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Quanto valem as seleções nacionais que estão no Mundial de Futebol?

A empresa brasileira Pluriconsultoria fez os cálculos, somando o valor de mercado individual dos 23 convocados, e chegou a um ranking das 32 seleções, que coloca o Brasil em primeiro lugar, com um valor de marcado de 508,7 milhões de euros, a Espanha em segundo, com um valor de 504 milhões, e a Argentina em terceiro, com um valor de 475,2 milhões de euros.

Nos lugares seguintes aparecem Alemanha, França, Bélgica, Itália e Inglaterra, logo seguidos por Portugal, em 9º lugar, com um valor de mercado de 309,6 milhões, sendo seguido pela Colômbia que fecha o top 10.

Olhando para este ranking, é evidente que Portugal não é favorito.

Mas, há também outro problema com que nos temos de confrontar, que é o valor económico do grupo em que estamos.

Curiosamente, o nosso grupo G, onde estão Alemanha, Gana e Estados Unidos, é o mais valioso de todos, o que mostra bem as dificuldades que Portugal irá enfrentar na fase inicial.

Aqui deixo o valor económico de cada grupo, segundo os dados da Pluriconsultoria.

 

Grupo G - 910, 7 milhões de euros

Alemanha 465,2 m€, Portugal 309,6 m€, Gana 84,3 m€, EUA 52,3 m€

 

Grupo A - 841,4 m€

Brasil 598,7 m€, Croácia 162,9 m€, Camarões 122,7 m€, Mexico 47,1 m€

 

Grupo D - 833,8 m€

Itália 315,8 m€, Inglaterra 312 m€, Uruguai 185,2 m€, Costa Rica 20,8 m€

 

Grupo B - 824,6 m€

Espanha 504 m€, Holanda 161,6 m€, Chile 135,5 m€, Australia 23,6 m€

 

Grupo F - 707,6 M€

Argentina 475,2 m€, Bosnia 121 m€, Nigeria 89,5 m€, Irão 21,9 m€

 

Grupo H - 597,7 m€

Bélgica 319,6 m€, Rússia 169 m€, Argélia 63 m€, Coreia do Sul 46,1 m€

 

Grupo E - 591 m€

França 373,4 M€, suíça 124,1 m€, Equador 69,2 m€, Honduras 24,3 m€

 

Grupo C - 518,2 m€

Colômbia 218,6 m€, Costa do Marfim 129,1 m€, Japão 105,8 m€, Grécia 64,7 m€

 

 

 

 

 

 

publicado às 14:22

Há quem diga que o Real é uma equipa de milhões e o Atlético é uma equipa de tostões, mas isso não é verdade na parte que toca ao Atlético. 

O Real Madrid tem o seu plantel avaliado em cerca de 575 milhões de euros, mas o Atlético de Madrid está nos 256 milhões.

Há uma diferença, é certo, mas o Atlético está claramente nos 15 plantéis mais valiosos do mundo, em 13º lugar.

 

No ranking da Deloitte, que diz respeito às receitas de cada clube, a diferença é maior: o Real está em 1º lugar, com receitas de 518 milhões de euros, enquanto o Atlético se fica pelo 20º lugar, com apenas 120 milhões de receitas, um valor próximo das do Benfica.

Outro item em que o Real leva vantagem, é o salário que paga ao seu treinador.

Ancelotti é o 6º treinador mais bem pago do mundo, e recebe 7,5 milhões de euros por ano, enquanto Simeone está em 26º lugar nos mais bem pagos, e recebe apenas 2,5 milhões de euros por ano. 

 

No entanto, como se viu este ano, não são só os valores económicos que contam em futebol.

O Atlético, mesmo com uma despesa salarial que é cerca de um terço da do Real Madrid (200 milhões contra 75 milhões), conseguiu vencer a Liga Espanhola, e teve uma percentagem de vitórias impressionante, de 81,5%, com 28 vitórias, 6 empates e apenas 4 derrotas.

