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Muitos dos meus amigos são peremptórios: acabou a era de domínio do FC Porto no futebol nacional.

A terrível época que os azuis estão a viver, talvez a pior do longo consulado de Pinto da Costa, é um prenúncio do fim.

A partir de agora, dizem muitos sportinguistas e benfiquistas, será sempre a descer.

Outros acrescentam que Pinto da Costa está velho e cansado, que já não é o mesmo, e que à volta dele não há ninguém com tanto talento para a gestão de uma equipa.

 

Pela minha parte, não embarco nesses cânticos terminais.

Apesar desta época ter sido desastrosa, o FC Porto tem ainda ativos muito bons.

O valor do plantel do FC Porto, nos sites da especialidade, ronda os 200 milhões de euros.

Podem ter de ser vendidos 2 ou 3 jogadores (Jackson, Fernando, Mangala) mas não será impossível o FC Porto descobrir novos talentos e construir uma boa equipa para o próximo ano.

Desde que escolha bem o treinador, muitos dos que lá estão e jogaram mal, podem começar a jogar melhor, e não será assim tão difícil voltarem a apresentar uma boa equipa.

 

Já por várias vezes vi fazerem o enterro do FC Porto.

Em 2002, quando não ganhava há três anos, Pinto da Costa descobriu Mourinho e foi o que se viu.

E, em 2010, ouvi muitos benfiquistas a dizer que a hegemonia azul e branca tinha chegado ao fim e o que chegou foi Villas-Boas e a sua super-equipa.

Portanto, não substimo os meus adversários, sobretudo quando eles têm um palmarés notável, seja em Portugal, seja na Europa.

Suspeito que é prematuro o enterro dos azuis e brancos e do seu chefe supremo.

É certo que a época foi muito má, a equipa entrou em espiral recessiva, mas é ainda muito cedo para falar em decadência.

 

 

publicado às 12:16

Hoje, há duas pessoas que estão de parabéns: Jorge Jesus e Luís Filipe Vieira.

O ano passado, Jesus acabou a época esfrangalhado, desolado, e batido.

Tinha feito um excelente trabalho, mas em apenas 3 jogos tinha perdido o título, a Liga Europa e a Taça de Portugal.

Pior: tinha ajoelhado no Dragão, situação que muitos viram como uma humilhação.

Ainda se lembram como estava o coração dos benfiquistas o ano passado?

Pois é, a grande maioria dos adeptos estava enfurecida com Jorge Jesus e queria vê-lo partir.

E não eram só os adeptos, também na SAD e nas televisões muitos diziam que a hora da saída tinha chegado.

 

Fui dos poucos que, em público e em privado, defendi fortemente a continuação de Jorge Jesus.

Não fazia qualquer sentido quebrar o seu vínculo com o Benfica, pois o trabalho tinha sido excelente.

Não foi outro treinador que levou o Benfica a uma final europeia, nem foi outro treinador que o levou do 26º até ao 6º lugar no ranking da UEFA.

Não se atira fora com um treinador que tem feito um excelente trabalho com jogadores, valorizando-os, e que qualificou sempre o clube para a Champions.

Portanto, tal como o Bayern de Munique, que um ano antes também tinha perdido tudo e manteve Heynckes; o Benfica fez muito bem em manter Jesus.

Parabéns pois a Luís Filipe Vieira pela coragem e pela capacidade de decisão, evitando o que era mais fácil, e segurando o treinador nas horas mais duras.

 

Muhammed Ali, o campeão do boxe, disse um dia que "não se mede o carácter de um homem pelo número de vezes que cai no chão, mas pelo número de vezes que se levanta do chão e continua a lutar".

Assim foi com Jesus: caiu, foi vaiado e insultado, mas levantou-se do chão e voltou a lutar.

Acima de tudo, não perdeu a sua convicção e a sua disponibilidade para o trabalho.

Com empenho, recuperou a equipa, e aprendeu com os erros.

 

Se há ano em que é possível dizer que Jesus evoluiu como treinador é este.

