Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Domingos Amaral
Ontem, num artigo a propósito dos 10 anos de presidência de Luís Filipe Vieira, o jornal Record noticiou que a Benfica TV já tem 230 mil assinantes.
Em meados de Setembro, há pouco mais de um mês, o canal anunciara ter chegado aos 190 mil assinantes em apenas 2 meses.
Ou seja, entre o meio de Julho, quando o projeto arrancou, e o meio de Setembro, a Benfica TV tivera uma média mensal de assinantes de 95 mil.
No mês e meio seguinte, entre meados de Setembro e finais de Outubro, conseguiu apenas mais 40 mil, o que representa uma quebra no ritmo, mas ainda assim uma boa média mensal.
Será possível o número de assinantes ainda crescer mais esta época?
Se pensarmos que a recessão económica ainda está forte, é provável que o número de assinantes não cresça muito mais este ano.
Porém, se a performance da equipa no campeonato começar a melhorar, isso pode ser possível.
Em Janeiro, haverá um Benfica-FC Porto na Luz, para o campeonato, e talvez aí se consiga atingir o pico da época, em termos de assinantes.
Se o Benfica vencer esse jogo, aproximando-se do rival, e o campeonato ficar aberto até ao fim, o número de assinantes terá tendência para continuar a crescer.
Porém, se o Benfica perder, ficando já muito longe do FC Porto, é provável que o número de assinantes não cresça muito mais.
E, do ponto de vista do negócio, o que valem 230 mil assinantes mensais?
Numa entrevista recente ao Diário Económico, o director financeiro Domingos Soares de Oliveira declarou que os custos da Benfica TV andavam pelos 9 milhões de euros por ano, incluindo aqui os custos com pessoal, os custos com as transmissões dos jogos em casa, e os direitos pagos às várias ligas que a Benfica TV transmite, incluindo a Premier League.
Na mesma entrevista, Soares de Oliveira dizia que, em receitas publicitárias, seja no estádio, seja em antena, a Benfica TV já tinha garantidos 8 milhões de euros, tanto quanto o clube fazia no passado com a venda dos direitos totais à Olivedesportos.
Além disso, o director financeiro, sem ser muito explícito e sem revelar pormenores, reconhecia que existia entre a Benfica TV e os operadores de cabo (Meo, Zon, Vodafone, Cabovisão, etc) um acordo de partilha de receitas.
Ou seja, do total recebido em subscrições da Benfica TV, uma parte fica para o operador, e uma parte fica para a Benfica TV.
A questão é como se faz esta divisão.
Segundo fontes bem informadas, dizem-me que, até certo número de assinantes é 50 por cento para cada parte, e a partir daí é tudo para a Benfica TV.
Admitamos então que, nos primeiros 100 mil assinantes, as receitas se dividem pela metade, e que a partir daí vão na totalidade para o Benfica.
Nesse caso, qual seria a receita líquida de impostos que o clube obteria por ano?
Se o preço da subscrição são 9,9 euros, descontado o Iva, o valor é de 7,623 euros.
Metade disto são 3,811 euros. Esse seria o valor individual de receita que a Benfica TV receberia por mês, vindo dos primeiros 100 mil assinantes.
Teríamos depois de multiplicar 3,811 euros por 100 mil assinantes e depois por 12 meses, o que dava um valor de 4.573.800 euros.
A esse valor teríamos agora de somar a parcela em que a totalidade da receita vai directa para a Benfica TV, o valor gerado pelos restantes 130 mil assinantes.
Descontando o Iva, teríamos 7,623 euros vezes 130 mil assinantes vezes 12 meses, o que dá 11.891.880 euros.
Assim, somando as duas parcelas, teríamos uma receita líquida superior a 16 milhões de euros, cerca de 16.465.680 euros.
A este total, temos de somar os 8 milhões de receitas publicitárias e subtrair os 9 milhões de custos do canal.
No final, ficamos com 15,46 milhões de euros, e é esse o lucro líquido previsto com 230 mil assinantes.
É isso bom ou nem por isso?
Bem, se compararmos com o que o Benfica ganhava até à época passada, é muito melhor, é mesmo o dobro, pois o Benfica recebia da Olivedesportos um pouco mais de 7,5 milhões de euros, e agora ganhará 15,46 milhões.
Ou seja, melhorou bastante, e fez expandir a sua base de receitas, isso é evidente.
Mas, é preciso recordar que a última oferta da Olivedesportos era de 22,2 milhões de euros, por ano!
Comparando com esse valor, ainda estamos abaixo, a cerca de 2/3.
Para chegar a uma receita líquida de 22,2 milhões de euros por ano, a Benfica TV terá de aproximar-se dos 300 mil assinantes, mais coisa menos coisa.
É um número alto, e não sendo impossível de atingir ainda este ano, só com muita ajuda de Jorge Jesus e dos jogadores é que ele se tornará uma realidade!
Além disso, há ainda outro factor a levar em consideração.
Quem tem ido aos jogos na Luz, como eu, tem notado que as assistências têm estado um pouco abaixo do que era esperado. Nos jogos para o campeonato, não se chegou ainda aos 40 mil espectadores.
Será a Benfica TV uma das causas da quebra de espectadores na Luz?
É possível que sim, mas é difícil estimar quantos preferem pagar 9,9 euros e ver dois jogos no sofá, em vez de irem ao estádio.
Pode acontecer, principalmente para quem está fora de Lisboa.
Um sócio de Coimbra, Famalicão ou Viana, é capaz de preferir ficar em casa do que fazer a viagem até à Luz, e portanto a subida de receitas da Benfica TV pode implicar uma ligeira quebra de receitas no estádio, aquilo a que os economistas chamam "efeito de substituição".
Em resumo, o que se pode dizer até agora é que a Benfica TV está a correr bem, o clube melhorou as suas receitas televisivas, comparando com o ano passado, mas ainda não chegou ao valor mágico que Vieira deseja, batendo a última oferta da Olivedesportos.
E, para já, o número de espectadores na Luz diminui.