Quanto ao Real, o registo podia ter sido melhor, não fosse a quebra final. Ficou em 3º lugar, com 27 vitórias, 6 empates e 5 derrotas, o que dá uma percentagem de vitórias de 78,9%.

Importante detalhe: o Real teve o melhor ataque da Liga, com 104 golos, e o melhor marcador, Ronaldo, com 31 golos; e o Atlético teve a melhor defesa da Liga, com apenas 26 golos sofridos. 

 

Na Champions, o registo de ambos é semelhante. 

O Atlético não teve derrotas, e conseguiu 9 vitórias e 3 empates, o que dá uma percentagem de vitórias de 87,5%, o que é fantástico.

Quanto a golos, marcou 25 golos e sofreu apenas 6 golos, o que significa que foi a melhor defesa da Champions deste ano.

O Real Madrid teve também um registo brilhante, com 10 vitórias, 1 empate e 1 derrota, o que dá uma percentagem de vitórias exactamente igual à do Atlético, 87,5%.

Nos golos, o Real marcou mais, foi o melhor ataque da Champions e atingiu o espantoso número de 37 golos em 12 jogos, tendo sofrido um total de 9 golos.

 

Portanto, a final será o melhor ataque contra a melhor defesa.

Para os cínicos, isto costuma ser óbvio, ganhará a melhor defesa.

Eu não vou tão longe, e como ainda acredito muito no futebol ofensivo, gostaria de ver o Real a ganhar e o Cristiano a marcar.

De qualquer forma, lembro-me sempre da final do SuperBowl deste ano, em que também o melhor ataque (Denver Broncos) enfrentou a melhor defesa (Seattle Seahawks), e o resultado foi uma vitória impressionante da melhor defesa dos de Seattle. 

Portanto, cuidado Real, que marcar golos ao Atlético de Simeone não é pera dôce!

publicado às 17:21

Se analisarmos a época do Benfica com frieza, veremos que foi muito boa em quase todas as frentes.

Na Liga, obteve 24 vitórias, 4 empates e apenas 2 derrotas, sendo que uma delas não teve qualquer significado prático (a do Dragão).

A percentagem de vitórias no campeonato (um empate vale metade da vitória), é pois de 86,6%, com a grande importância de ter sido campeão com 7 pontos de avanço sobre o segundo classificado.

 

Na Taça de Portugal, o registo também é excelente.

Em 7 jogos, o Benfica obteve 6 vitórias e apenas 1 derrota, na primeira mão da meia-final.

Ou seja, obteve uma percentagem de vitórias de 85,7%, tendo também conquistado este troféu, no jogo de ontem com o Rio Ave.

E na Taça da Liga, o registo é ainda melhor: em 5 jogos, 4 vitórias e 1 empate, também no Dragão.

É aqui que o clube ontém a sua mais alta percentagem de vitórias: 90%.

 

Nas competições europeias, as coisas não correram tão bem, sobretudo na Champions.

Em 6 jogos, o Benfica obteve 3 vitórias, 1 empate e 2 derrotas, fez 10 pontos mas não passou da fase de grupos.

A percentagem de vitórias na Champions foi a mais baixa de todas as competições: 58,3%, o que é abaixo do que se pretende para um clube como o Benfica.

Porém, na liga Europa os resultados foram bem melhores, o que também era de esperar.

Em 9 jogos, o Benfica venceu 6 e empatou 3, sendo apenas derrotado pelo Sevilha nos penalties.

A percentagem de vitórias foi bastante boa, 83,3%, mas o sabor final foi amargo, pois a taça não veio para Lisboa.

 

Se juntarmos todas as competições em jeito de balanço, podemos dizer que a equipa fez um total de 57 jogos oficiais, tendo obtido 43 vitórias, 9 empates e apenas 5 derrotas, o que dá uma percentagem global de vitórias de 83,3%, o que é notável, tendo ainda vencido 3 das 5 competições em que participou.

A época podia ainda ter sido mais brilhante?

Sim, a derrota na final europeia foi pena, mas não apaga os excelentes resultados conseguidos.