Nos anos anteriores, o Benfica era uma cavalaria vertiginosa a caminho da baliza, mas expunha-se muito e defendia menos bem.

Este ano, o Benfica mudou um pouco o seu DNA, já não é tão sôfrego a procurar a baliza, defende melhor, faz mais circulação de bola, mantém a posse, e está uma grande equipa.

Além disso, Jesus conseguiu um feito notável: mudam os jogadores mas a equipa joga da mesma forma.

Entra um, sai outro, mudam 3, 5 ou 6 jogadores, e não se nota.

Um por todos, todos por um, o lema do clube, raramente foi tão verdade numa equipa, e isso é mérito de Jesus.

 

É claro que os jogadores merecem tudo, foram enormes este ano, e todos sem excepção contribuíram para a vitória.

Mas, antes deles, há duas pessoas e essas merecem mesmo os parabéns, sobretudo porque tudo foi tão difícil no ano passado.

Para forjar o carácter dos grandes homens, as grandes derrotas são tão essenciais como as grandes vitórias.

Foi na dor que Vieira e Jesus se ergueram, e foi com a dor que se tornaram invencíveis este ano.

Como diz Fernando Pessoa: "Quem quer passar o Bojador, tem de passar além da dor".

Eles passaram e depois venceram!

Parabéns a ambos por este título tão saboroso e merecido!

publicado às 11:27

Que grande jogo fez o Benfica!

Uma entrada fulgurante, a alta velocidade, que naturalmente empatou a eliminatória bem cedo.

Sempre em aceleração, não sabemos o que podia ter acontecido se tivessem ficado onze em campo mais de 27 minutos.

Siqueira fez um erro grosseiro, na sua segunda falta, mas não merecia o primeiro amarelo dado por Proença.

A expulsão mudou o jogo, que nunca mais foi o mesmo, e podia ter dado cabo do Benfica.

 

Podia, mas não deu.

Jesus tirou Cardozo, a equipa reequilibrou-se e voltou do intervalo ainda mais empenhada.

Às vezes, é quando estamos melhores que sofremos, e o golo de Varela foi uma surpresa desagradável.

De repente, tudo parecia perdido.

Havia uma montanha para escalar, 2 golos a marcar, com menos um jogador.

Só que este Benfica é de betão, duríssimo de demolir.

 

Só se ganha um penalty quando se joga na área do adversário, e era isso que o Benfica já estava a fazer minutos depois do empate.

Para a frente era o caminho, com força mental e atrevimento.

Enzo marcou com frieza, e a esperança voltou a nascer.

A Luz inflamou-se, puxou pela equipa, e o FC Porto acanhou-se, com a mediocridade habitual deste ano.

Mas, ninguém esperava o que aconteceu.

Todos admitiam um golo, mas nasceu uma obra de arte.

André Gomes mostrou que ali há génio, e afundou o FC Porto para sempre.

 

Uma vingança que estava prometida desde 2011, destruindo essa espinha que estava encravada na garganta dos benfiquistas.

Foi dos jogos mais fantásticos dos últimos anos, para os benfiquistas.

Vencer com 10 o FC Porto é obra!

Depois, aquilo não foi bem futebol, mas ninguém ajudou.

Pouco importa, estava ganho.

Um grande e forte Benfica derrotou um FC Porto neurótico e deprimido, sem força nem talento para mais.

Alguém disse um dia que para haver ambição é preciso haver primeiro talento, e depois confiança.

Este Benfica tem tudo: talento, confiança e ambição.

Veremos até onde chegam as suas vitórias, para depois poder dizer algo mais.  

Mas, uma coisa é já certa: Jorge Jesus, o Messias branco da Luz, já não está de joelhos.

 

publicado às 12:50

Depois do descalabro do FC Porto ontem em Sevilha, a que Quaresma chamou "uma vergonha", a pergunta que se deve colocar é: foi boa ideia mudar de treinador?

Muitos adeptos e comentadores do FC Porto disseram que Paulo Fonseca era péssimo, e que já devia ter saído há muito tempo.

