos para a Liga.

Julgo que por todas estas razões é possível dizer que o Sporting é o favorito para domingo.  

 

publicado às 10:45


Sobre o autor

Domingos Amaral é professor de Economia dos Desportos (Sports Economics) na Universidade Católica Portuguesa. É também jornalista e escritor e tem o blog O Diário de Domingos Amaral.

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oeconomistadabola@gmail.com

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