Além disso, esta época o Benfica conseguiu chegar a um local inédito, o 5º lugar no ranking de clubes da UEFA, que diz respeito aos últimos 5 anos, e apenas atrás de Real Madrid, Barcelona, Bayern e Chelsea.

Isso significa que mais uma vez será cabeça de série na próxima Champions, pelo segundo ano consecutivo, o que é excelente.

 

Mas, que ninguém pense que esta foi uma época fácil.

Em Agosto do ano passado, o Benfica estava em depressão, depois das derrotas cruéis de Maio.

No entanto, cerrou os dentes e prosseguiu a trabalhar, e conseguiu vencer as tristezas e as dores, e levantar-se para um grande ano.

Isto apesar de mais contrariedades.

Há muito tempo que não me lembrava de uma equipa tão massacrada por lesões.

Salvio, Cardozo, Ruben Amorim, Fejsa, Sílvio, Sálvio outra vez, Suleimani, Siqueira, todos eles passaram momentos dolorosos, e a equipa perdeu alguns mesmo quando precisava tanto deles...

O azar dos castigos também foi cruel, e na final de Turim ficaram de fora Enzo, Markovic e Salvio, o que muito prejudicou.

Mas, o futebol é mesmo assim, as lesões e os castigos fazem parte da vida das equipas, e embora seja duro perder tanta gente em momentos tão em importantes, a verdade é que mesmo assim o Benfica conseguiu resultados muito bons.

 

É tempo pois de dar parabéns.

A Luís Filipe Vieira pela coragem e firmeza de ter acreditado no treinador.

A Jorge Jesus pela forma como montou a equipa, e como a manteve sempre competitiva e motivada o ano todo.

E aos jogadores, a todos, pela forma espantosa como se bateram sempre, mesmo quando as contrariedades eram muitas e quando poucos acreditavam neles.

E por fim aos adeptos, a todos, mesmo os que no início não acreditaram.

Por vezes, como na vida, é preciso cairmos para depois nos levantarmos, mais fortes e ainda mais empenhados, e só por fim vencer.  

 

publicado às 12:19

A paixão futebolística por vezes cega-nos e retira-nos a lucidez.

Foi isso que se passou comigo ontem, num texto que aqui escrevi.

Furioso e frustrado com a derrota do Benfica, descarreguei a minha raiva contra Beto e Daniel Carriço.

Fi-lo de uma forma excessiva, bruta e sem discernimento.

A minha intenção era criticar num caso, e gozar no outro, mas o resultado foi desastroso.

E quando é assim, devemos reconhecer o erro e penitenciarmo-nos por ele.

 

Tudo o que disse podia, e devia, ter sido dito de outra forma, mais correcta e elegante, e sem o desbragamento linguístico que usei.

Só posso lamentar a indignação que causei em muitos leitores e a decepção que causei em muitos outros.

24 horas depois, eu próprio já não me reconheço naquelas palavras, e por isso decidi remover o texto do meu blog.

Além disso, aqui deixo o meu pedido público de desculpas aos visados.

Quanto às críticas, e foram muitas, que recebi, só tenho de aceitá-las, mesmo quando foram também elas excessivas. 

Mas, quem semeia ventos, colhe tempestades, e foi eu que iniciei este lamentável episódio.

 

publicado às 10:46

Há noites em que tudo conspira para não sermos felizes.

Já íamos para Turim sem 3 príncipes da bola (Enzo, Markovic, Salvio), e sem 2 escudeiros reais (Fejsa e Sílvio), e aos quinze minutos ainda ficamos mais frágeis, sem um jogador que já tinha amarelado dois sevilhanos, um por cada corrida que dera.

Jesus ainda insistiu com ele, mas via-se que Suleimani já não podia mais. 

Saiu e o Benfica passou a ficar ainda mais estranho, com Maxi na ala.

 

Na primeira parte, a equipa parecia perdida, excepto no fim, quando ainda teve duas hipóteses de marcar.

Depois, entrou em cena a dificuldade dos avançados, desinspirados na hora dos matadores.