E quase todos eles elogiaram Luís Castro pela sua postura e pelas suas escolhas.

Porém, os números são implacáveis, e com 11 jogos realizados pelo FC Porto, a verdade é que Luís Castro apresenta piores resultados que o seu antecessor.

Se observarmos a percentagem de vitórias, onde cada empate vale metade de cada vitória, temos que em 11 jogos, Luís Castro tem 7 vitórias, 1 empate e 3 derrotas.

A percentagem de vitórias de Luís Castro é pois de 68,1%.

Ora, no momento em que saiu, Paulo Fonseca disputara 35 jogos com o FC Porto, tendo obtido 21 vitórias, 7 empates e 7 derrotas.

A percentagem de vitórias de Paulo Fonseca era de 70%.

Ou seja, era melhor do que a de Luís Castro é.

Valeu a pena despedir o treinador?

Não. 

publicado às 12:15

Saiu a fava ao Benfica, e lá teremos a Juventus em Lisboa no dia 24 de Abril!

Será que o clube italiano é mesmo mais forte que o Benfica?

Vamos comparar item a item, para ver quais as fraquezas e forças de cada equipa.

 

No ranking da UEFA, o Benfica está em 6º, enquanto a Juventus está apenas em 17º lugar.

Isto significa que, nos últimos 5 anos, o Benfica teve resultados europeus bem melhores que o clube italiano, que não chegou a qualquer meia-final, enquanto o Benfica já vai na terceira meia-final em 4 anos.

 

Quanto ao valor de mercado dos plantéis das 2 equipas, a Juventus leva vantagem. 

Os italianos têm o 9º plantel mais valioso do mundo, com um valor de mercado de 353 milhões de euros, enquanto o Benfica está em 21º lugar, com um plantel avaliado em 190 milhões de euros.

Os jogadores mais valiosos do lado italiano serão Pogba (valor de mercado de 45 milhões); Vidal (44 milhões), Marchisio (28 milhões); Chiellini (24 milhões) e Tevez (22 milhões).

Do lado do Benfica, os mais valiosos são Garay (20 milhões); Gaitan (18 milhões); Salvio (17 milhões) e Cardozo (14 milhões). 

 

Com um plantel tão valioso, é pois natural que na despesa salarial com jogadores seja também a Juventus que leva a palma. 

Os italianos gastam cerca de 120 milhões de euros por ano em salários, enquanto o Benfica se fica pelos 48 milhões.

Pilro, Pogba e Arturo Vidal são os mais bem pagos, mas há que contar também com Buffon, Tevez e Llorente. 

No entanto, no que toca a treinadores, é o Benfica que leva vantagem.

Jorge Jesus é o 11º mais bem pago do mundo, com um salário de 4 milhões de euros por ano, enquanto Conte está em 18º lugar, com um salário anual de 3 milhões de euros.

 

Por fim, no ranking das receitas, é também a Juventus que lidera.

O clube italiano gera 272,4 milhões de euros em receitas anuais, estando em 9º lugar na lista da Deloitte, enquanto o Benfica gera 109 milhões de euros de receitas, estando em 26 º lugar no mesmo ranking.

Mas, há um ponto em que o Benfica leva vantagem: o seu estádio.

A Luz cheia leva 63 mil espectadores, enquanto o novo estádio da Juventus em Turim leva apenas 41 mil espectadores. 

Veremos se na primeira mão o factor casa ajuda o Benfica, mas olhando para as diferenças económicas há que considerar que a Juventus é a favorita.

 

publicado às 11:25

Das oito equipas que estão nos quartos-de-final da Champions, vão passar à meia-final as mais ricas?

O valor do plantel e a despesa salarial das equipas fará uma seleção natural, colocando à frente as mais abastadas?

A resposta é: nem sempre!

Vejamos como estão os quartos-de-final depois da primeira mão.

 

O Barcelona empatou em casa com o Atlético de Madrid (1-1).

O valor do plantel do Barcelona é de 600 milhões de euros, enquanto o do Atlético é de 256,1 milhões de euros.

A despesa salarial do Barcelona é de 220 milhões de euros, enquanto o Atlético gasta em salários pouco mais de metade desse valor, 120 milhões de euros.

Em receitas, e segundo o último relatório da Deloitte, o Barcelona é o 2º clube que mais receitas gerou em 2012/2013, atingindo um valor de 482,6 milhões de euros, enquanto o Atlético está em 20º lugar dessa lista, com apenas 120 milhões de euros de receitas.

O salário do treinador também revela importantes diferenças.

Gerardo Martino ganha cerca de 5,4 milhões de euros, enquanto Diego Simeone se fica pelos 2,5 milhões de euros.

O Barcelona tem 2 jogadores no top ten dos maiores salários do mundo, Messi e Neymar, enquanto o Atlético não tem nenhum jogador nesse top.

Na lista dos 100 jogadores mais valiosos, existem apenas 3 do Atlético de Madrid (Diego Costa, Courtois e Arda Turan), mas existem 9 do Barcelona (Messi, Neymar, Iniesta, Busquets, Fabregas, Piqué, Alexis Sanchez, Jordi Alba e Dani Alves).

Perante estes dados, o que podemos dizer é que o Atlético de Madrid está a surpreender, o seu valor desportivo está a sobrepor-se ao valor económico do Barcelona. 

 

Passemos ao Paris Saint-Germain e ao Chelsea.

Na primeira mão, ficou 3-1 em Paris.

O valor do plantel do Chelsea é de 451 milhões de euros, enquanto o do PSG está nos 363,7 milhões de euros.

A despesa salarial do Chelsea anda pelos 210 milhões de euros, enquanto a do PSG se fica pelos 170 milhões.

Em receitas, a situação inverte-se, o PSG chega aos 398,8 milhões de euros gerados em receitas com bilheteira, direitos televisivos e patrocinadores, enquanto o Chelsea se fica pelos 303,4 milhões de euros.

Mas, no salário do treinador, o Chelsea regressa à vantagem. Mourinho ganha 10,3 milhões de euros, enquanto Blanc se fica pelos 3 milhões.

Quanto a jogadores no top ten dos salários, o único presente é Ibrahimovic, do PSG, que ganha 14,5 milhões por ano, mas atenção porque ele se lesionou e não irá jogar a segunda mão.

Se por fim olharmos para a lista dos 100 mais valiosos, vemos que por lá existem 7 jogadores do PSG (Cavani, Thiago Silva, Lucas Moura, Pastore, Lavezzi, Marquinhos e Verrati) e do Chelsea contam-se apenas 6 (Schurle, David Luiz, Ramires, Oscar, William e Hazard).

Portanto, esta é uma eliminatória onde se previa mais equilíbrio, embora o valor económico seja favorável ao Chelsea.

Mas, o PSG conseguiu adiantar-se e fez um resultado muito bom na primeira mão, acima do que se esperava.

Para já, o valor desportivo do PSG está a sobrepor-se ao maior valor económico do Chelsea.

 

No embate entre Real Madrid e Borussia Dortmund, as coisas são bem mais previsíveis.

Em Madrid, o resultado foi 3-0, e poucos acreditam que na Alemanha o Borussia consiga virar o assunto.

É um resultado esperado, pois há diferenças muito consideráveis entre as duas equipas.

O Real Madrid é o 2º plantel mais valiosos do mundo, só atrás do Barça, e vale 575,3 milhões de euros, enquanto o Dortmund se fica pelo 11º lugar nessa lista, valendo apenas 308,7 milhões.

Quanto à despesa salarial, a do Real chega aos 215 milhões, enquanto a do Dortmund se fica pelos 65 milhões de euros.

Em receitas totais, a diferença é também muito acentuada: o Real gera 518 milhões, o Borussia apenas 256 milhões de euros.

O salário do treinador também é diferente: Carlo Ancelotti é o 6º mais bem pago do mundo, ganhando 7,5 milhões, enquanto Klopp é o 9º mais bem pago, com um vencimento de 4,3 milhões de euros.