Mas, foi mais uma ou duas vezes Beto que salvou os de Sevilha.

Se houve penalties ou não, não sei, ao vivo é difícil de ver, é tudo tão rápido, mas parece-me que o árbitro foi mais um elemento da conspiração.

E, por cada minuto que passava, o Sevilha sentia-se mais forte, pois sabia que nos penalties teria mais hipóteses.

Há equipas que já jogam com essa vantagem, e ontem foi um caso assim.

 

Portanto, a maldição começou a mexer com os jogadores, e com o público do Benfica, e quando fomos para os penalties, os de Sevilha já faziam a festa antes deles serem marcados, e os da Luz pareciam calados, amedrontados.

O receio cola-se e espalha-se como um vírus, e das bancadas chegou à relva.

E tudo acabou mais uma vez sem glória, porque não fomos capazes de marcar um golo, nem mostrar força mental suficiente para vencer as contrariedades.

Um dia, a maldição de Bela Guttman irá terminar, mas para que esse dia chegue é fundamental uma força tremenda, quase sobre-humana, para ultrapassar esse medo profundo que existe no coração dos benfiquistas.

Talvez essa maldição só acabe quando alguém que eu conheço bem for presidente do Benfica.

publicado às 15:13

Amanhã, se Deus quiser, estarei em Turim para assistir à final da Liga Europa. 

Será a primeira final a que vou desde o longínquo ano de 1983, onde assisti na Luz à segunda mão da final da Taça UEFA.

De então para cá, vi as outras finais na televisão, mesmo a do ano passado.

Mas, desta vez não resisti. Consegui bilhetes, marquei avião, e lá estarei com o meu querido filho Duarte, no estádio onde fomos felizes há duas semanas.

 

Uma final fica sempre para a história. Quem não se lembra das finais onde estiveram equipas portuguesas, onde esteve a seleção?

Quem não se lembra das épicas finais da Champions, fossem quem fossem os finalistas?

Sim, lembramo-nos sempre, ganhem os nossos ou não.

É evidente que ganhar uma final é uma coroação gloriosa, mas estar lá já é inesquecível.

E o Benfica, pela segundo ano consecutivo, está lá.

 

É o Benfica o favorito, como dizem muitos?

Numa final nunca há favoritos, mas há equipas que à partida são consideradas mais fortes.

No entanto, nem sempre os mais fortes vencem.

Que o diga Portugal, que perdeu contra a Grécia.

Que o diga o Bayern de Munique, que perdeu duas Champions consecutivas, contra equipas que todos consideravam menos fortes que os alemães, o Inter e o Chelsea.

 

Agora, que o Benfica, pelo que já fez, e pela equipa que tem, é mais forte que o Sevilha, isso parece-me claro.

O plantel do Benfica, nos sites da especialidade, está avaliado em 189,2 milhões de euros, enquanto o do Sevilha vale 112,4 milhões.

A folha de salários anuais do Benfica anda pelos 48 milhões de euros, enquanto a do Sevilha anda pelos 40 milhões.

Há mais jogadores de qualidade no Benfica (Oblak, Garay, Luisão, Gaitan, Lima, Rodrigo, Cardozo, Ruben Amorim) do que no Sevilha (Beto, Reyes, Bacca, Rakitic e o lateral esquerdo que não recordo agora o nome).

No ranking da UEFA, que leva em consideração os últimos cinco anos de competições europeias, o Benfica está em 6º, enquanto o Sevilha se fica pela 25ª posição.

 

Nas respectivas Ligas, o Benfica ficou em 1º, foi campeão com 85% de percentagem de vitórias, enquanto o Sevilha deverá ficar em 5º, com uma percentagem de vitórias de 58%.

Em 30 jogos, o Benfica marcou 58 golos e sofreu 18, enquanto que em 37 jogos o Sevilha marcou 66 golos e sofreu 51, o que revela uma defesa bastante vulnerável!

Em termos de Liga Europa, e comparando apenas os resultados desde os oitavos de final, pois o Benfica esteve na Champions durante a fase de grupos, temos que o Benfica venceu 6 jogos e empatou 2, apresentando uma percentagem de vitórias de 87,5%, marcando 14 golos e sofrendo apenas 4.

Já o Sevilha, nos mesmos oito jogos, venceu 4, empatou 1 e perdeu 3, uma percentagem de vitórias de 56,25%, tendo marcado 13 golos e sofrido 10.

Além disso, o Sevilha só eliminou o Bétis nos penalties, e só eliminou o Valência no último minuto dos descontos, enquanto o Benfica nunca esteve em desvantagem em nenhuma das quatro eliminatórias.

 

Observando estes resultados e números, podemos dizer que o Benfica parece mais forte, mas agora terá de o provar na final.

O Sevilha parece ter uma defesa mais frágil, mas tem um ataque capaz de provocar estragos, e tem uma capacidade psicológica muito forte, pois aguenta bem e recupera, mesmo em situações muito difíceis.

O único ponto fraco que encontro neste Benfica é a célebre maldição de Bela Guttman, o treinador húngaro que um dia saiu zangado da Luz, dizendo que sem ele o clube nunca voltaria a vencer finais europeias.

A verdade é que de então para cá, perdeu sete finais, e a maldição parece estar viva.

Mas, como todos sabemos, em todas as histórias em que existem maldições há sempre um príncipe encantado que um dia aparece e quebra a maldição.

Aquilo que espero é que Jesus e os jogadores sejam os príncipes encantados do Benfica e acabem com esta história infantil de uma vez por todas!

Lá estarei, emocionado, a assistir à Segunda Grande Batalha de Turim, e mais uma vez, espero que o meu Benfica saia vencedor.

publicado às 12:56

Ao contrário do que eu temia, a Benfica TV não roubou espectadores ao Estádio da Luz.

A média de espectadores desta época até foi maior do que a da época anterior: 43613 em média por cada jogo, contra os 42356 do ano passado.

É um excelente resultado para o Benfica, pois não só conseguiu lançar e sustentar a Benfica TV, que tem mais de 300 mil subscritores, como conseguiu não perder espectadores na Luz.

 

Até meados da época porém, isso não estava a acontecer, como aqui escrevi.

No entanto, a ponta final do Benfica no campeonato (jogos contra Estoril, Académica, Olhanense e Setúbal) conseguiu fazer subir a média para números que só foram superados no ano de 2010, o primeiro de Jesus, e até agora melhor de sempre em termos de público.

Veja aqui as médias dos últimos sete campeonatos, conforme o site da Liga informa:

 

Época              Média por jogo (15 jogos)

2013-14              43613

2012-13              42356

2011-12              42530

2010-11              38148

2009-10            50033

2008-09              38763

2007-08              38632 

 

 

publicado às 13:32

Por vezes, os adeptos do FC Porto gostam de atirar à cara dos benfiquistas que o Benfica é o clube do Estado Novo.

Nada mais falso. 

É verdade que o Benfica ganhou mais campeonatos que os outros durante o Estado Novo, mas também ganhou mais campeonatos que os outros durante as décadas de 70 e 80, já depois do 25 de Abril. 

Além disso, até à gloriosa década de 60, com Eusébio e Coluna, o Benfica tinha ganho os mesmos campeonatos que o Sporting, durante o Estado Novo, não era melhor ou pior que os leões.

Mas, para provar o meu ponto, apresento algumas estatísticas.

 

Os primeiros 6 campeonatos, durante a década de 30, e portanto já com Salazar como presidente do Conselho, são vencidos pelo Benfica (3) e pelo... FC Porto (3).

Na década de 40, é o Sporting o melhor. Vence 5 campeonatos, contra 4 do Benfica e 1 do Belenenses.

Na década seguinte, a de 50, é de novo o Sporting a dominar, com 5 campeonatos, contra 3 do Benfica e 2 do FC porto.