Quanto a jogadores, em campo só haverá um que está no top ten dos mais bem pagos, Cristiano Ronaldo.

Mas, se olharmos para o valor individual de mercado dos jogadores, vemos que a diferença é colossal.

O Real tem 10 jogdores na lista dos 100 mais valiosos (Ronaldo, Bale, Isco, Di Maria, Benzema, Modric, Marcelo, Ramos, Ilaramendi e Varane), enquanto que o Dortmund só tem 5 jogadores (Hummels, Mkhltaryan, Gundogan, Reus e Lewandowski).

Portanto, ninguém ficará surpreendido se o Real seguir em frente, pois tem maior valor desportivo e económico.

 

Por fim, o embate de gigantes entre Manchester United e Bayern de Munique.

Em Inglaterra, ficou 1-1, mas a surpresa terá sido o bom jogo que fez o United, pois a balança económica está claramente desequilibrada para o lado dos alemães.

O plantel do Bayern é o terceiro mais valioso do mundo, vale 493,2 milhões de euros; enquanto o do Manchester United é apenas o 6º da lista, com um valor de 394,1 milhões de euros.

Quanto à despesa salarial, a diferença é curta. Bayern gasta 200 milhões em salários, o United gasta 198 milhões.

E em receitas totais, também não se mostra grande desequilíbrio. O Bayern gera 431 milhões, o United gera 423 milhões.

Mas, no que toca ao salário do treinador, abre-se um grande fosso. David Moyes ganha 5,9 milhões por ano, enquanto Guardiola é o mais bem pago do mundo, nos 17 milhões!

Em valor individual de mercado de jogadores, temos que o Bayern tem 12 jogadores no top 100 (Goetze, Muller, Schweinsenteiger, Martinez, Ribery, Kroos, Alaba, Neuer, Lahm, Thiago Alcântara, Mandzukic e Robben) e o United tem apenas 3 (Mata, Rooney, Van Persie).

Em conclusão, será uma enorme surpresa se o Bayern não seguir em frente, pois tem maior valor económico e desportivo.  

 

 

 

publicado às 09:54

Ontem, Pinto da Costa veio dizer que Quaresma foi vítima de "insultos racistas", e por isso perdeu a cabeça.

Além disso, o presidente do FC Porto alegou que o jogador estava a ser prejudicado por ser cigano, pois muita gente não o queria ver na Seleção Nacional.

Terá razão?

Quanto à primeira parte, se houve ou não insultos racistas, não sabemos bem, mas pela forma como Quaresma perdeu a cabeça, é possível que tenham existido.

Porém, ele não agrediu ninguém, e confusão e gritos, não sendo bonitos de ver, não são comportamentos graves.

 

A segunda acusação de Pinto da Costa é mais séria.

Quaresma é discriminado na Seleção porque é cigano?

É essa a razão porque não é convocado?

Os preconceitos existem sempre, gostemos ou não deles, mas numa sociedade civilizada, e num desporto cuja organização internacional, a FIFA, tem o combate ao racismo como objectivo, seria inaceitável que Quaresma não fosse convocado só por ser cigano.

 

Como foi a história de Quaresma na Seleção Nacional até aqui?

Um pouco como a carreira dele, com altos e baixos, mas sem nunca assentar arraiais definitivos.

Nem com Scolari, nem com Carlos Queiroz, nem com Paulo Bento, ele se saiu muito bem.

Ao contrário de Ronaldo, Nani, Pepe, Coentrão, Moutinho, Rui Patrício ou mesmo Miguel Veloso, que começaram por ser jovens talentosos, mas acabaram titulares devido à sua consistência e compromisso, Quaresma nunca o conseguiu.

De vez em quando, lá apareciam uns fogachos na Seleção, mas rapidamente o jogador se eclipsava.

 

É evidente que, na sua carreira nos clubes, as coisas também não lhe saíram bem.