Portanto, no ano de 1960, com 26 campeonatos já disputados em pleno Estado Novo, a contabilidade era a seguinte: Benfica 10, Sporting 10, FC Porto 5 e Belenenses 1.

 

A partir daqui, o Benfica cresce muito, e o FC Porto desaparece.

Na década de 60, o Benfica vence 7 campeonatos, e o Sporting 3.

E nos quatro anos que irão até à revolução dos cravos, o Benfica vence 3 campeonatos, e o Sporting apenas 1.

Portanto, quando em Portugal se dá o 25 de Abril, existiam já 40 campeonatos disputados, e a contabilidade era a seguinte: Benfica 20, Sporting 14, FC Porto 5, e Belenenses 1.

Embora fosse o Benfica o que tinha mais vitórias, é um pouco absurdo dizer que dominou devido ao Estado Novo quando o Sporting venceu 14 títulos durante esse regime, e até aos anos 50 tinha tantas vitórias como o Benfica. 

 

E o que aconteceu depois do 25 de Abril?

Bem, o que aconteceu é que continuou o domínio do Benfica durante os vinte anos seguintes.

Entre 1974 e 1980, o Benfica vence 3 campeonatos, o FC Porto 2, e o Sporting 1.

E na década de 80, o Benfica vence 5 campeonatos, o FC Porto vence 4, e o Sporting vence 1.

Durante os primeiros 16 anos depois da revolução, o domínio do Benfica é claro, 8 campeonatos, contra 6 do FC Porto e 2 do Sporting.

 

É só nos anos 90 que se dá a grande viragem a favor do FC Porto.

Na década de 90, os azuis vencem 7 campeonatos, o Benfica 2 e o Sporting 1.

E na primeira década do novo século a tendência prossegue: 6 títulos para o FC Porto, 2 para o Benfica, 1 para o Sporting e outro para o Boavista.

Os últimos quatro anos também não alteram a equação: 3 campeonatos para o FC Porto e 1, o deste ano, para o Benfica.

Assim, a contabilidade da democracia, onde aconteceram 40 campeonatos, é muito forte para o lado azul: 22 campeonatos conquistados desde o 25 de Abril, contra 13 do Benfica, 4 do Sporting e 1 do Boavista. 

O FC Porto é sem dúvida o clube que mais venceu no regime democrático, e curiosamente o seu domínio é bem mais claro do que o do Benfica durante o Estado Novo.

Portanto, o que se pode dizer com toda a certeza é que o FC Porto era muito fraco durante a ditadura, e tornou-se muito forte com a democracia; e que os clubes de Lisboa enfraqueceram os dois, sobretudo depois dos anos 90.

 

Pela minha parte, acho que não foi por causa da democracia que o FC Porto cresceu, mas sim porque Pinto da Costa surgiu e percebe muito de futebol.

Para mais, é um pouco estranho que se tire mérito aos clubes, ou às seleções nacionais, por causa dos regimes políticos.

O Brasil, por exemplo, venceu 3 campeonatos do Mundo porque tinha Pelé, ou porque o seu regime era uma ditadura?

Nadia Comaneci era uma fantástica atleta de ginástica ou tudo se explica porque vivia debaixo da pata de Ceausescu?

A ligação desporto-política não é nada clara, nem óbvia, muito menos no futebol.

O Benfica, é sabido, sempre foi olhado com desconfiança por Salazar, que até considerava o clube de "esquerda"!

E, quem é que ganhou campeonatos durante o PREC e o Verão Quente, no auge da revolução de Abril? O Benfica (75,76 E 77)... 

publicado às 17:18

Há anos assim, imprevistos, impossíveis de imaginar, e no entanto quase perfeitos.

Há um ano, o nosso coração encheu-se de dor com a crueldade do que nos aconteceu.

Porém, como diz Fernando Pessoa, quem quer passar além do Bojador, tem de passar além da dor.

E assim passámos, vencemos a dor com os dentes cerrados e começámos um novo ano porque não havia outra forma de ultrapassar a tristeza.

 

Mas, Deus não estava ainda satisfeito e deu-nos mais provações.

De repente, no espaço de pouco mais de um mês, morre-nos o maior mito da nossa história, e morre-nos também o maior capitão de sempre.

Eusébio e Coluna deixaram-nos sem terem visto como fomos todos capazes de vencer a adversidade e sem terem visto o nosso renascimento.

Mas, foram também eles, com a sua morte e o seu exemplo, que nos deram ainda mais força e coragem.

E que força! E que coragem!

 

Quando um dia olharmos para trás vamos-nos dar conta de que esta foi também uma das épocas mais duras de sempre para os jogadores do Benfica.

Sálvio, Cardozo, Ruben Amorim, Jardel e a sua máscara, Sílvio, Sálvio outra vez, agora Garay, um massacre permenente de lesões, um calvário de sofrimento para eles.

E, no entanto, mal caía um jogador logo outro se levantava e tomava o seu lugar.

Raramente vi no Benfica um grupo tão unido, tão solidário, tão valente.

O jogo de ontem, a primeira batalha de Turim, foi um símbolo da época.

Contra todas as contrariedades, dores, sem um ai que se ouvisse, sem um queixume, sem um momento de quebra, os jogadores combateram como os gigantes que são.

Eu só me lembrava daquela música, menos ais, menos ais, queremos muito mais! 

 

E agora olhem para estes números, olhem todos e respeitem o fantástico trabalho que este ano se fez na Luz.

52 jogos, 52 batalhas e esta é a evidência: 40 vitórias, 8 empates e apenas 4 derrotas.

Uma percentagem de vitórias absolutamente histórica de 84,6%!

Um campeonato nacional já conquistado e ainda 3 grandes finais para disputar!

Um quarteto de títulos ao nosso alcance, meu Deus, quem diria?

 

Jorge Jesus, Luís Filipe Vieira e todos os jogadores já estão de parabéns, mas isto ainda não acabou.

Para o espectáculo ser total, temos de olhar para a frente e perceber que nos faltam 5 jogos até a época acabar e são todos para ganhar.

Queremos ganhar ao Setúbal e ao FC Porto para o campeonato e queremos ganhar as 2 taças contra o Rio Ave.

Os adversários que nos desculpem, mas desta vez não há misericórdia, é tudo para ganhar e ninguém vai levantar o pé do acelerador até ao fim.

O facto de Enzo, Markovic e Salvio não poderem jogar a final da Liga Europa é uma má notícia para eles, para a equipa, mas é também uma péssima notícia para os nossos adversários nacionais.

É que, não podendo jogar em Turim, esses nossos três génios vão explodir nos 4 jogos nacionais que nos faltam!

 

Mas, se há jogo que este ano todos queremos ganhar, esse é a final europeia. 

A segunda batalha de Turim será a mais importante do ano.

A este Benfica, a estes jogadores, a este treinador, falta uma glória assim, uma vitória que nos faça brilhar aos olhos de todo o mundo.

E não me venham com a história da maldição do Bela Guttman mais uma vez!

Nunca conheci nenhuma maldição que não fosse vencida um dia por um príncipe encantado, e estes rapazes são os nossos príncipes, os senhores da Luz.

 

Que ninguém pense porém que será fácil.

O Sevilha é uma equipa perigosíssima, que o digam os nossos rivais azuis.

Nada está ganho, e o mais importante está ainda por fazer.

Chegar até aqui é lindo e merecido, mas agora é que está a chegar o momento da verdade!

Nas próximas duas semanas, tudo se pode ganhar, mas muita coisa se pode perder.

Portanto, lembrem-se do que aconteceu o ano passado, lembrem-se da dor, e concentrem-se.

Agora, chegou a hora de entrar para a História, mas para isso acontecer é preciso dar tudo e muito mais.

E ainda mais.

publicado às 11:13


Sobre o autor

Domingos Amaral é professor de Economia dos Desportos (Sports Economics) na Universidade Católica Portuguesa. É também jornalista e escritor e tem o blog O Diário de Domingos Amaral.

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