Com a excepção do FC Porto (da primeira vez e agora), Quaresma falhou quase sempre.

Falhou no Barcelona, no Chelsea, no Inter, e até no Besiktas, onde começou bem.

Quaresma, pode-se dizer, passou ao lado de uma grande carreira.

 

Muitos dizem que o que o estragou foi o seu comportamento, nos balneários, nos estágios, na vida privada.

Vaidoso, conflituoso, egocêntrico, mau colega, causador de distúrbios, foram tudo acusações que se ouviram.

Mas, terá sido mesmo assim, ou tudo não passou de um enorme e colossal preconceito contra um cigano?

Talvez um pouco das duas coisas.

O comportamento do jogador muitas vezes não foi o melhor, mas também acredito que muitas vezes ele foi prejudicado pelos preconceitos que existem contra os ciganos.

E é um pouco isso que se está a passar agora.

 

Parece-me evidente que, até Janeiro, o problema de Quaresma nem se colocava para Paulo Bento.

O jogador andava perdido pelas Arábias, e não contava.

Contudo, o regresso ao FC Porto e a sua excelente forma, mostraram que ele continua cheio de talento e energia.

Porque não convocá-lo?

Será que é assim tão complicado integrá-lo num grupo estável e bem liderado por Paulo Bento?

Por outro lado, na posição de Quaresma, falta-nos gente de qualidade.

Nani está lesionado e não sabemos se recupera, Danny não conta, Ivan Cavaleiro e Mané são muitos jovens, Bruma e Rafa estão fora de combate.  

Quem tem a seleção para aquela posição, além de Cristiano e Varela?

Pois é... 

Com falhas destas, seria uma aberração Quaresma ficar de fora do Mundial, e nesse caso eu próprio começaria a acreditar que há um preconceito claro contra ele, o que é grave.

Vamos esperar pelas convocatórias, para ver o que acontece.

publicado às 10:23

É quase sempre assim quando se muda um treinador.

Os estudos feitos em várias universidades, sobretudo inglesas, concluem que raramente uma equipa melhora quando muda de treinador.

Por vezes, há uma ligeira excitação inicial nos primeiros jogos depois da chicotada, mas logo os resultados se degradam e no final as coisas ainda ficam pior do que estavam antes da mudança de treinador.

Este ano, há dois exemplos claros: o Tottenham e o FC Porto.

Em Londres, Tim Sherwood tem resultados bem piores que André Villas-Boas, e já há adeptos dos Spurs a pedir o regresso de AVB.

A mudança não trouxe qualquer benefício à equipa, que continua desmoralizada e a praticar mau futebol.

 

O segundo exemplo é o FC Porto, onde Luís Castro veio substituir um Paulo Fonseca mal amado pelos adeptos.

Mas, já com sete jogos, o FC Porto não melhora, nem sequer houve aquele efeito positivo da chicotada.

O registo de Luís Castro é, para já, pior que o de Paulo Fonseca quando saiu.

Em 7 jogos, Luís Castro conseguiu 4 vitórias, 1 empate e 2 derrotas.

A sua percentagem de vitórias, contando os empates a valerem metade das vitórias, é de 64,2%. 

 

No momento em que saiu, Paulo Fonseca disputara 35 jogos oficiais aos comandos do FC Porto, em todas as competições.

Tinha obtido 21 vitórias, 7 empates e 7 derrotas.

A sua percentagem de vitórias era de 70%.

Portanto, a mudança de treinador não valeu de nada, pelo menos até agora.

E, desportivamente, o FC Porto piorou, pois viu o 2º lugar fugir-lhe, com as derrotas em Alvalade e na Madeira.

Veremos o que aconteçerá nas outras competições (Liga Europa, Taças de Portugal e da Liga), mas até agora Luís Castro está abaixo de Paulo Fonseca.

 

publicado às 12:25


Sobre o autor

Domingos Amaral é professor de Economia dos Desportos (Sports Economics) na Universidade Católica Portuguesa. É também jornalista e escritor e tem o blog O Diário de Domingos Amaral.

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